Em 2004, quando o ENADE, exame oficial de avaliação do ensino superior do Brasil, foi aplicado, pela primeira vez, em Medicina, a Uece participou do certame na categoria de ingressantes, com a sua segunda turma de alunos, admitida no vestibular daquele ano. Foi surpreendente o resultado colhido, ao se constatar que os nossos acadêmicos obtiveram a média 4,8, quando o máximo possível era 5,0, ficando em segundo lugar no “ranking” nacional.
Em 2007, observando a periodicidade trienal disposta pelo MEC, o ENADE foi reaplicado em Medicina, e, de novo, por ainda não possuir concludentes, a Uece apenas pode participar com os seus alunos de primeiro ano letivo, frustrando a intenção institucional, que almejava a inclusão dos seus alunos prestes a ingressar no Internato e com previsão para colação de grau em dezembro de 2008.
O sucesso da primeira avaliação foi replicado na última, quando, mais uma vez, os nossos alunos ingressantes registraram excelente performance, posicionando-se em terceiro lugar, entre as escolas médicas do Brasil.
Nossos valores apontavam a alta qualidade dos alunos matriculados no Curso de Medicina, selecionados em um vestibular, com uma concorrência superior a sessenta candidatos por vaga, atestando o rigor do crivo para admissão na Uece. Os resultados, todavia, eram sempre vistos com cuidado, porquanto representavam, para a universidade, uma responsabilidade adicional em aprimorar uma matéria prima de boa qualidade prévia.
Desde os primeiros anos da implantação do curso, os diversos processos seletivos para estágios hospitalares públicos davam destaque ao excepcional desempenho dos estudantes da Uece, marcando presença entre os bem classificados, em que pese o seu menor quantitativo de candidatos, diante dos inscritos de outras escolas médicas locais.
De igual modo, os preceptores de Internato dos diferentes “loci” hospitalares, desde julho de 2007, deixam patente o reconhecimento do elevado nível e do vivo interesse no aprendizado dos nossos internos, ratificando que ser pequeno – afinal, são somente quarenta alunos novos admitidos, anualmente, pode ser uma vantagem comparativa para melhor preparar futuros médicos.
As boas avaliações intermediárias, durante o andamento da graduação, foram seqüenciadas por notáveis resultados colhidos, em disputados processos seletivos de Residência Médica realizados no Ceará e em outros estados, por nossos formandos das três turmas diplomadas, as de 2008, 2009 e 2010.
Como de praxe, uma parcela dos médicos recém-formados no País opta por engajar-se, de pronto, no mercado de trabalho, postergando o ingresso na pós-graduação, pelo que não se podia contar com uma avaliação de caráter universal, envolvendo todos os concludentes.
Essa oportunidade chegou, finalmente, com o ENADE de 2010, um laborioso e bem elaborado instrumento avaliativo do MEC, que foi aplicado em 21/11/2010, aos cursos de Medicina do Brasil, tendo a Uece tomado parte com a turma de 2010, entre os concluintes, e a de 2014, na condição de ingressantes.
Ao contrário de alguns estabelecimentos de ensino que até montam cursos “preparatórios”, para as provas do ENADE, a fim de que seus alunos logrem bons resultados, para posterior uso publicitário, que resultem em expor uma imagem positiva na sociedade e/ou atrair novas matrículas discentes, a Uece considerou mais oportuno que o rendimento do seu alunado fosse medido naturalmente, sem aulas de “reforço”, tão somente instigando a que seus participantes comparecessem e dessem o melhor de si durante o exame em questão.
Decorrido um ano de expectativa, o MEC divulgou o relatório final do ENADE - 2010, exibindo resultados alentadores para o Curso de Medicina da Uece, que integrou o grupo de mais avançado rendimento, formado este por 22 cursos que receberam nota cinco no ENADE e quatro no Conceito Preliminar de Curso (CPC). No aprofundamento dos valores auferidos pelos melhores cursos, o da Uece é o único do Ceará, e no “ranking” colocou-se em terceiro lugar no Nordeste e em décimo terceiro do Brasil, entre os 177 cursos médicos avaliados. Por certo, se esse feito pertencesse a um ente privado, “outdoors” seriam espalhados em Fortaleza, revelando, com destaque, o nome da escola bem sucedida, e ocultando-se os das concorrentes, em posições subalternas, e apenas referidas por letras do abecedário (Faculdade A, Faculdade B etc.).
Sem dúvida, o significativo desempenho da graduação em Medicina da Uece ressalta que, apesar das restrições materiais institucionais, o empenho dos seus corpos docente e discente, calcado nos valores e atributos individuais de ambos os segmentos, harmonicamente orquestrado, e regido com determinação, gerindo recursos próprios escassos, mas sabiamente nutridos pelos bons profissionais de saúde distribuídos nos serviços públicos de saúde, formam a combinação exata da receita de sucesso, ora retratada.
Em decorrência dos resultados alcançados, aguarda-se, pois, que os governantes do Ceará proporcionem condições para expansão do quadro docente efetivo da Uece e aprovem a edificação de um complexo hospitalar no campus do Itaperi, para que o povo cearense siga contando com médicos bem formados, a exemplo dos egressos dessa universidade, já com atuação no mercado profissional.
Prof. Dr. Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Professor titular do Curso de Medicina da UECE
* Publicado In: Revista MedUECE: Turma Dra. Ivelise Regina Canito Brasil. Fortaleza, dezembro de 2011. p.20-1.
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