Perguntaram a um coronel do BOPE (Polícia de Elite do RJ), se ele perdoaria os traficantes que derrubaram o helicóptero da PM, matando três policiais.
A resposta:
"Eu creio que a tarefa de perdoá-los cabe a DEUS.
A nossa é de simplesmente PROMOVER o ENCONTRO".
Fonte: Internet (circulando por e-mail)
domingo, 29 de novembro de 2009
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
65 ANOS DO INSTITUTO DO CÂNCER DO CEARÁ
Como parte da programação alusiva aos 65 anos do Instituto do Câncer do Ceará, proferi, na manhã de hoje, a palestra “ICC 65 Anos: resgate da memória institucional”, na Sessão Científica da Escola Cearense de Oncologia do Instituto do Câncer do Ceará. Ao evento, acorreram muitos funcionários e membros do corpo clínico da instituição.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
FALTAVA UMA DE “PORTUGA”
Um irlandês, um mexicano e um português estavam trabalhando na construção de um edifício de 20 andares.
Eles começaram a abrir suas marmitas para almoçar e o irlandês disse, irritado:
- Bife com repolho de novo! Se eu abrir essa maldita marmita amanhã e encontrar bife com repolho me jogo desse prédio!
O mexicano abriu sua marmita e gritou:
- Burritos de novo! Se amanhã meu almoço também for burritos, me jogo daqui!
O português abriu a sua e disse:
- Sardinha de novo! Se meu sanduíche amanhã for de sardinha de novo, me jogo também!
No dia seguinte o irlandês abriu sua marmita, viu o bife com repolho e pulou para a morte.
O mexicano abriu sua marmita, viu os burritos e pulou também.
O português abriu o sanduíche, viu que era de sardinha e também se jogou do prédio.
No enterro, a mulher do irlandês chorava sem parar, dizendo:
- Se eu soubesse o quanto ele estava cansado de comer bife com repolho, eu nunca
mais teria posto na marmita dele!
A mulher do mexicano também chorava:
- Eu poderia ter feito tacos! Não percebi o quanto ele estava odiando comer os burritos!
Todos se voltaram e olharam para a esposa do português:
- Ei, nem olhem para mim. Ele sempre fez seu próprio almoço!
Fonte: Internet (circulando por e-mail)
Eles começaram a abrir suas marmitas para almoçar e o irlandês disse, irritado:
- Bife com repolho de novo! Se eu abrir essa maldita marmita amanhã e encontrar bife com repolho me jogo desse prédio!
O mexicano abriu sua marmita e gritou:
- Burritos de novo! Se amanhã meu almoço também for burritos, me jogo daqui!
O português abriu a sua e disse:
- Sardinha de novo! Se meu sanduíche amanhã for de sardinha de novo, me jogo também!
No dia seguinte o irlandês abriu sua marmita, viu o bife com repolho e pulou para a morte.
O mexicano abriu sua marmita, viu os burritos e pulou também.
O português abriu o sanduíche, viu que era de sardinha e também se jogou do prédio.
No enterro, a mulher do irlandês chorava sem parar, dizendo:
- Se eu soubesse o quanto ele estava cansado de comer bife com repolho, eu nunca
mais teria posto na marmita dele!
A mulher do mexicano também chorava:
- Eu poderia ter feito tacos! Não percebi o quanto ele estava odiando comer os burritos!
Todos se voltaram e olharam para a esposa do português:
- Ei, nem olhem para mim. Ele sempre fez seu próprio almoço!
Fonte: Internet (circulando por e-mail)
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
LANÇAMENTO DE LIVROS DO INSTITUTO DO CÂNCER DO CEARÁ
O Instituto do Câncer do Ceará (ICC) comemorou o seu 65º aniversário de fundação, lançando, na oportunidade, a coleção “Resgate da Memória Institucional”. A obra, organizada por Elsie Studart e Marcelo Gurgel Carlos da Silva, contém cinco volumes, reunindo farto material documentário sobre os últimos quinze anos de trabalho, estudo e muita dedicação do ICC. A mim, coube a responsabilidade de pronunciar o discurso de apresentação da coleção, que teve lugar no Auditório do Hospital do Câncer, na manhã de hoje. Em seguida, participei do Programa Debates do Povo, na rádio O Povo, tratando da efeméride.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
O ICC, À LUZ DA HISTÓRIA
Quando o Instituto do Câncer do Ceará (ICC) foi criado, em 1944, ter câncer valia como uma sentença de morte. As pessoas com mais posses, acometidas pela doença, buscavam tratamento no eixo Rio/São Paulo. Os menos afortunados, e que constituíam a maioria, ficavam no Ceará, recorrendo à Santa Casa de Misericórdia, onde o Instituto do Câncer fazia seus atendimentos. Antes de chegar ao prédio em que se encontra, o ICC teve outros endereços. Passou pela Praça José de Alencar (Faculdade de Medicina) e ocupou espaço no Hospital das Clínicas, no bairro Rodolfo Teófilo.
O mito de que tratamento bom para câncer, era fora do Ceará, foi sendo desfeito, à medida que novas formas terapêuticas, destinadas a combater o câncer, iam sendo agregadas à Instituição. O certo é que o ICC cresceu tanto, que chegou a hora em que já não era mais possível atender às pessoas, apenas ambulatorialmente. A situação se agravava, principalmente quando havia necessidade de cirurgia e não tinha para onde encaminhar os doentes com câncer.
Essa situação prolongou-se por muito tempo, a despeito de o ICC buscar, de todas as maneiras, assegurar ao doente um tratamento à altura das suas necessidades, obviamente que dentro dos limites da Instituição. Primeiro, foi a vez da radioterapia. Depois, veio a quimioterapia. Essa história foi se arrastando, pontuada aqui e ali pela aquisição e/ou doação de um novo aparelho, sempre a se depender da boa vontade dos benfeitores e mesmo de alguns gestores públicos.
Em 1995, 51 anos depois da criação do ICC, o Dr. Haroldo Juaçaba, então presidente do ICC, resolveu dar a largada para a construção do Hospital do Câncer. Mais quatro anos, e ele era entregue à população. De lá para cá, cresceram os atendimentos numa velocidade jamais imaginada. Chega-se agora a 2009 e aí está o Hospital do Câncer, que há pouco tomou o nome do Prof. Haroldo Juaçaba.
O desenho do atual ICC é moderno e eficiente. O seu planejamento estratégico, elaborado por uma consultoria qualificada, com suporte do pessoal do ICC, estabelece metas de crescimento para os próximos anos. A nova estrutura administrativa tornou a instituição mais enxuta e com melhor definição das suas responsabilidades. O organograma atual do ICC dá visibilidade para que se faça uma leitura da missão institucional, através das unidades estruturantes criadas, para viabilizá-la. Em primeira linha, estão o Hospital do Câncer, unidade operacional, com grau de excelência; a Escola Cearense de Oncologia, incumbida de formar pessoal qualificado para atuar na área oncológica; e a Rede Feminina, onde pulsa, com mais vigor, o coração do ICC, pelas ações solidárias que fazem parte do seu cotidiano. Como unidades de sustentação, encontram-se a Diretoria Corporativa de Negócios, a Diretoria de Suporte Corporativo e a Diretoria de Responsabilidade Social.
À luz da história, o que mais pode ser dito do Instituto do Câncer do Ceará, completando nesse 25 de novembro de 2009, 65 anos de brilhante atuação, é que para a entidade crescer, da forma como cresceu, foi fundamental o pulso forte dos seus dois primeiros presidentes – Waldemar de Alcântara (1944-1990) e Haroldo Juaçaba (1991-2009), os quais souberam aliar competência, bom senso e espírito humanitário, para tornar a Instituição aniversariante a melhor referência no tratamento do câncer, no Estado do Ceará e até nas regiões Norte-Nordeste.
Atualmente, a entidade é presidida pelo Dr. Lúcio Alcântara que, por sinal, já ocupou a vice-presidência do ICC, e que há cerca de 10 anos vinha sendo mantido como presidente, em exercício da instituição; à frente da Diretoria Geral do Instituto está o Dr. Sérgio Juaçaba.
Os anos vindouros prometem outras grandes realizações, como é o caso da construção da Casa Vida, para abrigar um número cada vez maior de doentes pobres, vindos do interior, para tratamento no Hospital do Câncer; tem-se mais em vista, a viabilização de um projeto de engenharia, cuja finalidade é erguer um prédio de 12 andares, para atendimento ao paciente do SUS. Metas físicas traçadas deverão ser cumpridas, ampliando-se, no Estado, os números de atendimentos, balizados pelos mais modernos recursos que a cancerologia oferece.
O mais importante, em tudo isso, é a valorização do capital humano, posto à disposição do paciente com câncer, pelo ICC, tal como o respeito que a Instituição devota a essa sua clientela, na medida em que coloca, ao seu dispor, todo um aparato médico/tecnológico capaz de derrubar o mito de que “câncer não tem cura”.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Presidente do Comitê de Ética em Pesquisa do ICC
* Publicado in: Jornal O Povo. Fortaleza, 22 de novembro de 2009. Caderno A (Opinião). p.7.
O mito de que tratamento bom para câncer, era fora do Ceará, foi sendo desfeito, à medida que novas formas terapêuticas, destinadas a combater o câncer, iam sendo agregadas à Instituição. O certo é que o ICC cresceu tanto, que chegou a hora em que já não era mais possível atender às pessoas, apenas ambulatorialmente. A situação se agravava, principalmente quando havia necessidade de cirurgia e não tinha para onde encaminhar os doentes com câncer.
