Por Ricardo Alcântara (*)
No Brasil, escândalos políticos são como aquelas caixas com lenços de papel: você puxa um, vem outro junto. Infelizmente, aqui é assim: as coisas só começam a piorar de vez quando a gente pensa que o mais difícil já passou.
Vejam o recente escândalo dos banheiros. O repertório de traquinagens, reveladas a cada novo dia, parece não ter fim. Eles roubam e nós é que nos envergonhamos das instituições que (não) fomos capazes de construir.
O governador bem que tentou, mas não conseguiu se manter descolado da crise de credibilidade provocada pelo escândalo, depois que as evidências romperam sua capacidade de fingir estar muito distante dos fatos.
De início, ponderou, com razão, que é operacionalmente muito mais eficiente descentralizar, terceirizando para entidades sociais a instalação dos tais kits sanitários. Daí em diante, Cid Gomes mais confundiu do que esclareceu.
No que alguns viram – quanta boa vontade! – como uma “sinceridade” do governador, só pude ver irresponsabilidade, quando ele declarou a estrutura de Estado de todo incapaz para fiscalizar a correta aplicação dos convênios.
Por suas palavras, ficamos todos informados de que o governo autoriza despesas que não se julga apto a verificar a aplicação e compreende o problema como fato consumado, dando ao delito deliberado incentivo oficial.
A bobagem é tamanha que parece intencional. Para manter os convênios numa margem aceitável de regularidade bastaria informar os conselhos sociais dos municípios a serem beneficiados para o devido acompanhamento.
O nome disto: Transparência, princípio não adotado com a necessária frequência porque é oneroso para os interesses fisiológicos que sustentam a máquina de apoio político e dão proteção institucional aos atos de governo.
Com transparência, o interesse público se alastraria como uma epidemia indesejável. Sem ela, livra-se o governo de ser melhor observado nos privilégios que garante à primeira classe de seu animado comboio.
Para concluir, um exercício de imaginação: já pensou no circo armado pelos deputados do PT em torno do episódio, caso estivessem na oposição? Mas calados estavam, calados ficarão. É disso que todo governo gosta...
(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.
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