São variados os motivos que os levam a incorporar títulos ao curriculum vitae, como: o diferencial produzido no renhido vestibular de acesso aos cursos médicos, a maior duração média do curso de Medicina, a clientela preferencial de discentes profissionais, o espírito competitivo do alunado, e, principalmente, a busca da educação continuada, por meio do ingresso na Residência Médica.
Uma pequena parcela dos que não seguiram a Residência Médica, seja por entrave na admissão, ante a insuficiência de vagas para a demanda respectiva, ou por deliberação própria, de pronta inserção no mercado de trabalho, entra em um certo grau de estagnação curricular, acomodando-se à rotina profissional. A maior proporção deles, todavia, a despeito de tolhidos na pretensão de se tornar especialistas, assegura sobejos esforços para se manterem atualizados no estado da arte, mediante a participação em cursos e em eventos científicos, e por intermédio da leitura de obras especializadas.
Aos que cumpriram a Residência Médica, outros degraus são apresentados e transpostos, com vistas à obtenção do título de especialista e do reconhecimento técnico entre os seus pares, integrando o quadro de afiliados das sociedades médicas, para que pratiquem e possam anunciar as suas especialidades à clientela.
O valorizado título de especialista, conquistado mediante concurso de provas e de títulos patrocinado pelas sociedades médicas especializadas de abrangência nacional, presentemente, segundo a norma instituída pela Associação Médica Brasileira, perdeu o seu caráter vitalício. A periodicidade de sua validade agrega a vantagem de fazer com que os médicos prossigam o seu aperfeiçoamento, acumulando pontos em atividades científicas e laborais, acreditadas e certificadas por instituições idôneas, para renovarem o seu título de especialista.
A maior complexidade das doenças, de acordo com perfil epidemiológico que retrata a saúde do brasileiro, impõe, cada vez mais, a necessidade de se dispor de especialistas, bem formados e atualizados, para prover Saúde a todos, com qualidade e equidade, em consonância com os ditames do Sistema Único de Saúde.
Afinal, o cidadão tem o direito de ser bem atendido e de contar com os préstimos de um médico, técnica e legalmente competente, e, sobretudo, sensível aos reclamos de seus pacientes.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Academia Cearense de Medicina
* Publicado in: O Povo. Fortaleza, 12 de abril de 2009. Fato Médico/Reflexões. p.8.
Da Academia Cearense de Medicina
Precisamos SIM de médicos especialistas, mas não da estirpe daqueles que se limitam aos consultórios particulares; não do tipo que faz do birô um escudo para os pacientes.
ResponderExcluirNão faltam vagas para residência. Há residências de sobra; algumas com carência de profissionais especializados, como a residência em Saúde da Família.
É entristecedor ouvir tolices sobre a atividade médica voltada para o SUS,como: "(...) para tabalhar no sistema público basta receitar remédio e ser simpático".
O que fazer para alterar a inércia desses profissionais? Será que o comodismo se sobrepõe ao senso crítico da realidade?
Abandonando um pouco o discurso retórico e já pedindo perdão pela sinceridade, professor, descrevo esse tipo de profisional como um "bando"de calhordas.