sexta-feira, 2 de julho de 2010

OZIEL, O DESCANSO DO GUERREIRO

FATO MÉDICO guarda o silêncio reservado a acontecimentos trajados de luto. Foi-se OZIEL DE SOUSA LIMA, talvez o maior divulgador da categoria médica, no Ceará, nos tempos atuais.
Com ele se foram a observação dos detalhes, a perspicácia da informação, a sagacidade de quem conhece o seu público e sabe o que lhe interessa ler, nas linhas e entre linhas.
Oziel deu, na verdade, uma visibilidade maior à categoria médica, relatando fatos, fazendo comentários, tornando-se, certamente, o seu porta-voz, em inúmeras reivindicações e conquistas da sua especialidade, a Anestesiologia.
No último dia 24 de junho de 2010, quando do lançamento de “Reflexões Espinhosas”, livro organizado por ele e pelo amigo comum Dalgimar Beserra de Meneses, tamanha foi a participação de amigos, colegas e convidados, que até dava a impressão de ser aquela uma comemoração-despedida, mesmo porque a maioria dos presentes tinha conhecimento do seu estado de saúde.
Não obstante, Oziel estava alegre, diante do avanço das negociações para a nova fase do FATO MÉDICO, com o retorno das edições dominicais de O Povo, a partir de julho corrente, sem se dar conta de que a primeira notícia poderia trazer, como manchete, O DESCANSO DO GUERREIRO. Quem bem o conheceu, entenderá, por certo, essa mensagem, traduzida na forma de como ele lutou para vencer uma doença agressiva, como foi a dele.
Deus, por entender que a sua missão na terra, como médico, como homem da notícia, como esposo e pai de família, já havia sido cumprida, chamou-o para si, antes que viesse à luz mais um livro da dupla Oziel/Dalgimar.
Não por acaso, Dalgimar prometera aos presentes no lançamento, que depois de “Garranchos Esculpidos” e “Reflexões Espinhosas”, viriam, a seguir, uma terceira produção, cujo título poderia ser “Por que sobrevivem os cactos”, e uma quarta, também com a temática dos garranchos espinhosas, relembrando a aridez do seu berço mossoroense, a cidade que resistiu, com bravura, ao ataque de Lampião.
Partiu Oziel, na madrugada de hoje, dois de julho, enquanto “o anjo da morte cosia uma vasta mortalha”, como cantou no seu poema “Ode ao Dous de Julho”, o vate condoreiro Castro Alves, rememorando a vitória dos brasileiros sobre as tropas portuguesas do General Madeira.
A essas horas, como estrela peregrina, filha da liberdade, Oziel deve estar brilhando no azul do infinito, ao lado de Deus, apontando, como bem sabia fazer, para essa verdade: “... e no silêncio, tudo irradia”.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Academia Cearense de Medicina

2 comentários:

  1. bonita homenagem esta prestada ao dr oziel.eu era uma leitora assídua de sua página dominical

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  2. Cara Marly,

    Oziel foi um lutador e não fraquejou nem na batalha final, diante da doença que lhe minava as forças.
    Em nossas últimas conversas, ele falava que sua página dominical voltaria a ser divulgada tão logo terminasse a Copa.
    Abraço.

    Marcelo Gurgel

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