Essa situação prolongou-se por muito tempo, a despeito de o ICC buscar, de todas as maneiras, assegurar ao doente um tratamento à altura das suas necessidades, obviamente que dentro dos limites da Instituição. Primeiro, foi a vez da radioterapia. Depois, veio a quimioterapia. Essa história foi se arrastando, pontuada aqui e ali pela aquisição e/ou doação de um novo aparelho, sempre a se depender da boa vontade dos benfeitores e mesmo de alguns gestores públicos.
Em 1995, 51 anos depois da criação do ICC, o Dr. Haroldo Juaçaba, então presidente do ICC, resolveu dar a largada para a construção do Hospital do Câncer. Mais quatro anos, e ele era entregue à população. De lá para cá, cresceram os atendimentos numa velocidade jamais imaginada. Chega-se agora a 2009 e aí está o Hospital do Câncer, que há pouco tomou o nome do Prof. Haroldo Juaçaba.
O desenho do atual ICC é moderno e eficiente. O seu planejamento estratégico, elaborado por uma consultoria qualificada, com suporte do pessoal do ICC, estabelece metas de crescimento para os próximos anos. A nova estrutura administrativa tornou a instituição mais enxuta e com melhor definição das suas responsabilidades. O organograma atual do ICC dá visibilidade para que se faça uma leitura da missão institucional, através das unidades estruturantes criadas, para viabilizá-la. Em primeira linha, estão o Hospital do Câncer, unidade operacional, com grau de excelência; a Escola Cearense de Oncologia, incumbida de formar pessoal qualificado para atuar na área oncológica; e a Rede Feminina, onde pulsa, com mais vigor, o coração do ICC, pelas ações solidárias que fazem parte do seu cotidiano. Como unidades de sustentação, encontram-se a Diretoria Corporativa de Negócios, a Diretoria de Suporte Corporativo e a Diretoria de Responsabilidade Social.
À luz da história, o que mais pode ser dito do Instituto do Câncer do Ceará, completando nesse 25 de novembro de 2009, 65 anos de brilhante atuação, é que para a entidade crescer, da forma como cresceu, foi fundamental o pulso forte dos seus dois primeiros presidentes – Waldemar de Alcântara (1944-1990) e Haroldo Juaçaba (1991-2009), os quais souberam aliar competência, bom senso e espírito humanitário, para tornar a Instituição aniversariante a melhor referência no tratamento do câncer, no Estado do Ceará e até nas regiões Norte-Nordeste.
Atualmente, a entidade é presidida pelo Dr. Lúcio Alcântara que, por sinal, já ocupou a vice-presidência do ICC, e que há cerca de 10 anos vinha sendo mantido como presidente, em exercício da instituição; à frente da Diretoria Geral do Instituto está o Dr. Sérgio Juaçaba.
Os anos vindouros prometem outras grandes realizações, como é o caso da construção da Casa Vida, para abrigar um número cada vez maior de doentes pobres, vindos do interior, para tratamento no Hospital do Câncer; tem-se mais em vista, a viabilização de um projeto de engenharia, cuja finalidade é erguer um prédio de 12 andares, para atendimento ao paciente do SUS. Metas físicas traçadas deverão ser cumpridas, ampliando-se, no Estado, os números de atendimentos, balizados pelos mais modernos recursos que a cancerologia oferece.
O mais importante, em tudo isso, é a valorização do capital humano, posto à disposição do paciente com câncer, pelo ICC, tal como o respeito que a Instituição devota a essa sua clientela, na medida em que coloca, ao seu dispor, todo um aparato médico/tecnológico capaz de derrubar o mito de que “câncer não tem cura”.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Presidente do Comitê de Ética em Pesquisa do ICC
* Publicado in: Jornal O Povo. Fortaleza, 22 de novembro de 2009. Caderno A (Opinião). p.7.
domingo, 22 de novembro de 2009
HOMENAGENS PÓSTUMAS DA ACADEMIA CEARENSE DE MEDICINA
A Academia Cearense de Medicina (ACM), em 30/09/09, prestou significativa homenagem aos Drs. Juraci Vieira de Magalhães, Vinício Brasileiro Martins e Haroldo Gondim Juaçaba, três figuras de escol que dignificaram o sodalício com suas notáveis participações na Medicina do Ceará.
Na verdade, foram as obras desses três integrantes da Academia, recentemente convocados por Deus para a última viagem, que deram vez à homenagem que lhes foi rendida. Essa foi feita, evidentemente, com palavras, já que como bem afirma o dominicano e escritor mineiro Frei Betto, são elas “expressões de alegria, de acolhimento, e, como uma brisa que ativa nossas melhores energias”, transmutam-se em oração.
Na política, na educação, na administração pública, mas, nomeadamente, na Medicina, eles souberam trabalhar em proveito da coletividade. Como membros dessa envolvente Academia, aqui deixaram a sua marca e o melhor do espírito acadêmico, a ser copiado por seus dignos sucessores e por aqueles que a ACM reconhece como um dos seus, acolhendo-os como membro honorário.
Médicos e médicas que compõem esse celeiro de inteligências vivas e atuantes, estão reunidos nessa confraria, que tanto zela pela História da Medicina, quanto pela boa prática da Arte de Hipócrates na terra alencarina. Para ser acadêmico, não basta produzir literatura médica. Antes disso, é imprescindível ser personagem da História. E todos três, aqui referenciados, o são. É só observar o perfil dos homenageados,lançando um olhar mais atento para suas biografias e para os registros nos Anais acadêmicos, dando conta da sua magnitude.
A ACM, na pessoa dos seus notáveis acadêmicos, fez uma reverência diante dessas três ilustres figuras, já não mais entre nós, fisicamente, porém com presença assegurada, pela imortalidade das suas idéias, dos seus pensamentos e das suas ações.
Em sessão solene a acontecer em 25/11/09, em sua sede oficial, a ACM designou o Acad. Dr. Hélio Bessa para traçar, com a mais absoluta fidelidade, o trajetória biográfica de outros quatro grandes vultos da Medicina do Ceará, e igualmente ex-integrantes do silogeu médico, o Dr. José Gerardo Ponte, falecido no ano pretérito, e os Drs. Heládio Feitosa de Castro, Jorge Romcy e Silas Munguba, desaparecidos de nosso convívio, no correr deste ano de 2009.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Academia Cearense de Medicina
* Publicado in: O Povo. Fortaleza, 22 de novembro de 2009. Fato Médico/Reflexões. p.8.
Na verdade, foram as obras desses três integrantes da Academia, recentemente convocados por Deus para a última viagem, que deram vez à homenagem que lhes foi rendida. Essa foi feita, evidentemente, com palavras, já que como bem afirma o dominicano e escritor mineiro Frei Betto, são elas “expressões de alegria, de acolhimento, e, como uma brisa que ativa nossas melhores energias”, transmutam-se em oração.
Na política, na educação, na administração pública, mas, nomeadamente, na Medicina, eles souberam trabalhar em proveito da coletividade. Como membros dessa envolvente Academia, aqui deixaram a sua marca e o melhor do espírito acadêmico, a ser copiado por seus dignos sucessores e por aqueles que a ACM reconhece como um dos seus, acolhendo-os como membro honorário.
Médicos e médicas que compõem esse celeiro de inteligências vivas e atuantes, estão reunidos nessa confraria, que tanto zela pela História da Medicina, quanto pela boa prática da Arte de Hipócrates na terra alencarina. Para ser acadêmico, não basta produzir literatura médica. Antes disso, é imprescindível ser personagem da História. E todos três, aqui referenciados, o são. É só observar o perfil dos homenageados,lançando um olhar mais atento para suas biografias e para os registros nos Anais acadêmicos, dando conta da sua magnitude.
A ACM, na pessoa dos seus notáveis acadêmicos, fez uma reverência diante dessas três ilustres figuras, já não mais entre nós, fisicamente, porém com presença assegurada, pela imortalidade das suas idéias, dos seus pensamentos e das suas ações.
Em sessão solene a acontecer em 25/11/09, em sua sede oficial, a ACM designou o Acad. Dr. Hélio Bessa para traçar, com a mais absoluta fidelidade, o trajetória biográfica de outros quatro grandes vultos da Medicina do Ceará, e igualmente ex-integrantes do silogeu médico, o Dr. José Gerardo Ponte, falecido no ano pretérito, e os Drs. Heládio Feitosa de Castro, Jorge Romcy e Silas Munguba, desaparecidos de nosso convívio, no correr deste ano de 2009.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Academia Cearense de Medicina
* Publicado in: O Povo. Fortaleza, 22 de novembro de 2009. Fato Médico/Reflexões. p.8.
sábado, 21 de novembro de 2009
CENTENÁRIO DO PROF. JOSÉ ROSEMBERG
O Professor José Rosemberg nasceu em Londres, em 19/09/1909, naturalizando-se brasileiro, em 1934, sendo, por conseguinte, filho por adoção e criação deste país, para onde sua família migrara.
Cumpriu, praticamente, todos os patamares da hierarquia acadêmica: graduou-se, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em Farmácia, em 1928, e em Medicina, em 1934; obteve os diplomas de Docente Livre de Tisiologia, da Faculdade de Medicina. Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1946, e da Faculdade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, em 1947.
Foi Professor Titular de Tuberculose e Doenças Pulmonares, por mais de cinco décadas, e diretor de Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo; foi professor de Tisiologia da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, de 1968 a 1980, e também Professor Convidado, da Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Ceará, de 2000 a 2001.
