domingo, 30 de dezembro de 2012

O BRASIL ANEDÓTICO XLVIII

A MORTE DE BILAC
Coelho Neto - "Revista da Academia Brasileira de Letras", n° 42, de junho de 1925.
Com os seus sofrimentos de fígado, coração e rins agravados, Olavo Bilac recolhera-se aos seus aposentos de solteirão desde outubro de 1918. E a 28 de dezembro, quando o dia começava a raiar, morreu.
- Amanhece... - disse, fechando os olhos.
E no último alento:
- Vou escrever...
POPULARIDADE E VULGARIDADE
"Revista da Semana", número especial, de 28 de novembro de 1925.
Era o Duque de Caxias ministro da Guerra, quando o Imperador foi visitar, em sua companhia e com o seu séquito, um dos quartéis da capital. Chegando ali, percorreu o edifício todo, indo até à cozinha, onde se servia, na ocasião, o rancho aos soldados.
- Dê-me uma destas marmitas, - ordenou o soberano, indicando uma das rações de sopa.
Atendido, tomou Sua Majestade todo o conteúdo, declarando que, mesmo no Paço, jamais tomara sopa tão saborosa.
Disciplinado e disciplinador, Caxias não gostou da singeleza do monarca. E, ao portão do quartel, disse-lhe, brusco:
- Vossa Majestade há de desculpar a minha franqueza, mas, por esse processo, Vossa Majestade não se populariza.
E corajoso:
- Vossa Majestade "vulgariza-se"!
ARMISTÍCIO AOS ÍNDIOS
Moreira de Azevedo - "Mosaico Brasileiro", pág. 50.
Em 1808, o governo de Lisboa declarou guerra aos índios do Brasil, por meio de um manifesto em português castiço, que mandou espalhar no país.
- Vou pedir um armistício, - declarou, ao ler esse documento, o jornalista brasileiro Hipólito José da Costa, em quem era nativo o ódio à metrópole.
- Armistício para que? - indagou um amigo.
E ele:
- Para dar tempo aos índios de aprenderem a ler, a fim de apreciarem as razões aqui alegadas.
O TERNO DO HISTORIADOR
Humberto de Campos - Discurso de recepção na Academia Brasileira de Letras, maio de 1920.
Entre as figuras de relevo que serviam de alvo habitual à sátira impiedosa de Emílio de Menezes, estava Capistrano de Abreu, historiador ilustre, sábio respeitadíssimo, em torno do qual se criara uma glosadíssima lenda de desleixo, de abandono próprio, e, mesmo, de falta de higiene. Utilizando esta versão popular, contava o poeta:
- Uma vez o Capistrano mandou à tinturaria, para ser lavado, um terno com que andava há doze anos. Uma semana depois, aparece-lhe à porta um empregado da tinturaria, e entrega-lhe um embrulho pequenino, que lhe cabia na mão.
E como lhe perguntavam o que seria, Emílio concluía, invariável:
- Eram os botões, menino!
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927).

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