domingo, 16 de outubro de 2011

RELAÇÃO ATENDENTE/PACIENTE

Pedro Henrique Saraiva Leão (*)
Há muito fala-se, escreve-se à farta, acerca da relação médico/paciente, a princípio entretida apenas por estas duas pessoas. Aludido intercurso assim vigiu até surgirem os planos de saúde, com seus mais prós do que contras. Contudo, tal interdependência foi a seguir abalada, debilitada pelo advento de uma quarta personagem, o colega Dr. Google, e suas conflitantes opiniões. Recentemente quase perdi um antigo paciente com Reto-Colite Ulcerativa Crônica Inespecífica por discordar desse cibernético facultativo que tanto lhe influenciara a cabeça.
Não conseguindo fazê-lo concordar com minhas opiniões sugeri-lhe continuar seu tratamento com aquele professor americano!
Mas, abordemos hoje outra convivência, importantíssima nas salas de espera dos consultórios médicos: entre a atendente e o paciente.
Aquela, às vezes com presunçoso comportamento, impera na antessala do doutor , pretendendo mesmo, algumas, desfrutar do poder daquele.
Ora, ignoram determinadas secretárias ser a relação social uma inter – ação, interindividual, mesmo sem intimidade.
Não obstante, deve ser, máxime neste caso, sobremaneira solidária, solícita, diligente. De simpatia com os pacientes, pois tensos até, fragilizados pela doença. Ortega y Gasset (1883-1955) já escrevera: somos um e outro (“unus et alter”). Assim, devíamos, todos, praticar o “nostrismo” ou “nostridade”, exercendo a “serviçalidade”.
Pesquisas realizadas em seminários de Administração (Minas Gerais, 9/2010) junto a pacientes de consultórios médicos mostraram que a atendente deve ser, além de eficiente, sobretudo cortês (grifos nossos).
O assunto, há pouco, interessou a Sociedade Brasileira de Ortopedia no Ceará, em curso sobre o gerenciamento empresarial dessa relação.
Com o crescimento dos gabinetes médicos, e a ampliação dos planos de saúde, evidencia-se mais a importância da melhoria, do refinamento dessas relações.
A Unimed Fortaleza, sempre atenta à esta necessidade, vem promovendo cursos regulares para atendentes de médicos, ditando-lhe as normas profissionais, burocráticas deste ofício.
Julgamos de igual, ou mesmo maior valor, ensinar-lhes igualmente a abordar os pacientes de uma maneira mas humana, cristã. Destarte, a partir de novembro vindouro, essa cooperativa oferecerá um curso a ser ministrado por psicólogos, sociólogos, administradores de empresas e técnicos em recursos humanos.
Desta feita a ênfase será não na excelência meramente funcional, burocrática das atendentes, mas, principalmente pessoal, inspirada na Psicologia básica, com boas pitadas de bom senso e intuição.
Para lhes ensinar a receber o paciente com aquele mesmo “sorriso oficinal e medicamentoso dos clínicos”, como apregoava o renomado médico e titular da Academia Brasileira de Letras, professor Clementino Fraga.
(*) Médico e presidente da Academia Cearense de Letras
Fonte: O Povo, Opinião, de 12/10/2011.

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