CONSELHO DE
MESTRE
Contada pelo
deputado Luís Domingues ao colecionador.
Ao chegar ao Rio de Janeiro em 1886, Luiz Domingues, que
foi presidente do Maranhão, e deputado federal, procurou Cotegipe a fim de
entregar-lhe uma carta de recomendação. O velho estadista deu-lhe alguns
conselhos, e, à despedida, acentuou:
- Meu filho, procure nunca ser de todos ao mesmo tempo.
Dizem que, "quem não tem vergonha todo o mundo é seu"; a verdade,
porém, é que, quem não tem vergonha, é que é de todo o mundo.
OS ÚLTIMOS
MALCRIADOS
Alberto Rangel
- "Pedro I e a Marquesa de Santos", pág. 41.
Chegado do estrangeiro, onde se havia demorado, o
Visconde de Barbacena, foi ao palácio de São Cristóvão visitar o Imperador. E
um dos primeiros cuidados deste, com a amizade que votava ao discreto titular,
foi mostrar-lhe o Príncipe Imperial, que seria Pedro II e andava apenas pelos
dois anos de idade.
- Este - disse-lhe o
soberano, agradando o pirralho; - este será
bem educado; hás de ver.
E como quem se conhece:
- Eu e o mano Miguel havemos de ser os últimos malcriados da
família!
A ABDICAÇÃO DE
PEDRO I
J.M. de Macedo
- "Ano Biográfico", vol. III, pág. 232.
Os fatos desenrolados na noite de 6 para 7 de abril de
1831 puseram em relevo todas as qualidades de energia e de orgulho
do primeiro Imperador do Brasil. Formada no Campo de Santana, a guarnição da
capital exigia a reintegração do ministério de 20 de março, demitido na
véspera. Passava e meia-noite quando o brigadeiro Lima e Silva, comandante das
armas, despachou para S. Cristóvão o major Miguel de Frias, pedindo a Sua
Majestade que cedesse à vontade do povo e da tropa.
- O mesmo ministério, de forma alguma! - declarou, peremptório, Pedro I, ao ouvir o emissário. - Isso é contra a minha honra e contra a Constituição. Antes
abdicar. Antes a morte!
Refletiu, porém, um instante, pediu ao oficial que
esperasse, e, entrando para um compartimento próximo, voltou, momentos depois,
com um papel na mão.
- Aqui tem a minha abdicação, - declarou, entre a surpresa dos presentes, entregando
ao major Frias a folha de papel.
E comovido, entre o silêncio de todos:
- Desejo que sejam felizes. Eu me retiro para a Europa, e
deixo um país que sempre amei, e tanto amo!
Eram duas horas da manhã.
A FAMILIARIDADE
DE FLORIANO
Serzedelo
Correia - "Páginas do Passado", pág. 41.
Na noite em que Deodoro assinou o decreto dissolvendo o
Congresso, Serzedelo Correia, informado disso, às onze horas, pelo deputado
Urbano Marcondes, correu a comunicar o fato a Floriano, que morava, então, em
Santa Alexandrina. Ao bater na porta, em companhia de Sampaio Ferraz e Aníbal
Falcão, que encontrara tomando cognac, no Café de Londres, acorreu do
fundo da casa quase às escuras a ordenança do futuro consolidador.
- O marechal está acordado ? - indagou.
- Está.
- Vai dizer-lhe que o tenente-coronel Serzedelo precisa
falar-lhe.
Entraram os três.
Floriano recebeu-os na sala de jantar, em ceroulas, com
um candeeiro na mão.
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927).
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