Prof. Cajuaz Filho (*)
Buemba! Dizia o Macaco Simão!
Saiu na imprensa brasileira, uma afirmação do Ministro Gilmar
Mendes sobre a aprovação, pelo Congresso Nacional, da PEC 33 que não me deixou
estarrecido e veio confirmar o que eu já dissera, tempos atrás, em se tratando
da implantação do piso salarial dos professores das Universidades Estaduais do
Ceará.
Por não exigir, dentro das normas, que sua decisão fosse
cumprida, o STF já estava na UTI.
Eis a confirmação: Em 2007, vinte anos de tramitação para
julgamento do processo sobre o piso salarial dos professores das Universidades
Estaduais do Ceará em que o Estado do Ceará arguia inconstitucionalidade, o Supremo
Tribunal Federal, com estudo acurado das provas e contraprovas, decidiu, por unanimidade,
pela sua constitucionalidade e a decisão, como é normal, comunicada ao Tribunal
Regional do Trabalho, 7ª Região, 4ª. Vara para sua imediata implantação.
Talvez “forças ocultas” como diria o ex-presidente Jânio
Quadros, estejam brecando a execução.
Seis sóis já são passados e a execução da decisão do STF anda
por ceca e meca e necas de pitibiriba.
Até hoje o Tribunal Regional do Trabalho não teve coragem de
implantar a decisão da Suprema Corte. Por quê?
Será desídia ou medo?
Incrivelmente vou optar pela segunda hipótese, pois nada mais há
que se questionar. A decisão foi da Suprema Corte. Os perdedores que façam
romaria ao Muro das Lamentações. Agora é só fazer valer a decisão do STF e pronto,
desgoste ou não a quem quer que seja. Isso é justiça.
Não está ocorrendo o que se esperava do pós-julgamento. Por isso
digo que a afirmação do Ministro não me surpreende. Se o STF ainda estivesse
aberto, mesmo que para balanço, deveria ter força e coragem para fazer valer
sua decisão. Isso é ser intemerato e intimorato. Não aconteceu.
Num país democrático, como o nosso (?), o Judiciário é o Terceiro
Poder da República e tem poderes, dados pela própria Constituição, de cominar
com as penas previstas aqueles que desobedecem às suas decisões seja quem for, sem
discriminação alguma de qualquer ordem.
Por que isso não acontece? É a dura e cruel interrogação.
Para os professores das Universidades Estaduais, na minha ótica
e sem procuração alguma, o Supremo
Tribunal Federal já está fechado desde 2007.
Por que só agora o STF acordou para o problema?
A PEC 33 mexeu no seu brio, na sua dignidade, nas suas
atribuições, na sua competência e tirou-lhe poderes?
Acredito que sim, pois ela condiciona o efeito vinculante de
súmulas aprovadas pelo STF (o que é uma barbaridade) ao aval ao Poder Legislativo
e permite ao Congresso derrubar as decisões do STF o que pode também acontecer
no âmbito estadual. Assim as decisões da Suprema Corte terão que passar pelo
crivo do governador. Se ele gostar muito bem; se não, manda modificar essas
decisões a seu bel-prazer. Então será, como diz o povo “o fim da picada”.
Isso quer dizer o STF não mais terá poderes para decidir. Então
pode ser fechado e a sociedade volta à barbárie.
Um verdadeiro tsunami. Arrasador como foi o acontecido
recentemente no Japão pela perda de vidas humanas e de bens materiais, e
avassalador como esse para a sociedade brasileira, pois vai afetar a vida de
vários setores do país, causando desastres violentos para as pessoas e para a
ordem social, política, econômica, religiosa e mais.
Vai, agora, predominar a vontade do Congresso Nacional, ai, ai, ai,
que não merece a confiança do povo brasileiro.
Supremo Tribunal Federal, não espere grandes cerceamentos de
seus poderes. A gota d´água é que faz os grandes rios.
Fiscalize as pequenas decisões e exija seus cumprimentos. Mostre
sua força na defesa dos direitos de quem os tem. Isso é Estado Democrático de
Direito.
(*) Professor aposentado da Uece. Editor de APESC Notícias.
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