Por Edmar Fernandes(*)
Os médicos estão enfrentando um dos
maiores desafios de suas histórias nesta pandemia. Estão combatendo um vírus
desconhecido, sem literatura suficiente que aborde sua virulência ou
patogenicidade, sem tratamento ou vacina efetiva que tenha sido testado em
larga escala, em estudo clínico controlado. Esta infecção afeta pessoas que não
tem imunização prévia a esta cepa de vírus, dificultando a produção de
anticorpos em tempo hábil para evitar a progressão da doença em curto prazo. No
atendimento a pacientes possivelmente contaminados, os médicos, na maioria das
vezes sem os equipamentos de proteção individuais adequados, aumentam os riscos
de contaminação nas unidades em que atuam e entre seus familiares. Por este
receio, muitos desses profissionais decidem se isolar para não se sentirem
culpados por levar esta doença para os seus pares. Além do mais, é necessário
vencer o desânimo já que os seus salários não condizem com a insalubridade que
estão vivenciando.
Também é desalentador se deparar com a
falta de vagas em enfermarias e leitos de UTI específicos para internar os
pacientes com diagnóstico de Covid-19, uma situação denunciada há anos, assim
como, agora, a falta de equipamentos para o manuseio dos pacientes como
aventais, máscaras; dificuldade para o acesso a exames laboratoriais e
radiológicos, como as tomografias computadorizadas tão necessárias ultimamente.
Mesmo com todos estes obstáculos, os
médicos entendem que as suas presenças são necessárias na linha de frente no
combate contra esta epidemia. Eles não poderiam se furtar de atender uma
população que está sofrendo pela gravidade deste coronavírus, com a implantação
do isolamento social horizontal, agora o lockdown, que está causando
desempregos em larga escala, afetando a qualidade de vida das pessoas de forma
direta e a falta de medicamentos para os seus tratamentos. É o seu dever e
orgulho poder cuidar das pessoas e ajudar a vencer mais esta batalha sofrida
pela humanidade.
(*) Médico. Presidente do
Sindicato dos Médicos do Ceará.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/5/2020. Opinião.
p.14.
Nenhum comentário:
Postar um comentário