A "MISSÃO" DAS "MISSÕES"
Antônio Ribas - "Perfil de Campos Sales", pág. 193
Tendo a República de concluir as negociações já entabuladas com a Argentina pela Monarquia sobre o território das Missões, pediu Deodoro a Quintino Bocaiuva, ministro das Relações Exteriores, que se aprontasse para ir a Buenos-Aires em companhia de Henrique Moreno, representante daquele país no Brasil.
- Irão no Riachuelo, e já expedi ordens nesse sentido, - declarou o marechalíssimo.
E como Quintino se escusasse, preferindo um paquete de carreira:
- Não, senhor; é o governo do Brasil que vai na sua pessoa; irá, portanto, em navio da sua esquadra.
ORGULHO DE COLONO
Moreira de Azevedo - "Mosaico Brasileiro", pág. 21.
Achava-se José Basílio da Gama, autor do poema Uruguai, em Lisboa, quando alguns dos seus amigos portugueses o levaram a visitar os pontos principais da cidade. De súbito, na sua vaidade de filho da metrópole, um deles perguntou ao visitante:
- Há, no Brasil, algum monumento que se compare à nossa estátua de D. José?
- Não; não há, - confessou o poeta.
E, por sua vez, num acesso de orgulho:
- Mas poderia tê-lo, de ouro maciço, com o ouro que tem mandado para cá!
UM RESSUSCITADO
J.M. de Macedo - "Ano Biográfico", vol. III, pág. 52.
Desgostoso com o rumo tomado pela política, o senador Francisco Gonçalves Martins, visconde de São Lourenço, que foi ministro do Império, abandonou o Senado e a Corte em 1860, indo refugiar-se na sua província, a Bahia, inteiramente alheio à marcha dos negócios públicos.
Ao fim de quatro anos voltou, porém, ao Rio de Janeiro, onde, forçado a subir à tribuna, pronunciou um notável discurso, em que havia este trecho:
- Sou, enfim, senhores, um ressuscitado, que vem de um país onde as paixões não dominam, nem mesmo penetram!
A MOCIDADE DE BILAC
Amadeu Amaral - Discurso na Academia Brasileira de Letras, pág. 20.
Levava Bilac uma vida de boêmio nos primeiros tempos da mocidade, quando o pai, entregando-lhe um bilhete de entrada, lhe ordenou, um dia, que fosse ao teatro, onde se representava nessa noite um dramalhão: Os sete degraus do crime.
O poeta foi. No dia seguinte o velho indagou:
- Assistiu à peça?
- Assisti, sim, senhor.
- Prestou bem atenção ao final?
- Prestei.
- Como foi que morreu o protagonista?
- Na forca.
- Pois, olhe, - bradou-lhe o ancião, com voz estentórica, - é esse o fim que o espera, se o senhor não mudar de vida!
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927).
Nenhum comentário:
Postar um comentário