terça-feira, 10 de janeiro de 2012

DROGAS E SEGURANÇA NACIONAL EM 2012

Antero Coelho Neto (*)
Analisando a situação do nosso país na atualidade, com seus imensos e antigos problemas políticos, econômicos e sociais, o uso de drogas e a insegurança nacional se destacam por sua gravidade crescente. Recordo que, já em 1994, angustiava-me o problema, principalmente pela minha então “especialização” no assunto. E neste jornal, em artigo publicado em 07-12-94, escrevi:
“Como Diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS/OPS) na Colômbia, com atividades articuladas em toda a área dos países Andinos, convivi, aprendi e sofri com as drogas, a violência e suas catastróficas conseqüências.
Senti com a morte, a dor e o terror de uma população inerte nas mãos de narco-guerrilheiros, narco-terroristas, narco-assassinos todos juntos com bandidos e delinqüentes comuns.
Convivi e senti na própria carne os estilhaços e ondas expansivas das bombas explodindo.
Chorei quando amigos foram agredidos, seqüestrados e mortos.
Ouvi e vi, aterrorizado, mascarados assassinos dando explicações, com racionalizações e mentiras, tentando enganar a opinião pública e as autoridades.
Que mataram porque a vítima tinha de ser morta para a segurança nacional. E não diziam nada sobre a enorme quantidade de dinheiro que lucravam.
Aprendi, com a experiência, que está na hora de parar essa monstruosidade. E que estamos necessitando de um grande movimento internacional em nome dos direitos humanos das vítimas dos narco-assassinos.
Mas, muito mais que tudo isso, passei a ter a certeza absoluta de que temos de ter leis muito mais rigorosas, ágeis e eficientes contra o tráfico e os seus assassinos, que a sociedade não deve ser permissiva com os corruptos que se locupletam favorecendo o tráfico, sejam eles quem forem, e que devemos estar todos convencidos de que narcotraficante assassino merece é uma prisão de segurança máxima. Não aquela que Pablo Escobar mandou construir para ele próprio.
Convivi com o poder do dinheiro do narcotraficante "comprando" quase todos, e quando digo quase todos é quase todos mesmo. Direta ou indiretamente.
Verdadeiro terror tenho só em pensar que ele possa infiltrar-se e contaminar o que temos de mais lindo e agradável como o carnaval, a música, o futebol, o pobre, as nossas religiões e seitas, os nossos agricultores, etc.”
E isto aconteceu, não?
Morando na Colômbia, país lindo, culturalmente desenvolvido e povo bom, trabalhador e amigo, tive de voltar para o Brasil, poucas horas depois de ter sido ameaçado de morte. O motivo foi que a OMS estava patrocinando, sob a nossa coordenação, a substituição das plantações de coca por café?
E agora, mais ainda, me preocupo pela destruição da qualidade de vida daqueles envolvidos com as drogas e de todas as suas famílias.
Por tudo isso, neste início de ano, será muito importante a realização do Projeto “Crack, é possível vencer!”, com uma mobilização geral da nação para a concretização de condicionantes importantes da qualidade de vida, saúde e segurança nacional. Antes que seja tarde demais.
(*) Professor, Médico e Presidente da Academia Cearense de Medicina.

Publicado In: O Povo, 28/12/2011.

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