João Brainer Clares de
Andrade (*)
Os méritos são muitos. Passam da
boa formação de profissionais em cursos que pontuam notas máximas nas
avaliações do MEC, até pesquisas de ponta que levam também extensão a diversas
comunidades assistidas pelos programas dessas universidades. A pós-graduação
leva ainda mais: lapida profissionais egressos ou não dos assentos da casa para
a docência ou pesquisa, dando fôlego à expansão do ensino e agregando peso aos
novos empreendimentos do Estado. As conquistas são várias, os méritos são grandes,
mas as dificuldades superam, a despeito da boa vontade de se fazer muito com o
pouco que há...
O esforço é hercúleo e culmina
hoje na fadiga. Os últimos sete anos da gestão Cid Gomes permitiram que as três
universidades não definhassem, mas ainda é pouco. Foi-se acumulando um déficit
de docentes efetivos que atingiu limiar insuportável: cursos se estendem por 2
ou 3 anos além do previsto pela falta de docentes, além do custeio que não
acompanhou a carestia dos insumos e os investimentos necessários à manutenção
ou expansão do ensino e pesquisa.
E o grande problema é a falta de
diálogo: há surdez seletiva no Palácio da Abolição. Por sete anos, raras vezes
os reitores foram recebidos e mais raramente tiveram suas demandas atendidas.
Setores do governo blindam o governador de um desgaste inerente à sua própria
inércia com o ensino superior público estadual; velam as três universidades
estaduais na tentativa de evitar a inanição e, assim, abonar os custos.
Se há uma greve em curso há 3
meses, há outra vinda do governo há mais de 7 anos... É uma longa greve de
surdez ao ensino.
(*) Médico pela Universidade Estadual do Ceará (Uece)
Publicado In: O Povo, Opinião, de 15/01/2014. p.6.
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