ORDEM DA ROSA
Visconde de
Taunay - "Trechos de minha vida", pág. 168.
O retrato que Pedro I possuía da princesa Amélia de
Leuchtenberg, tornara-o ansioso pela sua chegada ao Rio de Janeiro. A visita da
filha do príncipe Eugênio quase que o enlouqueceu, pois que o original era mais
lindo ainda que o retrato.
Ao vê-la, a bordo da embarcação que a trouxera, o
Imperador não se conteve. A princesa vestia, para o desembarque, um delicioso
vestido de gaze branco, salpicado de rosas meio abertas. E foram essas rosas
que deram ao imperial noivo, de espírito cavalheiresco, a idéia súbita de criar
uma Ordem honorífica.
- Será a Ordem da Rosa!
- declarou.
E criou-a nesse mesmo dia, com a divisa:
- "Amor e Fidelidade".
O VIDIGAL
Moreira de Azevedo
- "Mosaico Brasileiro"
O major Miguel Nunes Vidigal, cujo nome atravessou o
tempo e é citado hoje, depois de um século, como se tivesse passado há dois
anos, era não só enérgico, severo na imposição dos castigos, mas, também,
inteligente.
Com carta branca
para restituir a segurança e o sossego à cidade, invadiu o major, certa noite,
uma casa de pândega, encontrando aí, entre outros infratores da moralidade
noturna, um cadete, filho de um seu amigo, a quem logo reconheceu. O rapaz, ele
próprio, alegou essa qualidade, procurando escapar ao corretivo.
- O que?! trovejou Vidigal. Esse tratante, além de metido
nestes lugares, ainda quer passar como cadete e filho de um amigo meu!
Metam-lhe a chibata! O moço de quem ele fala não era capaz de tomar parte
nestas reuniões tão ridículas!
E após a surra, baixo, para o rapaz:
- Eu o reconheci. O senhor é o cadete filho do meu amigo.
Mas... para que os senhores fazem destas?
UMA INDISCRIÇÃO
DE PEDRO I
Alberto Rangel
- "Pedro I e a Marquesa de Santos", pág. 40.
É nos dias tormentosos de 1830, quando a Câmara ferve,
discutindo a eleição do ex-ministro da Guerra, Joaquim de Oliveira Álvares,
eleito deputado pelo Rio Grande do Sul. Ansioso pela salvação do amigo, Pedro I
chega a uma das janelas do Paço que dá para o edifício da Câmara, e é recebido
com chufas e assobios pela população aglomerada na rua.
Nesse momento, chega alguém que vem da Câmara. O
Imperador volta-se, aflito, indagando:
- Quem está falando neste momento na Assembléia?
- É o Ledo, - responde-lhe.
- Está estupendo, quebrando lanças pelo
Oliveira Álvares!
- Forte tratante! -
exclama o soberano, contente.
E esfregando as mãos, feliz:
- É a terceira vez que o compro e de todas tem me servido
bem!...
A CARIDADE
J.M. de Macedo
- "Ano Biográfico", vol. III, pág. 317.
O dr. Mateus Saraiva, que exerceu a clínica no Rio de
Janeiro na primeira parte do século XVIII, e que escreveu A América Portuguesa
Ilustrada, obra em que procurava demonstrar a passagem do apóstolo Tomé pelo
Brasil, tornou-se veneradíssimo pela sua caridade.
Era sua esta frase:
- Se há alcaide que prenda a Deus, ou se Deus se pode
deixar prender, é a caridade o único ministro que, sem sacrilégio, pode
executar a diligência!
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927).
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