segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O BRASIL ANEDÓTICO XXXV

O GRANDE LIVRO
Moreira de Azevedo - "Mosaico Brasileiro", pág. 71.
Frei Francisco de São Carlos, o autor da Assunção, achava, apesar da sua cultura leiga, que os livros sagrados podiam satisfazer toda a fome do espírito. Certo dia, entrando na cela de um companheiro de clausura, encontrou-o aborrecido.
- Que contrariedades são essas, irmão?
- Estou aborrecido, - informou o outro, não tenho nem um livro para ler.
Frei São Carlos voltou-se, ofendido:
- E que fazeis da Bíblia, meu padre?
A GENEROSIDADE DE CAXIAS
J.M. de Macedo - "Ano Biográfico", vol. II, pág. 247.
Derrotado a 3 de abril de 1832, pelo major Luiz Alves de Lima, que saíra ao seu encontro com um corpo de polícia, o major Miguel de Frias pôs-se em fuga, procurando escapar. Lançando-se no seu encalço, estava Alves de Lima para alcançá-lo, quando um adversário lhe dispara um tiro de pistola, fazendo pranchear o cavalo e permitindo, com isso, que o fugitivo desaparecesse.
Avançando de novo, é Caxias informado de que o chefe revoltoso se havia asilado em uma casa da rua do Sabão da Cidade Nova. Apeia-se, o dono da casa franqueia-lhe a residência, que Caxias percorre. Ao fim de um corredor, havia uma porta fechada, com a chave na fechadura. O chefe legalista dá volta à chave, e abre. No centro do quarto, de pé, Miguel de Frias o esperava. Os dois heróis olham-se, mudos. Ao fim de um instante, Alves de Lima puxa a porta, e retira-se, dizendo ao dono da casa:
- Desculpe-me; não há ninguém...
No dia seguinte, Miguel de Frias fugia, asilando-se nos Estados Unidos.
"AS POMBAS"
Osório Duque-Estrada - Discurso de recepção na Academia Brasileira de Letras.
Era Silvio Romero examinador na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, quando se sentou à banca, para ser examinado, um irmão de Raimundo Correia. Tirado o "ponto", Sílvio argüiu o aluno:
- Você é mesmo irmão do Raimundo?
- Sim, senhor.
- Então, recite As Pombas.
O examinando recitou.
- Estou satisfeito! - continuou Silvio.
E aprovou o rapaz plenamente.
MEM DE SÁ E OS FRANCESES
J.M. de Macedo - "Ano Biográfico", vol. I, pág. 91.
Nomeado governador geral do Brasil em 1558, achava-se Mem de Sá em 1560 na Bahia, sede do governo, quando recebeu ordem de seguir imediatamente com rumo ao sul, a fim de desalojar os franceses que se haviam instalado na baía do Rio de Janeiro.
Não obstante a modéstia dos recursos de que dispunha, embarcou, como lhe mandavam do Reino, levando apenas 120 portugueses e 140 índios. Venceu, porém, o inimigo, desalojando-o da ilha que ocupava, no centro da baía. E era já vitorioso, que o governador geral escrevia para a Corte, informando à rainha regente, D. Catarina:
- "Eu me pus logo prestes o melhor que pude, que foi o pior que um governador podia".
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927).

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