Em 1940, celebrava-se o 1º centenário de falecimento do venerável Pe. Champagnat, uma figura no universo educacional, mercê da praticidade com que encarava a profissionalização do ensino. Essa foi, sem dúvida alguma, a razão maior para que o seu nome fosse dado à primeira Escola de Comércio regularmente implantada, no Ceará.
Nesse mesmo ano do centenário, colou grau a Turma Lafayette Garcia, lançando no mercado, ainda incipiente, da contabilidade, no Estado, nada menos de 22 contadores: três estrangeiros, da Espanha, França e Portugal; quinze cearenses; um piauiense; três oriundos do Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Dentre esses, quatro eram irmãos maristas.
É interessante registrar que o nome dado à Turma é também o do Patrono, escolhido pelos concludentes, donde inferir-se a sua importância para a categoria. De fato, pesquisas complementares, por meio da Internet, apontam que o Dr. Lafayette Belfort Garcia era, naquele momento, o Diretor da Divisão de Ensino Comercial do Ministério da Educação; seu nome aparece como Membro da Galeria de Honra do Instituto Brasileiro de Estudos Sociais e também como Presidente do Conselho Federal de Economia, de 1954 a 1961, no Rio de Janeiro, e ainda em fatos relacionados à educação, quando da construção de Brasília.
No quadro de formatura dos contadores da Escola de Comércio Pe. Champagnat, no ano de 1940, figuram também: Dr. Martins Rodrigues, que se tornaria um eminente e probo político, o Paraninfo; Dr. Leite Gondim e Irmão Carlos Martinez, homenageados especiais; e, com menção honrosa, o diretor da Escola, Dr. Antônio Martins Filho, que viria a ser o fundador e reitor da UFC, da UECE e da URCE, e o Inspetor de Alunos, Raimundo Silva Freitas. Foram ainda alvo de homenagem os professores Ataíde F. Cavalcante, Francisco de Assis Barbosa e Francisco Sales Barbosa. A Turma Lafayette Garcia, que teve como orador oficial o concludente José Amauri Araújo, quis, por bem, reverenciar, post-mortem, a figura do Ir. Henrique Chalvy.
Àquela época, final dos anos 40, do século anterior, como até hoje acontece, embora utilizando outro tipo de material, era comum a feitura de quadro, em madeira, quando da conclusão de cursos superiores, popularizando o invento dos irmãos Lumière, em terras cearenses.
Chama atenção neste quadro, em particular a imagem circular, à direita em que aparecem um avião, um navio e um trem, como elementos atrelados à economia, sobressaindo um edifício, onde deve se concentrar a força da administração contábil, deixando ver, em negativo, um capacete que lembra mercúrio, o símbolo do comércio. No alto do quadro, três colunas dão a impressão de que delas fluem linhas de fumaça, compatíveis com a idéia de avanço industrial, sustentado por uma viga vertical, em que se lê: Contadores de 1940.
Do quadro, participam, como concludentes da Escola de Comércio Pe. Champagnat, nesse ano da graça de 1940, Antônio C. Sisnando Lima (Ceará), Augusto Pinheiro Santos (Piauí), Francisco F. Carvalho (Ceará), Genésio Bezerra (Ceará), Ir. Carlos Daniel (Portugal), Ir. Guido Fernandes (Distrito Federal), Ir. José Chanal (França), Ir. Timóteo Gonzalez (Hespanha), João Batista Lustosa (Ceará), José Amauri Araújo (Ceará), José Cardoso Cavalcante (Ceará), José Evaldo Ramos (Ceará), José Francisco Lima (Ceará), José Linhares Vasconcelos (Distrito Federal), Luiz Carlos da Silva (Ceará), Moacir F. de Araújo (Ceará), Paulo Humberto Aguiar (Distrito Federal), Plácido S. Montenegro (Ceará), Raimundo M. Nascimento (Ceará), Rosenval M. Oliveira (Ceará), Sebastião V. Carvalho (Ceará) e Sizenando P. Filho (Ceará).
Um olhar mais apurado sobre esses nomes, e em especial, sobre os nomes daqueles que foram alvo de suas homenagens, dá conta de que não poucos deles emprestaram significativa colaboração ao desenvolvimento do Ceará.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
* Publicado in: O Povo, de 20/06/2009, Jornal do Leitor. p.3.
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