Convidado para exercer as mais diversificadas funções, na área de sua maior atuação, foi responsável pela organização e promoção de dezenas de cursos de especialização e atualização de Tuberculose, em seis faculdades médicas e doze instituições médico-científicas brasileiras, além de Professor Participante dos Cursos de Especialização em Tuberculose do Centro de Referência Prof. Hélio Fraga, da Fundação Nacional de Saúde do Ministério da Saúde; a par disso foi orientador de 22 teses de doutoramento, apresentadas em diversas faculdades, sendo doze sobre Tuberculose e Pneumologia e dez sobre Tabagismo.
Foram muitas as suas participações em eventos científicos, como presidente, palestrante e conferencista, propiciando efetiva colaboração ao processo de formação de novos especialistas, nas áreas em que sempre trabalhou com grande competência e sapiência. Foi Presidente do I Congresso Brasileiro sobre Tabagismo, e, ainda, Presidente de Honra dos quatro congressos seguintes.
Os cargos e funções ocupados pelo Prof. José Rosemberg falam do respeito de que foi merecedor, no curso da sua longa vida produtiva de homem da ciência e de cidadão exemplar, notadamente tendo por foco a luta contra a tuberculose e o tabagismo no Brasil. Paralelamente a tantos cargos e funções exercidos, as condecorações e os títulos honoríficos que lhe foram outorgados, no Brasil e em outros países, foram uma justa medida do valor desse entusiasta da pesquisa, tão dedicadamente entregue à luta contra os males causados pelo hábito de fumar.
Muitos foram os seus livros publicados nas áreas de Tuberculose, Pneumologia e Tabagismo, no percurso de seis décadas, período de sua mais profícua atividade científica, totalizando, então, quatorze livros editados e mais de duzentos artigos científicos publicados em revistas médicas especializadas, nacionais e estrangeiras. As repercussões científicas e práticas do trabalho desenvolvido pelo Prof. Rosemberg, elevaram-no ao umbral das grandes personalidades médicas do século XX.
Em 2004, aos 95 anos, a despeito da sua idade avançada, ainda proferiu 24 conferências, sendo o seu ímpeto de desbravador contido por força da doença que limitou as suas atividades físicas no correr do ano seguinte, vindo a falecer em 24/11/2005, aos 96 anos, suscitando o pronto envio de centenas de mensagens de admiradores, discípulos e representantes institucionais, do Brasil e do estrangeiro.
A sua viúva, a pneumologista e historiadora cearense Dra. Ana Margarida Rosemberg, seguindo às orientações do seu pranteado esposo, cuidou da sua vasta biblioteca, composta de um acervo de mais de doze mil títulos, e após a classificação dos livros, montou uma biblioteca especializada em Tuberculose no Instituto Clemente Ferreira, unidade de referência em tisiologia do governo paulista, e doou milhares de obras às bibliotecas da PUC de São Paulo. Outra parcela, de especial valor para bibliófilos, foi trasladada de São Paulo para o Ceará, a fim de integrar o acervo patrimonial do Centro Cultural Pai Arruda, ora em implantação, sob o patrocínio da Fundação Comendador Ananias Arruda, em Baturité.
Em novembro de 2009, assinalando a passagem do centenário de nascimento do Prof. Rosemberg, com a presença da Dra. Ana Margarida Rosemberg, São Paulo prestará as devidas honras a esse ilustre cientista e notável cidadão que tanto trabalhou pela saúde do povo brasileiro.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
* Publicado in: Jornal O Povo. Fortaleza, 21 de novembro de 2009. Jornal do Leitor. p.1.
Cumpriu, praticamente, todos os patamares da hierarquia acadêmica: graduou-se, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em Farmácia, em 1928, e em Medicina, em 1934; obteve os diplomas de Docente Livre de Tisiologia, da Faculdade de Medicina. Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1946, e da Faculdade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, em 1947.
Foi Professor Titular de Tuberculose e Doenças Pulmonares, por mais de cinco décadas, e diretor de Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo; foi professor de Tisiologia da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, de 1968 a 1980, e também Professor Convidado, da Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Ceará, de 2000 a 2001.
Convidado para exercer as mais diversificadas funções, na área de sua maior atuação, foi responsável pela organização e promoção de dezenas de cursos de especialização e atualização de Tuberculose, em seis faculdades médicas e doze instituições médico-científicas brasileiras, além de Professor Participante dos Cursos de Especialização em Tuberculose do Centro de Referência Prof. Hélio Fraga, da Fundação Nacional de Saúde do Ministério da Saúde; a par disso foi orientador de 22 teses de doutoramento, apresentadas em diversas faculdades, sendo doze sobre Tuberculose e Pneumologia e dez sobre Tabagismo.
Foram muitas as suas participações em eventos científicos, como presidente, palestrante e conferencista, propiciando efetiva colaboração ao processo de formação de novos especialistas, nas áreas em que sempre trabalhou com grande competência e sapiência. Foi Presidente do I Congresso Brasileiro sobre Tabagismo, e, ainda, Presidente de Honra dos quatro congressos seguintes.
Os cargos e funções ocupados pelo Prof. José Rosemberg falam do respeito de que foi merecedor, no curso da sua longa vida produtiva de homem da ciência e de cidadão exemplar, notadamente tendo por foco a luta contra a tuberculose e o tabagismo no Brasil. Paralelamente a tantos cargos e funções exercidos, as condecorações e os títulos honoríficos que lhe foram outorgados, no Brasil e em outros países, foram uma justa medida do valor desse entusiasta da pesquisa, tão dedicadamente entregue à luta contra os males causados pelo hábito de fumar.
Muitos foram os seus livros publicados nas áreas de Tuberculose, Pneumologia e Tabagismo, no percurso de seis décadas, período de sua mais profícua atividade científica, totalizando, então, quatorze livros editados e mais de duzentos artigos científicos publicados em revistas médicas especializadas, nacionais e estrangeiras. As repercussões científicas e práticas do trabalho desenvolvido pelo Prof. Rosemberg, elevaram-no ao umbral das grandes personalidades médicas do século XX.
Em 2004, aos 95 anos, a despeito da sua idade avançada, ainda proferiu 24 conferências, sendo o seu ímpeto de desbravador contido por força da doença que limitou as suas atividades físicas no correr do ano seguinte, vindo a falecer em 24/11/2005, aos 96 anos, suscitando o pronto envio de centenas de mensagens de admiradores, discípulos e representantes institucionais, do Brasil e do estrangeiro.
A sua viúva, a pneumologista e historiadora cearense Dra. Ana Margarida Rosemberg, seguindo às orientações do seu pranteado esposo, cuidou da sua vasta biblioteca, composta de um acervo de mais de doze mil títulos, e após a classificação dos livros, montou uma biblioteca especializada em Tuberculose no Instituto Clemente Ferreira, unidade de referência em tisiologia do governo paulista, e doou milhares de obras às bibliotecas da PUC de São Paulo. Outra parcela, de especial valor para bibliófilos, foi trasladada de São Paulo para o Ceará, a fim de integrar o acervo patrimonial do Centro Cultural Pai Arruda, ora em implantação, sob o patrocínio da Fundação Comendador Ananias Arruda, em Baturité.
Em novembro de 2009, assinalando a passagem do centenário de nascimento do Prof. Rosemberg, com a presença da Dra. Ana Margarida Rosemberg, São Paulo prestará as devidas honras a esse ilustre cientista e notável cidadão que tanto trabalhou pela saúde do povo brasileiro.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
* Publicado in: Jornal O Povo. Fortaleza, 21 de novembro de 2009. Jornal do Leitor. p.1.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
FREI HILDEBRANDO KRUTHAUP: empreendedor audacioso e humanista
Franz Kruthaup nasceu em 04/05/1902, em Borringhausen bei Damme, na província de Olderburgo, na Alemanha. Em 23/02/1923, Franz Kruthaup recebeu o hábito da Ordem Franciscana, ingressando no noviciado de Warendorf. Exercer a tarefa religiosa, como missionário, no Brasil, foi a sua escolha. Desembarcou no Recife, em 1924, e foi enviado para o Convento Franciscano de Olinda, onde completou os 15 dias que faltavam do noviciado. Na capital baiana, Franz cursou filosofia e teologia, durante cinco anos, até ser ordenado sacerdote, em 21/05/1929, recebendo o nome de Frei Hildebrando Kruthaup.
Segundo Ciro Brigham, o homem alto e forte, e profundos olhos azuis, escolheu servir aos desígnios da Ordem Francisca Menor no Brasil. Mais de 50 dos seus 62 anos de intensa atuação religiosa foram vividos em Salvador. Numa cidade marcada pela extrema pobreza e profundas desigualdades sociais, Frei Hildebrando enveredou pelos caminhos da assistência social e criou estruturas de apoio aos trabalhadores, por meio da União Operária de São Francisco (UOSF), que mais tarde se transformou no Círculo Operário da Bahia (COB), e das Obras Sociais Franciscanas.
Recife foi a casa de Frei Hildebrando, de 1955 a 1957. Sua principal atividade era visitar os doentes nos diversos pavilhões do Hospital Oswaldo Cruz, que só recebia portadores de doenças contagiosas. Durante essa jornada, aprendeu a hipnotizar: a idéia era demonstrar o poder da sugestão hipnótica para desmistificar as curas do espiritismo, que se alastrava na capital pernambucana.
Nomeado guardião do Convento de Fortaleza, pelo Capítulo Provincial, teve que mudar para a capital do Ceará. Além de seguir com as demonstrações de hipnose, em Fortaleza, Frei Hildebrando deu vazão a algumas realizações assistenciais: instalou escola de corte e costura, ambulatório e escola de artesanato, tudo bancado com a renda de um pequeno cinema e da sua notória capacidade de angariar doações de pessoas mais abonadas, às quais prestava zeloso socorro espiritual. Também duplicou a igreja e construiu, ao lado, a Casa de Santo Antônio, para as reuniões das associações, mesmo tendo passado poucos anos no Convento de N. Sra. das Dores. Em 1961 retornou a Salvador.
