Por Ricardo
Alcântara (*)
Os
adversários políticos que parem de lamber os beiços: em sigilo, sem nada
transpirar para fora dos muros palacianos, o governo do estado está preparando
um amplo programa com medidas de impacto em segurança pública.
E
como soubemos disso? Não soubemos: estamos apenas supondo, pois outra razão não
deve haver para o silêncio do governador sobre o problema, diante que está de
índices alarmantes – e crescentes – de criminalidade no seu condomínio.
Quando
circularam as primeiras notícias sobre os recordes de criminalidade no estado,
com a liderança da capital em itens de maior gravidade, o que fez o governo?
Nada. Anunciou que sua polícia daria suporte à segurança do prefeito.
Quando
saíram indicadores de que os números de assaltos no primeiro semestre deste ano
superaram as ocorrências do mesmo período do ano anterior, que medidas anunciou
o governador? Que, sim, a polícia faria a segurança do prefeito!
O
Povo revelou que 50 por cento das viaturas do Honda do Quarteirão não atendiam
às chamadas telefônicas – um atestado de óbito para o programa de maior
visibilidade do governo. E daí? A segurança do prefeito está garantida, ora.
Se,
de acordo com registros policiais, acidentes fatais com motos aumentam em progressão
geométrica sem que sequer uma campanha educativa seja anunciada, qual o
problema? Nenhum: a polícia já garantiu segurança ao prefeito da capital.
Quando
questionado por ser a proteção policial ao prefeito a única decisão tomada pelo
governo em questões de segurança, Joel Brasil, chefe da Casa Militar, reagiu
com a desconcertante sinceridade de um militar: “O terror está espalhado”.
Veja.
Não foi um showman da mídia sensacionalista ou membro da bancada da
bala quem disse. O “salve-se quem puder” partiu do responsável pela segurança
do chefe de governo, decretando a rendição do Estado em questões desta
natureza.
Pois
é considerando a desproporção entre a gravidade do problema e a indiferença que
o governador manifesta publicamente em relação a ele que passo a supor – serei
eu um otimista incorrigível? – que vem por aí a salvação da pátria. Aguardem!
(*) Jornalista e
escritor. Publicado In: Pauta Livre.
Pauta Livre
é cão
sem dono. Se gostou, passe adiante.
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