Por Weiber Xavier
(*)
“Se de médico e louco todos temos um pouco", nesse caos da pandemia muitos pacientes se apoderaram
da ansiedade e começaram a interpretar e solicitar exames por conta própria, a
se automedicarem além de estabelecer diagnósticos pelo "Dr. Google".
A comunicação da ciência acelerou durante a pandemia, o que é bom e desafiador.
A troca de informações científicas é realmente útil, fantástica e facilitada
pela tecnologia. No entanto, muitas pesquisas ruins e fake news foram publicadas por "especialistas do Twitter"
ou de outras mídias sociais.
A
Covid-19 teve um tremendo impacto na prática da Medicina. Com muitos
consultórios fechados e sem aulas presenciais nas faculdades a possibilidade da
telemedicina terá um impacto não só na prática, mas na formação médica. Como
ficarão os congressos médicos que antes reuniam milhares em centro de eventos?
Como obter educação e divulgar informações confiáveis?
A
Covid levou ao rápido movimento para a telemedicina, embora a sua adoção varie
por especialidade médica. A tecnologia de vídeo permite várias interações
médicas de diversas especialidades na visita de um paciente. A tecnologia de
vídeo poderá, por exemplo, oferecer uma oportunidade para as universidades
entrevistarem um grupo mais diversificado de candidatos residentes sem o ônus e
o custo da viagem. Entre algumas desvantagens digitalizar um consultório requer
esforço e treinamento, tarefa especialmente mais difícil para pessoas com mais
idade e dificuldade com novas tecnologias.
Se
por um lado a telemedicina aproxima e facilita o acompanhamento dos pacientes,
por outro corre o risco de extrapolar o limite entre um contato e outro. Os
limites imprecisos e dificuldade em estabelecê-los de forma ética e com
qualidade no atendimento é um desafio no atendimento por telemedicina. As
plataformas gratuitas WhatsApp e Zoom não são as melhores opções, já que não garantem
o sigilo das informações. Os softwares médicos especializados na área,
necessários para garantir o sigilo das informações têm um custo extra.
Convém
lembrar que nenhum teste é perfeito e ainda não se tem uma terapia efetiva
específica comprovada contra o coronavírus. Desde os tempos hipocráticos a arte
médica é difícil e um tutorial de 30 minutos não o tornará apto a exercer a
profissão médica. São tempos desafiadores, mas, certamente, encontraremos
sempre um médico junto ao leito do doente.
(*) Médico
e professor de Medicina da UniChristus.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 17/6/2020. Opinião. p.15.
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