Em 1949, o frei alemão completou seu jubileu de prata sacerdotal, com direito ao recebimento do titulo de naturalização, concedido pelo Presidente Dutra. Em 1968 foi condecorado pelo governo alemão, por relevantes serviços prestados no Brasil, e, em 1974, Hildebrando Kruthaup recebeu o título de cidadão baiano, tendo visto uma praça ser inaugurada em Salvador com o seu nome, em comemoração ao jubileu de ouro da sua chegada ao Brasil.
Poucas semanas antes de morrer, confessou ele o desejo de não ter uma doença que o fizesse dar trabalho aos outros. Sua despedida terrena, em 11 de janeiro de 1986, foi exatamente do jeito que pediu: tão súbita que a todos surpreendeu. Hildebrando Kruthaup “não deu trabalho ao morrer, apesar de ter vivido em função dele”.
Ciro Brigham, biógrafo de Frei Hildebrando, sintetiza a sua ação missionária, dizendo que: usou a criatividade para erguer uma rede de atendimento social auto-sustentável em Salvador; e acrescenta que: Hildebrando Kruthaup aliou tino administrativo e ideal humanista em importantes obras sociais, em Salvador. Altivo, o Frei Hildebrando investiu esforços nas ações sociais sustentados pelo seu ideal humanitário.
Prof. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
* Publicado in: Força viva, 14 (150): 6, 2009. (Informativo da Paróquia Nossa Senhora das Dores, em Fortaleza-Ceará).
Segundo Ciro Brigham, o homem alto e forte, e profundos olhos azuis, escolheu servir aos desígnios da Ordem Francisca Menor no Brasil. Mais de 50 dos seus 62 anos de intensa atuação religiosa foram vividos em Salvador. Numa cidade marcada pela extrema pobreza e profundas desigualdades sociais, Frei Hildebrando enveredou pelos caminhos da assistência social e criou estruturas de apoio aos trabalhadores, por meio da União Operária de São Francisco (UOSF), que mais tarde se transformou no Círculo Operário da Bahia (COB), e das Obras Sociais Franciscanas.
Recife foi a casa de Frei Hildebrando, de 1955 a 1957. Sua principal atividade era visitar os doentes nos diversos pavilhões do Hospital Oswaldo Cruz, que só recebia portadores de doenças contagiosas. Durante essa jornada, aprendeu a hipnotizar: a idéia era demonstrar o poder da sugestão hipnótica para desmistificar as curas do espiritismo, que se alastrava na capital pernambucana.
Nomeado guardião do Convento de Fortaleza, pelo Capítulo Provincial, teve que mudar para a capital do Ceará. Além de seguir com as demonstrações de hipnose, em Fortaleza, Frei Hildebrando deu vazão a algumas realizações assistenciais: instalou escola de corte e costura, ambulatório e escola de artesanato, tudo bancado com a renda de um pequeno cinema e da sua notória capacidade de angariar doações de pessoas mais abonadas, às quais prestava zeloso socorro espiritual. Também duplicou a igreja e construiu, ao lado, a Casa de Santo Antônio, para as reuniões das associações, mesmo tendo passado poucos anos no Convento de N. Sra. das Dores. Em 1961 retornou a Salvador.
Em 1949, o frei alemão completou seu jubileu de prata sacerdotal, com direito ao recebimento do titulo de naturalização, concedido pelo Presidente Dutra. Em 1968 foi condecorado pelo governo alemão, por relevantes serviços prestados no Brasil, e, em 1974, Hildebrando Kruthaup recebeu o título de cidadão baiano, tendo visto uma praça ser inaugurada em Salvador com o seu nome, em comemoração ao jubileu de ouro da sua chegada ao Brasil.
Poucas semanas antes de morrer, confessou ele o desejo de não ter uma doença que o fizesse dar trabalho aos outros. Sua despedida terrena, em 11 de janeiro de 1986, foi exatamente do jeito que pediu: tão súbita que a todos surpreendeu. Hildebrando Kruthaup “não deu trabalho ao morrer, apesar de ter vivido em função dele”.
Ciro Brigham, biógrafo de Frei Hildebrando, sintetiza a sua ação missionária, dizendo que: usou a criatividade para erguer uma rede de atendimento social auto-sustentável em Salvador; e acrescenta que: Hildebrando Kruthaup aliou tino administrativo e ideal humanista em importantes obras sociais, em Salvador. Altivo, o Frei Hildebrando investiu esforços nas ações sociais sustentados pelo seu ideal humanitário.
Prof. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
* Publicado in: Força viva, 14 (150): 6, 2009. (Informativo da Paróquia Nossa Senhora das Dores, em Fortaleza-Ceará).
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
A ORGANIZAÇÃO DA SELEÇÃO DA RESIDÊNCIA MÉDICA DO SUS NO CEARÁ
A Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP-CE), desde a sua criação, em 1993, tem assumido a coordenação do Processo Seletivo da Residência Médica (RM) para os hospitais estaduais de referência do Sistema Único de Saúde do Ceará, englobando os pertencentes à extinta Fundação de Saúde do Estado do Ceará (FUSEC), representados pelos Hospital Geral César Cals, Hospital São José e Hospital de Saúde Mental de Messejana, além daqueles integrantes do antigo INAMPS, que foram estadualizados, no caso o Hospital Geral de Fortaleza e o Hospital de Messejana.
Ao acolher esse encargo, a seleção já estava unificada, sob a égide da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (SESA), que o realizava por meio do trabalho voluntário e dedicado de alguns coordenadores e preceptores de variados programas, cabendo à ESP-CE introduzir mudanças graduais, sobretudo operacionais, para tornar os procedimentos mais profissionais e regulamentados.
Um ponto de partida foi o reconhecimento da necessidade de expandir a concorrência, para atrair também melhores candidatos, e, também, gerar maiores receitas, com o fito de remunerar as tarefas realizadas, minimizando a colaboração gratuita, ao tempo que se buscava obter o aprimoramento qualitativo dos instrumentos de avaliação dos postulantes.
A aplicação das provas escritas e de títulos ocorria em duas fases, distanciadas em quase duas semanas, o que levava à liberação dos resultados finais ao cabo de quase um mês, gerando fortes e demoradas expectativas entre os inscritos. A correção manual dos gabaritos foi substituída pela leitura ótica dos mesmos, evitando as naturais falhas e imperfeições humanas do procedimento artesanal, e conferindo grande agilidade na correção e no fechamento dos resultados.
As duas fases foram reunidas em um único fim-de-semana, permitindo-se participar da segunda fase, independente do resultado da prova escrita, com as provas de múltipla escolha aplicadas na manhã do sábado e as entrevistas com análise curricular, iniciadas na parte da tarde e se prolongando em todo o domingo; nos últimos anos, com a inclusão de mais examinadores, devidamente treinados, que passaram a contar com pessoal de apoio, e a definição de aprazamento dos horários das análises, foi possível restringir a feitura do certame em apenas um dia.
Os pontos de corte para a aprovação da primeira fase, anteriormente fixados na média menos um desvio padrão de cada programa, geravam sérias distorções por suas brutais diferenças entre os programas, de modo que, às vezes, um candidato eliminado de um programa de alta competição tinha rendimento que o alçava entre os primeiros de programas menos qualificados em competição, e ainda por razões estatísticas da variabilidade produzida em pequenos números, no caso de poucos candidatos em certos programas. Para corrigir tal dissonância, o diapasão adotado foi estabelecer um único “cutoff” para os candidatos dos programas de acesso direto, definido na média menos um desvio padrão dos resultados da prova básica, comum a todos os concorrentes, e, linearmente, considerar o perfil de 50% de acertos das questões válidas como ponto de corte aos candidatos inscritos nas áreas especializadas.
Para aprimorar a qualidade das provas escritas, foram ministrados dois cursos teóricos e práticos sobre a formulação de questões de múltipla escolha aos preceptores encarregados dessa funções, os quais, anualmente, quando convidados a integrar às bancas de provas, recebem um pacote contendo instruções sobre a técnica de elaboração de quesitos, a digitação e formatação e modelos de questões, com referências bibliográficas. A quantidade de questões solicitadas aos formuladores passou a ser quase o dobro do necessário às provas, cabendo a seleção das questões e a montagem de cada prova ao trabalho coletivo, envolvendo elaboradores e coordenação do certame, sob o estreito acompanhamento de técnico experimentado em avaliação educacional, atentando-se para aspectos relativos a conteúdo, consistência, grau de dificuldade, poder discriminatório etc. A montagem final das provas, após a reavaliação técnica, passou a ser submetida à cuidadosa revisão ortográfica.
Os procedimentos comuns de análise curricular aplicados a todos os candidatos foram revistos e desmembrados em dois modelos de Curriculum Vitae (CV) padronizado: o A, que deve ser preenchido pelos candidatos às áreas básicas e especialidades de acesso direto (que não exigem pré-requisito) e o B, ajustado aos candidatos às especialidades que exigem pré-requisito; preservou-se, outrossim, a prática de somente revelar os comprovantes dos títulos por ocasião da análise curricular, evitando-se o acúmulo de análise de documentos na ESP-CE. Esses modelos substituíram os apresentados em diferentes formatos, de modo espontâneo e livre, pelos postulantes, cujo manuseio tomava muito tempo do examinador.
