quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

CAUSAS E EFEITOS



Antero Coelho Neto (*)
Continuando o assunto tratado em um nosso artigo anterior e, no momento atual do Brasil, é fundamental discutir sobre as Causas e Efeitos de nossa crise, para poder fazer um plano para o desenvolvimento futuro de nosso país. É necessário destacar que muitos Efeitos se transformam em outras Causas de maior gravidade. É o que tem acontecido.
Há vários anos atrás, passei a defender que as Causas Fundamentais de nossos grandes problemas,  seriam: 1. Má distribuição da renda - 2. Educação e 3. Saúde. Outros condicionantes discutidos e trabalhados seriam de menor valor. Também tenho destacado, desde há vários anos, inclusive neste Jornal, há 30 anos, o que tenho aprendido em saúde e educação, na América Latina, como Consultor e Representante da OMS/OPS em vários países latinos e no Brasil como Diretor, Reitor e Planejador de vários organizações e programas e projetos nessas áreas. E também, muito importantes, são as dimensões Qualidade e Quantidade de Vida dependentes diretas da nossa educação e saúde. Cito esta minha formação, não para destacar meus títulos, mas para justificar o valor que dou ao que aprendi e defendo.
O Brasil tem a 2ª pior distribuição de renda no Mundo (75% da riqueza pertence a 10% da população) e é a 4ª pior da América Latina (ONU). Tem melhorado alguma coisa nos últimos 10 anos, mas ainda insuficiente para compensar essa grave distorção. Por outra parte, os brasileiros contribuem excessivamente com outros tipos de impostos, o que complica ainda mais a solução desses problemas.
A Suécia é o país onde a alíquota máxima do imposto de renda (IR) para a pessoa física é a mais alta do mundo. Os suecos que ganham mais, entregam para o governo até 58,2% dos seus rendimentos.
No Brasil são milhões de habitantes pobres e muito pobres que o modelo adotado de distribuição de renda tenta esconder. Amigos, temos milhões e milhões de brasileiros sem renda suficiente para viver dignamente, sem educação e sem saúde. E como vão viver os que estão nas áreas miseráveis de nossas cidades periféricas? Passam a usar drogas, cometer violências, matar e perturbar a nossa sociedade. E também muita corrupção apareceu, inclusive na área política com muitos de “nossos” representantes elaborando processos escusos de roubos, em vários graus, de nossos sistemas de representação municipal, estadual e federal.
Claro que, agora, fica muito difícil resolver esta situação através de uma simples melhoria na distribuição de renda da população. Vários outros problemas apareceram e o que nós considerávamos como Causas, se transformaram em Efeitos graves e de difícil solução política, financeira e social. E agora são Causas muito importantes.
Como não temos notícias da elaboração de um Plano Nacional, articulando para o presente e para o futuro, como deveríamos ter, as Causas e os Efeitos estão todos misturados e sem nenhum significado para todos.
Mas, “uma luz apareceu no fim do túnel”: esperemos, então, ação do Supremo Tribunal Federal (STF) que, finalmente, funcione e perdure, para que, finalmente, nos livremos do aposto “Brasil país da impunidade”.
(*) Médico, professor e ex-presidente da Academia Cearense de Medicina.
Publicado In: O Povo, 27/11/2013. p.6.

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