Os que transitam na Avenida Pres. Castelo Branco, popularmente conhecida como Leste Oeste, observam, na altura da Escola de Aprendizes Marinheiros, uma construção inacabada, que bem lembra uma fortaleza inexpugnável, por seu piso elevado a suportar espessas paredes, desprovida de qualquer cobertura, deixando-a inteiramente exposta às intempéries ambientais.
Essa obra permanece paralisada, lastimavelmente, há cerca de cinco décadas, dando uma péssima impressão ao espírito empreendedor do povo cearense que, por impulso público ou por motivação privada, é capaz de grandes realizações.
No final dos anos cinqüenta do século passado, os moradores do bairro Jacarecanga e suas redondezas, em Fortaleza, estavam bastante estimulados para construir um novo templo que substituísse a diminuta Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, inviável para comportar o considerável número de devotos que a buscavam.
Sob o lema da campanha “Em prol da construção da Igreja de São Francisco de Assis”, havia um esforço coletivo, com vasto envolvimento de paroquianos, para captação de doações ao lado de outras ações, com vistas à obtenção de recursos financeiros, para a concretização da obra.
Uma combinação de causas, todavia, concorreu para minar a pretensão daquela comunidade paroquial de contar com essa sacra edificação, cujo projeto estava a cargo do engenheiro e professor Amauri Araújo. Por certo, o afastamento do seu timoneiro, o Padre Hélio Campos, deslocado inicialmente para o Pirambu, onde faria um duradouro trabalho social em favor dos carentes e oprimidos, e depois quando guindado foi, em definitivo, ao bispado, deixou a nau à deriva, ou mesmo estagnada na calmaria.
Vários templos católicos foram levantados nos últimos anos, em Fortaleza, mercê da capacidade de alguns padres seculares para arregimentar recursos, humanos, financeiros e materiais, a exemplo do Pe. Ferreira e do Pe. Dourado, que premiaram a capital com a Igreja de Sta. Edwirgens, na Leste Oeste, e a Igreja de N. Sra. de Lourdes, nas Dunas.
Retomar as obras e soerguer a Igreja de São Francisco de Assis, pode ser um grande desafio para o Pe. Haroldo Coelho, atual vigário coadjutor da paróquia a que pertence essa igreja. Esse feito, somado ao engajamento político e social desse prelado, um defensor permanente dos descamisados e dos marginalizados, dar-lhe-á, certamente, uma dimensão pública ainda maior, além do reconhecimento dos fiéis e dos devotos franciscanos.
Que venha a nova igreja: que se acerque do pastor um novo rebanho de ovelhas, munidas de fé e transformadas, de fato, em instrumento de paz, como quer a Oração de São Francisco. Por conseguinte, mãos à obra, Pe. Haroldo.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico e economista em Fortaleza
* Publicado in: Jornal o Povo, 23/05/09. Jornal do Leitor. p.3.
Nenhum comentário:
Postar um comentário