Brendan Coleman Mc Donald (*)
Mais uma vez o nascimento de Jesus está diante dos nossos olhos. O Filho de Deus, que se fez homem, nasce entre nós, torna-se o Deus conosco. Deus aproximou-se dos homens para salvá-los, num gesto de espantosa solidariedade. Cristo, o prometido de séculos, o esperado de gerações chegou. Ele veio não para nos condenar, mas para nos salvar.
“Na plenitude dos tempos Deus mandou seu Filho, nascido de uma mulher, para que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl 4,4-5). Nesta frase lapidar de Paulo está o motivo fundamental da encarnação do Filho de Deus: tornar-nos novamente filhos de Deus.
A universalidade das comemorações natalinas é algo assombroso em um mundo que aparenta estar divorciado do eterno e do transcendental. Nas mais diversas modalidades, mesmo sem conhecerem explicitamente o Cristo, e até rejeitando-o, os homens se alegram e desejam uns aos outros felicidade. Há preocupação em comunicar ao próximo o bem-estar.
Cada Natal transmite ao mundo lições de paz, de concórdia e de fraternidade. Porém, é triste ver um mito como “Papai Noel” ocupando o lugar do Menino Deus nos festejos natalinos. Um ícone do consumismo imposta à nossa cultura, não inspirado na verdade histórica e nos valores éticos.
O presépio, criado por São Francisco de Assis no séc. XIII, exprime uma lição a um mundo que valoriza exageradamente o dinheiro, o poder e o gozo. Quando os homens colocam como supremo árbitro o dinheiro o presépio nos prega o despojamento. Quando os homens querem resolver os problemas usando valores terrenos, a manjedoura nos fala dos valores transcendentais. Quando os homens se dividem pelo ódio e pela violência do silêncio de Belém emana uma magnífica proclamação de paz e de concórdia.
Observemos o mundo em que vivemos: corações amargurados, guerras, ódio, injustiça, egoísmo, chocante miséria, terrível fome, gravíssimas doenças, drogas, desrespeito à pessoa humana, e temos aí uma ideia do longo caminho a percorrer até a mensagem do Natal seja vitoriosa. São João falando da Encarnação do Filho de Deus no Natal expressa uma grande tristeza: “Veio para os seus e os seus não o receberam” (Jo 1,11). E nós recebemos no coração Cristo, Príncipe da Paz? Como diz o Apóstolo: “Cristo é nossa paz” (Ef 2, 14). A todos um feliz e santo Natal.
(*) Padre redentorista e assessor da CNBB Reg. NE1.
Publicado In: O Povo, 24/12/2012. p.7.
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