A nota atribuída ao histórico escolar da graduação, como parte da prova de títulos, e que considerava todas as notas e/ou conceitos das disciplinas, demandando a, aproximadamente, meia hora de cada avaliador, foi inicialmente restrita à aferição do desempenho de dez matérias e, posteriormente, a apenas cinco disciplinas: Patologia, Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Pediatria e Gineco-Obstetrícia. Por três anos, a Coordenação da seleção introduziu, em caráter opcional, o direito do candidato de pleitear essa avaliação baseada no resultado individual do Exame Nacional de Cursos (o Provão do MEC); essa exitosa medida, que tinha a vantagem de harmonizar, em um só instrumento, a dificuldade de lidar com grades curriculares extremamente díspares e conferia uma economia de tempo de análise, foi abortada pela intempestiva decisão do governo federal de extinguir o Provão, equivocadamente substituído pelo ENADE, cujas periodicidade e não individualização de resultados tolheram a continuidade do aproveitamento na pontuação curricular.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Ex-Coordenador da Seleção da RM do SUS-CE
* Publicado in: Jornal do médico, 5(29): 6, 2009. (Informativo Independente do Ceará).
Ao acolher esse encargo, a seleção já estava unificada, sob a égide da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (SESA), que o realizava por meio do trabalho voluntário e dedicado de alguns coordenadores e preceptores de variados programas, cabendo à ESP-CE introduzir mudanças graduais, sobretudo operacionais, para tornar os procedimentos mais profissionais e regulamentados.
Um ponto de partida foi o reconhecimento da necessidade de expandir a concorrência, para atrair também melhores candidatos, e, também, gerar maiores receitas, com o fito de remunerar as tarefas realizadas, minimizando a colaboração gratuita, ao tempo que se buscava obter o aprimoramento qualitativo dos instrumentos de avaliação dos postulantes.
A aplicação das provas escritas e de títulos ocorria em duas fases, distanciadas em quase duas semanas, o que levava à liberação dos resultados finais ao cabo de quase um mês, gerando fortes e demoradas expectativas entre os inscritos. A correção manual dos gabaritos foi substituída pela leitura ótica dos mesmos, evitando as naturais falhas e imperfeições humanas do procedimento artesanal, e conferindo grande agilidade na correção e no fechamento dos resultados.
As duas fases foram reunidas em um único fim-de-semana, permitindo-se participar da segunda fase, independente do resultado da prova escrita, com as provas de múltipla escolha aplicadas na manhã do sábado e as entrevistas com análise curricular, iniciadas na parte da tarde e se prolongando em todo o domingo; nos últimos anos, com a inclusão de mais examinadores, devidamente treinados, que passaram a contar com pessoal de apoio, e a definição de aprazamento dos horários das análises, foi possível restringir a feitura do certame em apenas um dia.
Os pontos de corte para a aprovação da primeira fase, anteriormente fixados na média menos um desvio padrão de cada programa, geravam sérias distorções por suas brutais diferenças entre os programas, de modo que, às vezes, um candidato eliminado de um programa de alta competição tinha rendimento que o alçava entre os primeiros de programas menos qualificados em competição, e ainda por razões estatísticas da variabilidade produzida em pequenos números, no caso de poucos candidatos em certos programas. Para corrigir tal dissonância, o diapasão adotado foi estabelecer um único “cutoff” para os candidatos dos programas de acesso direto, definido na média menos um desvio padrão dos resultados da prova básica, comum a todos os concorrentes, e, linearmente, considerar o perfil de 50% de acertos das questões válidas como ponto de corte aos candidatos inscritos nas áreas especializadas.
Para aprimorar a qualidade das provas escritas, foram ministrados dois cursos teóricos e práticos sobre a formulação de questões de múltipla escolha aos preceptores encarregados dessa funções, os quais, anualmente, quando convidados a integrar às bancas de provas, recebem um pacote contendo instruções sobre a técnica de elaboração de quesitos, a digitação e formatação e modelos de questões, com referências bibliográficas. A quantidade de questões solicitadas aos formuladores passou a ser quase o dobro do necessário às provas, cabendo a seleção das questões e a montagem de cada prova ao trabalho coletivo, envolvendo elaboradores e coordenação do certame, sob o estreito acompanhamento de técnico experimentado em avaliação educacional, atentando-se para aspectos relativos a conteúdo, consistência, grau de dificuldade, poder discriminatório etc. A montagem final das provas, após a reavaliação técnica, passou a ser submetida à cuidadosa revisão ortográfica.
Os procedimentos comuns de análise curricular aplicados a todos os candidatos foram revistos e desmembrados em dois modelos de Curriculum Vitae (CV) padronizado: o A, que deve ser preenchido pelos candidatos às áreas básicas e especialidades de acesso direto (que não exigem pré-requisito) e o B, ajustado aos candidatos às especialidades que exigem pré-requisito; preservou-se, outrossim, a prática de somente revelar os comprovantes dos títulos por ocasião da análise curricular, evitando-se o acúmulo de análise de documentos na ESP-CE. Esses modelos substituíram os apresentados em diferentes formatos, de modo espontâneo e livre, pelos postulantes, cujo manuseio tomava muito tempo do examinador.
A nota atribuída ao histórico escolar da graduação, como parte da prova de títulos, e que considerava todas as notas e/ou conceitos das disciplinas, demandando a, aproximadamente, meia hora de cada avaliador, foi inicialmente restrita à aferição do desempenho de dez matérias e, posteriormente, a apenas cinco disciplinas: Patologia, Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Pediatria e Gineco-Obstetrícia. Por três anos, a Coordenação da seleção introduziu, em caráter opcional, o direito do candidato de pleitear essa avaliação baseada no resultado individual do Exame Nacional de Cursos (o Provão do MEC); essa exitosa medida, que tinha a vantagem de harmonizar, em um só instrumento, a dificuldade de lidar com grades curriculares extremamente díspares e conferia uma economia de tempo de análise, foi abortada pela intempestiva decisão do governo federal de extinguir o Provão, equivocadamente substituído pelo ENADE, cujas periodicidade e não individualização de resultados tolheram a continuidade do aproveitamento na pontuação curricular.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Ex-Coordenador da Seleção da RM do SUS-CE
* Publicado in: Jornal do médico, 5(29): 6, 2009. (Informativo Independente do Ceará).
terça-feira, 17 de novembro de 2009
VOLTA DE MURCIA
Regressei da Espanha, na madrugada de hoje, após participar da banca examinadora da tesis doctoral “Análisis de la Cultura de Seguridad en el Personal de Enfermería en los Hospitales del Sistema Nacional de Salud Español”, do Programa de Doutorado da Área de Medicina Preventiva y Salud Pública da Universidad de Murcia, que transcorreu em Murcia, no dia 12 de novembro de 2009. A doutoranda Adriana Catarina de Oliveira, uma enfermeira potiguar, atualmente licenciada do Instituto do Câncer do Ceará, foi brilhante em sua defesa, tendo merecido, por unanimidade da douta banca, nota máxima e “cum laudes”.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
VIAGEM PARA MURCIA
Viajo, hoje à noite, para a Espanha, a fim de participar da banca examinadora da tesis doctoral “Análisis de la Cultura de Seguridad en el Personal de Enfermería en los Hospitales del Sistema Nacional de Salud Español”, do Programa de Doutorado da Área de Medicina Preventiva y Salud Pública da Universidad de Murcia, que se realizará em Murcia, no dia 12 de novembro de 2009. Retorno dia 16/11/09.
MULTA POR ALTA VELOCIDADE
Um advogado andava em alta velocidade pela cidade com seu BMW, quando foi parado pelo guarda de trânsito.
O Guarda: - O senhor estava além da velocidade permitida, por favor a sua habilitação.
Advogado: - Está vencida.
Guarda: - O documento do carro.
Advogado: - O carro não é meu.
Guarda: - O senhor, por favor, abra o porta-luvas.
Advogado: - Não posso, tem um revólver aí que usei para roubar este carro.
Guarda (já bastante preocupado): Abra o porta-malas!
Advogado: - Nem pensar! Na mala está o corpo da dona deste carro, que eu matei no assalto.
O guarda, vendo-se diante das circunstâncias, resolve chamar o Sargento.
Chegando ao local o Sargento dirige-se ao advogado:
Sargento: - Habilitação e documento do carro por favor!
Advogado: - Está aqui senhor, como vê o carro está no meu nome e a habilitação está regular.
Sargento: - Abra o porta-luvas!
Advogado (tranqüilamente...): - Como vê só tem alguns papéis.
Sargento: - Abra o porta-malas!
Advogado: - Certo, aqui está... como vê, está vazio.
Sargento (constrangido): - Deve estar acontecendo algum equívoco, o meu subordinado me disse que o senhor não tinha habilitação, que não era o dono do carro, pois o tinha roubado com um revólver que estava no porta luvas, de uma mulher cujo corpo estava no porta-malas.
Advogado: - Só falta agora esse sacana dizer que eu estava em alta velocidade!!
Fonte: Internet (circulando por e-mail)
O Guarda: - O senhor estava além da velocidade permitida, por favor a sua habilitação.
Advogado: - Está vencida.
Guarda: - O documento do carro.
Advogado: - O carro não é meu.
Guarda: - O senhor, por favor, abra o porta-luvas.
Advogado: - Não posso, tem um revólver aí que usei para roubar este carro.
Guarda (já bastante preocupado): Abra o porta-malas!
Advogado: - Nem pensar! Na mala está o corpo da dona deste carro, que eu matei no assalto.
