João Brainer Clares de Andrade (*)
Nas últimas semanas, a imprensa nacional noticiou
declarações de diferentes ministros brasileiros que alentavam a vinda de
médicos estrangeiros. O objetivo inicial era um acordo para a importação de 6
mil médicos formados em Cuba, brasileiros ou não, em um processo de revalidação
automático de diplomas, eximindo-se de qualquer avaliação teórica ou prática.
Ao mesmo passo que o ministro da Saúde, Alexandre
Padilha, cumpre agenda de pré-candidato ao governo do estado de São Paulo, a
medida de importação baseia-se em um critério matemático divulgado pelo
Ministério da Saúde: a proporção de médicos por habitante no Brasil chega a
quase três vezes inferior a outros países da América Latina, mesmo já formando
mais de 16 mil médicos/ano e tendo 200 escolas de Medicina no País.
Sob a justificativa de levar médicos a áreas de difícil
atração, o Governo Federal utiliza outro dado: em países como Canadá e
Inglaterra, os médicos estrangeiros compõem parcela significativa no
contingente nacional. Esquecem-se, no entanto, de pontuar que esses países
oferecem condições de trabalho e tratamento ao paciente, em qualquer local que
seja. As remunerações são dignas e há meios de oferecer qualidade de
atendimento ao paciente. No Brasil, a estratégia parece ser mais barata:
importar mão de obra sem qualquer tipo de avaliação para conter o ímpeto de ter
médico em qualquer lugar, em qualquer situação ou qualidade.
Por sorte, e como pouco se viu nos últimos anos, os
médicos brasileiros estão se mobilizando. Não mais toleram os baixos salários e
as condições indignas de trabalho, em que paciente e médico correm riscos
simultâneos. Em movimento que tem conquistado adesão da sociedade, diz-se um
basta à política eleitoreira com saúde pública. A população precisa, sim, de médicos;
precisa de médicos bons, com condições de atendimento.
Se os responsáveis pela empreitada consideram a Medicina
cubana tão superior à brasileira e, portanto, “útil” à nossa população, que se
mudem para Cuba; e não se esqueçam da mala...
(*) Acadêmico de Medicina da Universidade Estadual do Ceará
(Uece)
Publicado In: O Povo, de 30/05/2013. Opinião.
p.7.
Nota do Blog: Fica a sugestão de que, por misericórdia, cada emigrante
brasileiro leve duas malas: uma cheia de papel
higiênico, e outra, de absorvente feminino. No
percurso da viagem, faça-se uma escala em Caracas, para entregar,
simbolicamente, a primeira mala aos milhares de médicos cubanos, radicados na
Venezuela, e atualmente responsáveis pela combalida oferta de serviços de saúde
aos venezuelanos; a segunda, repleta de absorventes catameniais, chegaria ao destino
final, Havana, a ser ofertada às cubanas, que são privadas do uso desse artigo íntimo,
considerado fútil e de luxo pelas autoridades da ilha caribenha, e, por certo,
apenas disponível às mulheres vinculadas, conjugal ou funcionalmente, ao Partido Comunista de Cuba.
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