Por Ricardo Alcântara (*)
No momento, o fato central da sucessão é a posição da prefeita Luizianne Lins ao defender como candidato um colaborador seu, desconhecido para os eleitores e mesmo para a parcela mais bem informada deles.
A insistência é ruidosa porque agravada pelos índices insuficientes de popularidade obtidos pela gestão, o que mantém adversários assanhados e aliados intranquilos. Enfim, falta, à prefeita, o razoável: bons argumentos.
O critério de escolha definido por ela e seu grupo político é absoluto e exclusivo: a “identificação com o projeto administrativo”. Só aí, dessas cinco palavras, já me sobram cinco perguntas. As farei sem esperança de resposta.
A primeira. Se o “produto” alcança tão elevado nível de excelência que o torna insubstituível em todos os seus aspectos, onde se deu, afinal, a grande falha que o faz indesejável aos olhos da clientela? É só uma pergunta.
Tenho outra. Afinal, que projeto é este? Apesar de sua presumida singularidade, ele não tem, salvo algumas ponderações protocolares, defensores fora do círculo restrito do comando administrativo.
Mais uma. Por que ninguém mais seria capaz de representá-lo? Nada do que tenho observado a respeito me parece excepcional o bastante para justificar a proteção máxima de um candidato fotocópia autenticada.
Ainda outra pergunta. Valeria mesmo à pena correr o risco de perder todo esse precioso tesouro, quando haveria boas chances de negociar uma aliança capaz de garantir a continuidade do que nele seria essencial?
Por fim, diante de tantas questões, e sabendo-se que o espectro do personalismo nunca foi exorcizado do inconsciente esquerdista, caberia, talvez, ainda perguntar: será que é mesmo este, o “bom” motivo?
Se a gestão não é tão má quanto vociferam os tucanos – gente que nunca compreendeu essa cidade o suficiente para merecer sua confiança – tão pouco é a maravilha que andam dizendo os espelhos do Palácio do Bispo.
(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.
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