O guarda, vendo-se diante das circunstâncias, resolve chamar o Sargento.
Chegando ao local o Sargento dirige-se ao advogado:
Sargento: - Habilitação e documento do carro por favor!
Advogado: - Está aqui senhor, como vê o carro está no meu nome e a habilitação está regular.
Sargento: - Abra o porta-luvas!
Advogado (tranqüilamente...): - Como vê só tem alguns papéis.
Sargento: - Abra o porta-malas!
Advogado: - Certo, aqui está... como vê, está vazio.
Sargento (constrangido): - Deve estar acontecendo algum equívoco, o meu subordinado me disse que o senhor não tinha habilitação, que não era o dono do carro, pois o tinha roubado com um revólver que estava no porta luvas, de uma mulher cujo corpo estava no porta-malas.
Advogado: - Só falta agora esse sacana dizer que eu estava em alta velocidade!!
Fonte: Internet (circulando por e-mail)
domingo, 8 de novembro de 2009
O QUE ELES DISSERAM III
DESILUSÃO
"Quando cheguei ao Congresso, queria fazer o bem. Hoje acho que o que dá para fazer é evitar o mal."
Roberto Campos, economista, diplomata, membro da Academia Brasileira de Letras, senador e deputado federal de 1983 a 1999.
"A única matéria-prima da América Latina que mantém seu valor, ou sobe de preço constantemente, é a coca e seus derivados."
Alan García, presidente do Peru entre 1985 e 1990.
"Alguns juízes são absolutamente incorruptíveis. Ninguém consegue induzi-los a fazer justiça."
Bertolt Brecht, dramaturgo e poeta alemão.
"Como se pode governar um país que tem 246 espécies de queijo?"
Charles de Gaulle, presidente da França, criticando o sistema político de seu país e defendendo eleições parlamentares diretas em 1962.
"O capitalismo é a crença mais estarrecedora de que o mais insignificante dos homens fará a mais insignificante das coisas para o bem de todos."
John Maynard Keynes, o economista mais influente do século.
"A política é como o show business: você tem uma estréia fantástica, desliza por algum tempo e termina num inferno."
Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos entre 1981 e 1989.
Fonte: Internet (circulando por e-mail) Editado por Maria Rita Alonso e Rosana Tonetti
"Quando cheguei ao Congresso, queria fazer o bem. Hoje acho que o que dá para fazer é evitar o mal."
Roberto Campos, economista, diplomata, membro da Academia Brasileira de Letras, senador e deputado federal de 1983 a 1999.
"A única matéria-prima da América Latina que mantém seu valor, ou sobe de preço constantemente, é a coca e seus derivados."
Alan García, presidente do Peru entre 1985 e 1990.
"Alguns juízes são absolutamente incorruptíveis. Ninguém consegue induzi-los a fazer justiça."
Bertolt Brecht, dramaturgo e poeta alemão.
"Como se pode governar um país que tem 246 espécies de queijo?"
Charles de Gaulle, presidente da França, criticando o sistema político de seu país e defendendo eleições parlamentares diretas em 1962.
"O capitalismo é a crença mais estarrecedora de que o mais insignificante dos homens fará a mais insignificante das coisas para o bem de todos."
John Maynard Keynes, o economista mais influente do século.
"A política é como o show business: você tem uma estréia fantástica, desliza por algum tempo e termina num inferno."
Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos entre 1981 e 1989.
Fonte: Internet (circulando por e-mail) Editado por Maria Rita Alonso e Rosana Tonetti
sábado, 7 de novembro de 2009
SALGADOS, MUITOS. SIMANCOL, ZERO
Por volta de 1965, uma determinada escola de Medicina estava sediando um evento comemorativo e decidiu oferecer uma pequena recepção aos participantes. Como não havia recursos para contratar um “buffet” completo, e sequer garçons, a direção dessa faculdade decidiu improvisar, colocando o pessoal de limpeza para servir os acepipes aos comensais.
Um dos recrutados para a tarefa foi o faxineiro do bloco didático, bastante conhecido por suas estripulias e pela absoluta falta de “simancol”. Ele estava ali para o que desse e viesse, sem se mancar com as “ratas” que certamente acabaria por provocar. Foi aí que, portando uma bandeja com salgadinhos, dirigiu-se a um grupo de professores, composto, notadamente, por cirurgiões de nomeada, oferecendo a variedade dos canapés àquela roda de mestres.
Discretamente, o Prof. Aroldo Ferreira pegou um salgadinho, no que foi surpreendido pelo serviçal, com essa provocação:
– Num se acanhe não, Dr. Aroldo. Pode pegar mais e até “butar” nos “bolso” do paletó, pra levar pros bichinhos da sua casa.
Polidamente, o Prof. Ferreira recusou a oferta, esboçando um sorriso para o colega Prof. Nelson Gonçalo, que estava ao seu lado, ambos tomados por um certo constrangimento, diante da falta de lhaneza do improvisado garçon.
O faxineiro não perdeu a oportunidade para insistir:
– Dr. Nelson, deixe de “encabulação” e “atraque” suas mãos aqui pra pegar um bocado pra levar pra família. Tem muito lá dentro. Acho qui vai sobrá muito desse troço – arrematou o servidor garçon de araque.
Os dois afamados cirurgiões, como autênticos gentis-homens, decidiram ignorar as tantas tentações do momento e puxaram um assunto médico para seguir a conversa, dispensando os préstimos do pseudo garçon, que ficou a procurar outros mestres dispostos a ouvir suas baboseiras, quiçá a fazer uso da velha tática de juntar pasteis e canudinhos para o “jantar” do cãozinho de estimação, quando, na verdade, eles próprios é que estavam inclinados a fartar o bandulho, com os deliciosos salgadinhos da festa.
* Publicado in: SOBRAMES – CEARÁ - Ressonâncias literárias. Fortaleza: Expressão, 2009. 224p. p.167.
Um dos recrutados para a tarefa foi o faxineiro do bloco didático, bastante conhecido por suas estripulias e pela absoluta falta de “simancol”. Ele estava ali para o que desse e viesse, sem se mancar com as “ratas” que certamente acabaria por provocar. Foi aí que, portando uma bandeja com salgadinhos, dirigiu-se a um grupo de professores, composto, notadamente, por cirurgiões de nomeada, oferecendo a variedade dos canapés àquela roda de mestres.
Discretamente, o Prof. Aroldo Ferreira pegou um salgadinho, no que foi surpreendido pelo serviçal, com essa provocação:
– Num se acanhe não, Dr. Aroldo. Pode pegar mais e até “butar” nos “bolso” do paletó, pra levar pros bichinhos da sua casa.
Polidamente, o Prof. Ferreira recusou a oferta, esboçando um sorriso para o colega Prof. Nelson Gonçalo, que estava ao seu lado, ambos tomados por um certo constrangimento, diante da falta de lhaneza do improvisado garçon.
O faxineiro não perdeu a oportunidade para insistir:
– Dr. Nelson, deixe de “encabulação” e “atraque” suas mãos aqui pra pegar um bocado pra levar pra família. Tem muito lá dentro. Acho qui vai sobrá muito desse troço – arrematou o servidor garçon de araque.
Os dois afamados cirurgiões, como autênticos gentis-homens, decidiram ignorar as tantas tentações do momento e puxaram um assunto médico para seguir a conversa, dispensando os préstimos do pseudo garçon, que ficou a procurar outros mestres dispostos a ouvir suas baboseiras, quiçá a fazer uso da velha tática de juntar pasteis e canudinhos para o “jantar” do cãozinho de estimação, quando, na verdade, eles próprios é que estavam inclinados a fartar o bandulho, com os deliciosos salgadinhos da festa.
* Publicado in: SOBRAMES – CEARÁ - Ressonâncias literárias. Fortaleza: Expressão, 2009. 224p. p.167.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
A FISIOLOGIA DO PINHEIRO X A BIOQUÍMICA DO RAMOS
Por volta de 1955, no Instituto Evandro Chagas da Faculdade de Medicina, da recém-inaugurada UFC, o Prof. João Ramos estava ministrando uma aula da sua cadeira de Bioquímica aos acadêmicos do segundo ano, quando foi interrompido pelo seu dileto amigo Prof. Aloísio Pinheiro, o catedrático de Fisiologia, que, pondo a cabeça junto à porta, saudou-o:
– Bom dia, Prof. João Ramos.
– Muito bom dia, Prof. Aloísio – secundou o colega, sinalizando para que o outro entrasse.
O Prof. Aloísio Pinheiro atendeu ao convite e direcionou à turma um sonoro:
– Bom dia, caros alunos.
– Bom dia, professor – responderam, em uníssono, os discentes.
O Prof. Aloísio, que costumava provocar o mestre João Ramos em reuniões reservadas, no tocante aos seus respectivos setores de estudo, quis tornar pública a “rivalidade” de conteúdo, dizendo:
– Professor João Ramos quando é que o senhor vai se convencer de que a Bioquímica que você leciona não passa de um capítulo da Fisiologia?
A resposta não se fez por esperar, com aquele que se tornaria um intrépido bombardeador de nuvens e abnegado fazedor de chuvas, o Prof. João Ramos, que de pronto, retrucou:
– Sim, já me convenci, é um capítulo da Fisiologia – e arrematou – aliás, o único.
O alunado caiu na gargalhada, enquanto o Prof. Aloísio Pinheiro bateu em retirada. Depois disso, os docentes continuaram grandes amigos e a rixa científica entre eles desapareceu.
* Publicado in: SOBRAMES – CEARÁ - Ressonâncias literárias. Fortaleza: Expressão, 2009. 224p. p.166.
