Brendan Coleman Mc
Donald (*)
Neste ano de 2013 o tempo do
Advento começa no primeiro dia de dezembro. Na Igreja Católica a palavra
advento se refere ao período de quatro semanas preparatórias para o Natal. O
termo é cristão, mas de origem profana, pois significa visita oficial de um
personagem importante no tempo da sua posse. Nos escritos cristãos dos
primeiros séculos, torna-se termo clássico para designar a vinda de Cristo.
Trata-se de preparar bem a Festa
do Natal, fazendo-a superar a mera comercialização ou as insuficientes emoções
humanas, para chegar à profundidade do mistério de um Deus que nasceu entre os
homens, a fim de orientar o mundo e a humanidade segundo um novo plano. O
Menino Jesus que nasceu em Belém, pobre e rejeitado, é realmente o Rei do
Universo. Ele não impõe a sua vontade e o seu reinado, mas convida a todos a
acolher sua lei e construir assim uma sociedade de paz e universal
fraternidade.
O Natal será festa de verdadeira
alegria, de profunda paz e renovada comunhão entre os homens, na medida em que
houver uma autêntica e profunda preparação espiritual. O Advento deve ser um
tempo de conversão. Estudando a Sagrada Bíblia descobre-se que os grandes
mestres do tempo do Advento são o profeta Isaías e o precursor João Batista,
cujas leituras nos são propostas na liturgia das quatro semanas de preparação
para o Natal.
O profeta Isaías estimula a
expectativa e o desejo da vinda de Cristo, descrevendo a beleza dos tempos
messiânicos: “Então o deserto se converterá em jardim e o jardim tomará o
aspecto de um bosque. No deserto reinará o direito e a justiça habitará no
jardim. A justiça produzirá a paz e o direito assegurará a tranquilidade. Meu
povo habitará em mansões serenas, em moradas seguras e abrigos tranquilos”
(Isaías 32, 15-18). São João Batista, o austero pregador do deserto, exorta à
penitência e conversão bradando: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as
suas veredas” (Lc 3, 4-5).
As quatro semanas do Advento que
termina na Festa do Natal são para nós, cristãos, uma fonte de espiritualidade,
uma bússola capaz de dar rumo e sentido a nossas vidas. “O tempo do Advento
possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades
do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens,
é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para
a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos” (cf. Diretório da
Liturgia, 2013, Ano C, p.189).
Cada celebração do nascimento do
Cristo é uma reafirmação da força invencível da verdade e do bem. Mostra o
valor de uma luz que se acende nas trevas. Neste tempo que antecede o Natal, a
“Coroa do Advento” aparece ao lado do altar nas Igrejas Católicas. A Coroa do
Advento, feita com ramos verdes, enfeitada com fitas coloridas e cinco velas de
cores diferentes que progressivamente vão sendo acesas, retoma o costume
judaico de celebrar a vida da luz na humanidade dispersa pelos quatro pontos
cardeais.
Em cada domingo do Advento se
acende uma vela. No primeiro domingo se acende uma vela amarela (Isaías anuncia
a salvação ainda distante, cerca do ano 500 a.C; luz pálida). No segundo domingo se
acende uma vela vermelha (João Batista testemunha o Salvador já próximo com
martírio). No terceiro domingo se coloca na “Coroa do Advento” uma vela roxa
(Maria traz o salvador, roxo da penitência). No quarto domingo uma vela verde é
acesa (Jesus traz a salvação, verde da árvore da vida, broto da raiz de Jessé).
Na véspera do Natal uma vela branca é colocada na coroa, símbolo de Cristo a
luz do mundo.
Os preparativos e a expectativa
para o Natal marcam o mês de dezembro de cada ano. Há, entretanto, profunda
diversidade de motivos que alteram os hábitos e sentimentos de pessoas nesta
época. Crença genuína ou mera caricatura do nascimento de Cristo; narração fiel
ou distorção do fato histórico e de sua dimensão sobrenatural; simples promoção
comercial; um simples desejo de aparentar bondade; cumprimento de obrigações
sociais: tudo isso significa falsificação de uma mensagem profunda e
transformadora. É o Natal num mundo secularizado e descristianizado.
Porém, há outra festividade
natalina que consiste na autêntica e verdadeira celebração do nascimento de
Cristo. Esta nos leva a uma expectativa de um novo nascimento de Cristo na alma
de cada cristão. Durante o período do Advento e especialmente no Natal,
proclamamos nossa fé no Filho de Deus que se fez homem para nos salvar.
O Advento e o Natal são riquezas
de Deus oferecidas aos homens. Vamos recolher esse tesouro, reparti-lo com
nossos irmãos e irmãs e com todo o povo de Deus. Que os leitores do O POVO
tenham um feliz e santo Advento e Natal e muita paz, saúde e prosperidade em
2014.
(*) É padre da Congregação Redentorista e assessor
da CNBB, Regional NE1.
** Publicado
In: O Povo, 8/12/13. Cad. Espiritualidade. p.30.
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