Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Aristóteles
apregoa “Quem encontra prazer na solidão ou é uma fera selvagem ou julga-se
— um Deus".
O medo da solidão vem desde quando nasci. É um temor
congênito. Temor tamanho que parto a procura do amor e seu imprevisto.
Tentativa, na maior das vezes, frustrada e frustrante de encontrar quem faça
companhia à minha solidão existencial. Tudo pode ser adquirido na solidão menos
o caráter - sem caráter - não interessa permanecer vivendo e por isso...
continuo buscando.
Busco o amor, que quando acontece é inconsciente,
inconstante e enganoso. E ninguém é dono das próprias emoções, quanto mais das
alheias.
Sendo a natureza humana contraditória, ocorre que quando
estou sozinho, sinto o desejo de estar acompanhado e quando acompanhado chega o
anseio de ficar sozinho... E vivendo nesse dilema com medo de amar, e amar
muito mais, da solidão busco o amor embora sabendo que ele, quase
rotineiramente, conduz à pior das frustrações do desamparo existencial.
Vejo como a saída, sem escolha, o fado de buscar o amor
nas trilhas da vida. Não existe outro caminho para não ficar sozinho. O amor é
um afeto criado para enfrentar o desamparo. É parte daquele misterioso salto da
mente para o corpo que alguns estudiosos denominam de Psicossoma.
Lembro ao companheiro de jornada: o solitário (não
importa o gênero) não tem alegria, nem bênção e nem sorte. Gostando ou não, sem
amor não há vida. Destarte quando ouso falar do amor falo baixinho. Ele
completa o que me falta, mesmo quando acerto... vez por outra.
Mas, como tudo nesta vida tem um sentido, a solidão
existe para se que se atinja a sabedoria que leva a conhecer a importância no
amor. Muito embora saiba que “O amor é eterno enquanto durar." (Henri de
Régnier-1864-1936).
Concluo.
O amor é a arte de ajudar a Natureza. O celibatário não
tem alegria, nem bênção e muito menos sorte. Não fujo do amor. Ele vai me
encontrar na mais profunda solidão. Quem não ama declina da oportunidade de
alcançar o amadurecimento.
O ser humano foi inventado para sentir o castigo de viver
ou sobreviver na solidão. De qualquer maneira aprendi que ficar com medo de
decepções amorosas é bobagem e que o amor é bem mais misterioso do que fatos e
palavras poéticas.
Palavras? Essas surgirão na hora oportuna.
De qualquer maneira, não perco a oportunidade de Amar.
Aproveito o momento. É o que faço e o que gosto. O resto é resto.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
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