– Bom dia, Prof. João Ramos.
– Muito bom dia, Prof. Aloísio – secundou o colega, sinalizando para que o outro entrasse.
O Prof. Aloísio Pinheiro atendeu ao convite e direcionou à turma um sonoro:
– Bom dia, caros alunos.
– Bom dia, professor – responderam, em uníssono, os discentes.
O Prof. Aloísio, que costumava provocar o mestre João Ramos em reuniões reservadas, no tocante aos seus respectivos setores de estudo, quis tornar pública a “rivalidade” de conteúdo, dizendo:
– Professor João Ramos quando é que o senhor vai se convencer de que a Bioquímica que você leciona não passa de um capítulo da Fisiologia?
A resposta não se fez por esperar, com aquele que se tornaria um intrépido bombardeador de nuvens e abnegado fazedor de chuvas, o Prof. João Ramos, que de pronto, retrucou:
– Sim, já me convenci, é um capítulo da Fisiologia – e arrematou – aliás, o único.
O alunado caiu na gargalhada, enquanto o Prof. Aloísio Pinheiro bateu em retirada. Depois disso, os docentes continuaram grandes amigos e a rixa científica entre eles desapareceu.
* Publicado in: SOBRAMES – CEARÁ - Ressonâncias literárias. Fortaleza: Expressão, 2009. 224p. p.166.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
O BRONCO OU O SORRISO 1001
No Bloco Didático, disposto no andar superior da Biblioteca Setorial do Centro de Ciências da Saúde, da UFC, reinava, nos anos setenta, quase soberanamente, um bedel encarregado da manutenção das salas de aula e de prover os equipamentos audiovisuais aos professores que iam ministrar aulas naquele recinto.
Esse funcionário, nascido no interior cearense, era um tipo robusto, com físico muito assemelhado ao do personagem “Bronco”, imortalizado pelo comediante Ronald Golias, do Programa de TV “A Família Trapo”, e muito chegado a fazer brincadeiras e gozações, nos moldes do seu digamos “quase aparentado” artista.
Às vezes, ele adentrava, de súbito, na sala de aula e provocava os alunos presentes com um dito engraçado e fartamente audível, ao tempo em que exibia um largo sorriso, do tipo “1001”, expondo os seus caninos superiores, com um vasto hiato decorrente da exodontia dos incisivos mediais e laterais, o que servia para “quebrar” as tensões nos momentos que antecediam a aplicação de provas.
Devido à reclamação de certos professores, que o consideravam inconveniente, mas à revelia dos alunos, ele foi transferido para o Departamento de Fisiologia e Farmacologia, tornando-se, oficiosamente, o grande captador de caninos vadios (no caso, os quadrúpedes e não os seus dentes), capturados nos arrebaldes do Porangabuçu, para as aulas práticas e experimentos desse departamento.
Dizia-se que a sua excepcional performance estava atrelada à técnica que desenvolvera: esfregava os genitais de uma cadela no cio em suas calças e punha-se a caminhar pelas ruas adjacentes, atraindo, com o seu ardil, um bom número de cães, que, uma vez enlaçados, eram conduzidos ao canil do Curso de Medicina, e, posteriormente, imolados em prol da ciência e do ensino médicos.
O dito sósia do “Golias” permaneceu nesse serviço até quando, em um entrevero com um importante docente, revelou a sua força física ao erguer, desafiando a Lei da Gravidade, o brilhante mestre pelas “bitacas”, fazendo-o subir às alturas, e sendo, por tal desacato, punido com o remanejamento para trabalhar no campus do Pici.
Sua transferência diminuiu a “graça” no Campus do Porangabuçu. Com isso, quem saiu perdendo, em parte, foi o alunado, privado da alegria do bedel que teve a ousadia, não de parecer com o “Golias” da TV Record, mas de querer ser um Davi ao contrário, banguela, e sem a funda que caracterizou o atirador de pedras no descomunal antagonista bíblico.
* Publicado in: SOBRAMES – CEARÁ - Ressonâncias literárias. Fortaleza: Expressão, 2009. 224p. p.164-5.
Esse funcionário, nascido no interior cearense, era um tipo robusto, com físico muito assemelhado ao do personagem “Bronco”, imortalizado pelo comediante Ronald Golias, do Programa de TV “A Família Trapo”, e muito chegado a fazer brincadeiras e gozações, nos moldes do seu digamos “quase aparentado” artista.
Às vezes, ele adentrava, de súbito, na sala de aula e provocava os alunos presentes com um dito engraçado e fartamente audível, ao tempo em que exibia um largo sorriso, do tipo “1001”, expondo os seus caninos superiores, com um vasto hiato decorrente da exodontia dos incisivos mediais e laterais, o que servia para “quebrar” as tensões nos momentos que antecediam a aplicação de provas.
Devido à reclamação de certos professores, que o consideravam inconveniente, mas à revelia dos alunos, ele foi transferido para o Departamento de Fisiologia e Farmacologia, tornando-se, oficiosamente, o grande captador de caninos vadios (no caso, os quadrúpedes e não os seus dentes), capturados nos arrebaldes do Porangabuçu, para as aulas práticas e experimentos desse departamento.
Dizia-se que a sua excepcional performance estava atrelada à técnica que desenvolvera: esfregava os genitais de uma cadela no cio em suas calças e punha-se a caminhar pelas ruas adjacentes, atraindo, com o seu ardil, um bom número de cães, que, uma vez enlaçados, eram conduzidos ao canil do Curso de Medicina, e, posteriormente, imolados em prol da ciência e do ensino médicos.
O dito sósia do “Golias” permaneceu nesse serviço até quando, em um entrevero com um importante docente, revelou a sua força física ao erguer, desafiando a Lei da Gravidade, o brilhante mestre pelas “bitacas”, fazendo-o subir às alturas, e sendo, por tal desacato, punido com o remanejamento para trabalhar no campus do Pici.
Sua transferência diminuiu a “graça” no Campus do Porangabuçu. Com isso, quem saiu perdendo, em parte, foi o alunado, privado da alegria do bedel que teve a ousadia, não de parecer com o “Golias” da TV Record, mas de querer ser um Davi ao contrário, banguela, e sem a funda que caracterizou o atirador de pedras no descomunal antagonista bíblico.
* Publicado in: SOBRAMES – CEARÁ - Ressonâncias literárias. Fortaleza: Expressão, 2009. 224p. p.164-5.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
BRASILEIROS VERSUS PORTUGUESES III
Brasileiro faz piada com português por não entender que os dois povos têm lógicas diferentes. O português é mais literal, cultiva um preciosismo de sintaxe. Veja só:
Um grupo de brasileiros tendo terminado de almoçar quis tomar café.
O primeiro disse:
- Garçon, um café.
O segundo disse:
- Dois, levantando os dedos.
O terceiro, apressadamente, disse:
- Três,
E por fim, o quarto disse: - Quatro.
O garçon trouxe 10 cafezinhos.
Ao ser indagado por que trouxera tanto café para quatro pessoas, ele respondeu:
- Ora um pediu um, outro dois, outro três e o outro quatro faça a conta e vejam se não são 10!!
E a melhor....
O casal de brasileiros entra num restaurante na rua do Diário que tem uma vista bonita para o rio e pergunta:
-Podemos sentar naquela mesa que tem a vista para o rio?
No que o garçon responde:
- Acho melhor os senhores sentarem nas cadeiras!!!
Fonte: Internet (circulando por e-mail)
Um grupo de brasileiros tendo terminado de almoçar quis tomar café.
O primeiro disse:
- Garçon, um café.
O segundo disse:
- Dois, levantando os dedos.
O terceiro, apressadamente, disse:
- Três,
E por fim, o quarto disse: - Quatro.
O garçon trouxe 10 cafezinhos.
Ao ser indagado por que trouxera tanto café para quatro pessoas, ele respondeu:
- Ora um pediu um, outro dois, outro três e o outro quatro faça a conta e vejam se não são 10!!
E a melhor....
O casal de brasileiros entra num restaurante na rua do Diário que tem uma vista bonita para o rio e pergunta:
-Podemos sentar naquela mesa que tem a vista para o rio?
No que o garçon responde:
- Acho melhor os senhores sentarem nas cadeiras!!!
Fonte: Internet (circulando por e-mail)
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Lançamento da Antologia da Sobrames-CE “Ressonâncias Literárias”
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
LANÇAMENTO DE "GLOSSÁRIO DE GESTÃO EM SAÚDE"
CONVITE
A Abrasco Livros e a Editora da UECE têm o prazer de convidar V.Sa., para o lançamento do livro “Glossário de Gestão em Saúde: terminologia para uso na gestão”, a ocorrer durante o IX Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, realizado em Olinda-PE.
A obra, de autoria dos médicos sanitaristas Cícera Borges Machado e Marcelo Gurgel Carlos da Silva, estará disponível ao público interessado, no stand da Abrasco Livros, assim permanecendo até o final do evento.
Data: 03 de novembro de 2009 (terça-feira), às 16h.
Local: Centro de Convenções de Pernambuco (Pavilhão de Exposições).
Espaço Saúde & Letras
A Abrasco Livros e a Editora da UECE têm o prazer de convidar V.Sa., para o lançamento do livro “Glossário de Gestão em Saúde: terminologia para uso na gestão”, a ocorrer durante o IX Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, realizado em Olinda-PE.
A obra, de autoria dos médicos sanitaristas Cícera Borges Machado e Marcelo Gurgel Carlos da Silva, estará disponível ao público interessado, no stand da Abrasco Livros, assim permanecendo até o final do evento.
Data: 03 de novembro de 2009 (terça-feira), às 16h.
