Praça da Liberdade no Otávio Bonfim: Estátua de Farias Brito e Igreja N. Sra. das Dores |
Entre Lisboa e Fortaleza, uma bela coincidência: lá, Alfama, o bairro histórico, guarda nos seus restaurantes e bares, a nostalgia do fado, servindo de pano de fundo as freguesias da Sé e de Santo Estevão, com seus centenários templos de religiosidade. Por cá, o Otávio Bonfim, o bairro das Dores e dos Amores, na visão do escrevinhador, onde se encontra encravada a Igreja de Nossa Senhora das Dores, e no qual floresceram tantos amores, cristalizados no tempo e na memória de moradores e paroquianos, que ali conheceram os seus melhores dias.
Tudo isso está sintetizado no livro: “Otávio Bonfim, das Dores e dos Amores: sob o olhar de uma família”, cujo título lembra, com sutileza, o cantar triste do fado, propondo-se o autor (M.G.C.S.) a fotografar com as lentes da emoção, um perímetro urbano, cinco décadas de permanência nas suas ruas e vielas, familiares, amigos, personagens de destaque e figuras pitorescas, que fizeram, do bairro, uma lenda, e da experiência de vida nas suas paragens, uma grande saudade.
O livro, composto por crônicas, anatomicamente, está dividido em cinco partes que compreendem: I. Os Ancestrais, que discorre sobre a saga de avós, pais e tios do autor, que viveram no bairro Otávio Bonfim; II. Os Filhos, revelando a trajetória de vida da segunda geração, criada no bairro, representada pelos herdeiros sanguíneos de Luiz Carlos da Silva e Elda Gurgel e Silva; III. A Vida Familiar, expondo traços do cotidiano da família Gurgel Carlos da Silva, no contexto do ambiente social; IV. O Entorno, tratando mais explicitamente das cousas mundanas do bairro; e V. Paz e Bem!, cujo mote sacro reside na contribuição dos frades franciscanos ao desenvolvimento local, realçado pela pungente atuação de Frei Teodoro Haerke: franciscano zeloso e desportista nato; Frei Hildebrando Kruthaup: empreendedor audacioso e humanista; Frei Lauro Schwarte: um apóstolo da juventude; e Frei Humberto Wallschlag: um evangelizador social. As duas primeiras partes, focadas no clã familiar, conectam-se com as duas últimas, centradas na comunidade, pela parte mediana posicionando nossa família no meio social e comunitário.
Tudo acima faz parte do livro que vai além da mensagem explícita nos textos. É um livro vivo, fiel às lembranças acumuladas na memória de uma família, com a clara intenção de provocar transformações nos seus leitores. É que ninguém fica impune ao exercício de sofrer, amar e recordar.
Médico e economista em Fortaleza
* Publicado In: O Povo. Fortaleza, 11 de dezembro de 2012. Jornal do Leitor. p.2.
Excelente texto. Parabéns, Marcelo!
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