quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

ATITUDE 40: a política reciclável

Por Ricardo Alcântara (*)
É baixa, a sinergia entre o governo do estado e a prefeitura de Fortaleza, mas, ao contrário do primeiro, a gestão municipal está mal avaliada pela população em sua média geral, segundo as pesquisas de opinião.
O comando político do governo discorda, ainda, do perfil traçado pela prefeita para o candidato à sua sucessão: ela deseja uma cópia autenticada sua, enquanto o aliado insiste em um nome com maior amplitude.
Hoje, as razões alegadas pelo governador para manter a aliança são todas de ordem pragmática: a convergência com o governo federal e o apoio – ou, o que é ainda mais útil, a ausência crítica – do PT no parlamento estadual.
Mas o governador não parece mais disposto a esperar que aquilo que lhe parece o bom senso se manifeste na outra margem. É o que significa o lançamento de um programa de articulações denominado Atitude 40.
Historicamente, à exceção da campanha vitoriosa de Ciro Gomes, o grupo do governador sempre fora coadjuvante do PSDB em disputas da capital. Eram campanhas burocráticas, geridas pela autocracia, sem sinergia com a cidade.
Ao lado de Tasso Jereissati, padeceram de sucessivas derrotas para o modelo de popularidade Juraci Magalhães até quando a adesão de Ciro Gomes ao “lulismo” e a aliança com o PT na capital mudaram o curso das coisas.
Reciclados, os Ferreira Gomes se descolaram da rejeição consolidada dos tucanos em Fortaleza e estabeleceram uma aliança com forças políticas representativas de diversos segmentos sociais antes distantes deles.
Agora, o grupo ensaia um passo à frente com o movimento Atitude 40, que promete ir aos bairros com prestação de contas, consultas populares e – claro! – o velho circo, cada vez mais obrigatório nos roteiros políticos.
A articulação não pode ser compreendida já como sinal de ruptura, mas tem como significado mínimo não se deixar a reboque do calendário eleitoral definido pelos interesses exclusivos da prefeita. Logo, é ato relevante.
O fato novo é que, pela primeira vez, o PFG (Partido dos Ferreira Gomes) se coloca como protagonista em seu relacionamento político com a capital, onde, afinal, está boa parte dos eleitores que decidirão a disputa de 2014.
(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.

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