Local: Centro de Convenções de Pernambuco (Pavilhão de Exposições).
Espaço Saúde & Letras
domingo, 1 de novembro de 2009
O BRASIL ANEDÓTICO IX
CONDECORAÇÕES
Moreira de Azevedo - "Mosaico Brasileiro", pág. 87
Barba por fazer, casaca mal posta, apareceu D. Francisco de Almeida, segundo conde das Galveas, no Paço, em uma das festas de D. João VI. À barriga, pela altura do cós do calção, faiscava a sua comenda de uma das grandes ordens portuguesas do tempo.
- Que é isso, sr. conde? - observou-lhe, espantado, um dos ministros. - É aí, então, que pondes a vossa comenda?
- É aí o lugar, filho, - retrucou, indiferente, o fidalgo.
E com bonomia:
- As condecorações andam tão por baixo, que eu, para andar na moda, pus a minha à cintura!
A DEMISSÃO DE CUSTÓDIO
Serzedelo Correia - "Páginas do Passado", pág. 13.
Em uma das reuniões do ministério, com Floriano no governo, Custódio José de Melo, ministro da Marinha, propôs que se telegrafasse ao Marechal Moura, ministro da Guerra, então no Rio Grande, dando-lhe instruções para a pacificação do Sul. Floriano aceitou o alvitre, combinou o texto do telegrama e, no despacho seguinte, Custódio o interpelou.
- Então, telegrafou ao Moura?
- Não, - respondeu Floriano, seco; - mudei de opinião.
O almirante estranhou:
- Como? - V. Excia. não podia mudar de opinião; era assunto resolvido por todo o ministério.
- Mas mudei, - tornou o ditador. - Se o senhor quer a presidência da República, eu lhe passo o poder.
- Não, isso, não; - volveu Custódio.
E dando a sua demissão:
- Se eu quisesse a presidência da República, quando tinha os canhões do Aquidaban voltados para a cidade, não teria vindo ser ministro da Marinha no seu governo!
"OH, LINDA!"
Frei Vicente do Salvador - "História do Brasil", pág. 107.
Andando com outros por entre o mato, em busca de um lugar em que o seu amo fundasse uma povoação, um galego, criado de Duarte Pereira, foi ter a um monte à beira-mar, de onde se divisava um soberbo panorama. E tão encantado ficou com a posição descoberta que, não se contendo, exclamou:
- Oh, linda!
É essa a origem, vulgarmente admitida, do nome que ainda hoje tem a antiga capital pernambucana.
PUDOR DE PATRIOTA
Afonso Arinos - Discurso de recepção na Academia Brasileira de Letras.
No seu hotel de Paris, possuía Eduardo Prado um criado inglês, o Humphyes, que, pouco a pouco, aprendeu o português, e se transformou em mordomo do suntuoso globe-trotter.
Certo dia, ao entrar nos apartamentos de Eduardo, encontrou-o um amigo a trancar, discreto, os jornais brasileiros recebidos naquela manhã.
- Ainda não os leste?
E Eduardo, confuso:
- Não é por isso; é que tenho vergonha de Humphyes. Não quero que ele saiba do que se passa, agora, na terra do seu amo!
CONSCIÊNCIA DE PAI
Múcio Teixeira - "Os Gaúchos", vol. I, pág. 229.
Comandava o Coronel Emílio Mallet. Barão de Tapeví, um regimento de artilharia em frente a Paissandú, quando recebeu ordem de atravessar o rio e atacar o exército paraguaio, acampado na outra margem. Um dos seus filhos era o porta-bandeira e o outro, João Nepomuceno, que chegou a marechal, comandava a primeira ala.
Ao receber a ordem, o comandante reuniu a oficialidade, e expôs-lhes a situação da sua consciência.
- Meus filhos - disse - devem ser os primeiros a atravessar o rio, devido à posição que ocupam no regimento; mas estou indeciso, porque, se os mando na frente, poderão dizer que quero enchê-los de glória; e se os retirar para a retaguarda, pensarão talvez que procuro poupar-lhes a vida.
Resolveu, porém, que eles iriam à frente. Um, morreu. Outro, foi o primeiro a pisar território inimigo.
SANTIDADE E HIPOCRISIA
Alberto Rangel - "In memoriam de Euclides da Cunha", pág. 17
Adido à coluna do general da expedição a Canudos, Euclides da Cunha assistia, horrorizado, a selvajaria com que um dos assessores do comandante tratava os jagunços. A sua alma de civilizado confrangia-se ante aqueles espetáculos de barbaria ordenados pelo carrasco.
Uma tarde em que marchavam juntos por uma encosta, pareceu a Euclides ver sob a farda do Torquemada o ouro de um crucifixo.
- Que é isto? - indaga, surpreso.
- Jesus! - responde-lhe o oficial.
- Pois, olhe, - diz-lhe o escritor, revoltado com aquela hipocrisia.
E batendo no peito:
- Eu tenho aqui dentro um coração!
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927)
Moreira de Azevedo - "Mosaico Brasileiro", pág. 87
Barba por fazer, casaca mal posta, apareceu D. Francisco de Almeida, segundo conde das Galveas, no Paço, em uma das festas de D. João VI. À barriga, pela altura do cós do calção, faiscava a sua comenda de uma das grandes ordens portuguesas do tempo.
- Que é isso, sr. conde? - observou-lhe, espantado, um dos ministros. - É aí, então, que pondes a vossa comenda?
- É aí o lugar, filho, - retrucou, indiferente, o fidalgo.
E com bonomia:
- As condecorações andam tão por baixo, que eu, para andar na moda, pus a minha à cintura!
A DEMISSÃO DE CUSTÓDIO
Serzedelo Correia - "Páginas do Passado", pág. 13.
Em uma das reuniões do ministério, com Floriano no governo, Custódio José de Melo, ministro da Marinha, propôs que se telegrafasse ao Marechal Moura, ministro da Guerra, então no Rio Grande, dando-lhe instruções para a pacificação do Sul. Floriano aceitou o alvitre, combinou o texto do telegrama e, no despacho seguinte, Custódio o interpelou.
- Então, telegrafou ao Moura?
- Não, - respondeu Floriano, seco; - mudei de opinião.
O almirante estranhou:
- Como? - V. Excia. não podia mudar de opinião; era assunto resolvido por todo o ministério.
- Mas mudei, - tornou o ditador. - Se o senhor quer a presidência da República, eu lhe passo o poder.
- Não, isso, não; - volveu Custódio.
E dando a sua demissão:
- Se eu quisesse a presidência da República, quando tinha os canhões do Aquidaban voltados para a cidade, não teria vindo ser ministro da Marinha no seu governo!
"OH, LINDA!"
Frei Vicente do Salvador - "História do Brasil", pág. 107.
Andando com outros por entre o mato, em busca de um lugar em que o seu amo fundasse uma povoação, um galego, criado de Duarte Pereira, foi ter a um monte à beira-mar, de onde se divisava um soberbo panorama. E tão encantado ficou com a posição descoberta que, não se contendo, exclamou:
- Oh, linda!
É essa a origem, vulgarmente admitida, do nome que ainda hoje tem a antiga capital pernambucana.
PUDOR DE PATRIOTA
Afonso Arinos - Discurso de recepção na Academia Brasileira de Letras.
No seu hotel de Paris, possuía Eduardo Prado um criado inglês, o Humphyes, que, pouco a pouco, aprendeu o português, e se transformou em mordomo do suntuoso globe-trotter.
Certo dia, ao entrar nos apartamentos de Eduardo, encontrou-o um amigo a trancar, discreto, os jornais brasileiros recebidos naquela manhã.
- Ainda não os leste?
E Eduardo, confuso:
- Não é por isso; é que tenho vergonha de Humphyes. Não quero que ele saiba do que se passa, agora, na terra do seu amo!
CONSCIÊNCIA DE PAI
Múcio Teixeira - "Os Gaúchos", vol. I, pág. 229.
Comandava o Coronel Emílio Mallet. Barão de Tapeví, um regimento de artilharia em frente a Paissandú, quando recebeu ordem de atravessar o rio e atacar o exército paraguaio, acampado na outra margem. Um dos seus filhos era o porta-bandeira e o outro, João Nepomuceno, que chegou a marechal, comandava a primeira ala.
Ao receber a ordem, o comandante reuniu a oficialidade, e expôs-lhes a situação da sua consciência.
- Meus filhos - disse - devem ser os primeiros a atravessar o rio, devido à posição que ocupam no regimento; mas estou indeciso, porque, se os mando na frente, poderão dizer que quero enchê-los de glória; e se os retirar para a retaguarda, pensarão talvez que procuro poupar-lhes a vida.
Resolveu, porém, que eles iriam à frente. Um, morreu. Outro, foi o primeiro a pisar território inimigo.
SANTIDADE E HIPOCRISIA
Alberto Rangel - "In memoriam de Euclides da Cunha", pág. 17
Adido à coluna do general da expedição a Canudos, Euclides da Cunha assistia, horrorizado, a selvajaria com que um dos assessores do comandante tratava os jagunços. A sua alma de civilizado confrangia-se ante aqueles espetáculos de barbaria ordenados pelo carrasco.
Uma tarde em que marchavam juntos por uma encosta, pareceu a Euclides ver sob a farda do Torquemada o ouro de um crucifixo.
- Que é isto? - indaga, surpreso.
- Jesus! - responde-lhe o oficial.
- Pois, olhe, - diz-lhe o escritor, revoltado com aquela hipocrisia.
E batendo no peito:
- Eu tenho aqui dentro um coração!
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927)