Em agosto do ano passado, deu-se a chegada
da primeira leva de médicos cubanos, que foram calorosamente recebidos por
grupos de pessoas integrantes de alguns movimentos sociais, com palavras de
ordem em que proclamavam a implantação do socialismo na América Latina, o
desejo de ter uma medicina com o padrão de Cuba, o repúdio ao Revalida para os
cubanos, além dos “vivas a Fidel e à revolução cubana”.
Houve, inegavelmente, até a derrocada
soviética, evidentes sucessos da Saúde Pública cubana, refletidos em alguns dos
seus indicadores de saúde, com resultados favoráveis obtidos à custa de alta
concentração de recursos para determinadas ações, que têm bom apelo midiático.
Esses frutos não foram, todavia, superiores ou melhores do que os logrados por
outros países, como o Chile e a Costa Rica, com êxitos reais, claramente
eficientes, e sem comprometer a liberdade individual e os direitos humanos.
A medicina cubana está sucateada e é,
atualmente, tecnicamente sofrível, inexistindo, nesses poucos mais de sessenta
anos de instalação da revolução castrista, qualquer contribuição de relevo ao
progresso médico mundial, salvo por pseudo-inovações, inteiramente empíricas,
como o uso da cartilagem de tubarão ou de um extrato de um escorpião azul etc.,
para tratamento de diferentes enfermidades, por meio de experiências exóticas
em anima nobile, dignas de
concorrerem ao “Prêmio Ignóbil”, e até o vencerem, se pelo menos fossem
publicadas em veículos científicos.
A carência de recursos financeiros em Cuba solapa
a possibilidade de dispor de meios e materiais mínimos para se oferecer um
cuidado médico adequado a cada situação de saúde. A formação em massa de
médicos, em fornadas de cerca de dez mil por ano, realça a baixa qualidade
técnica dos seus profissionais, fato ratificado por aprovação abaixo de 10% no
Revalida, entre os egressos de escolas médicas cubanas.
Para ter inovação tecnológica, é preciso
contar com investimentos de vulto em infraestrutura, de laboratórios a centros
de pesquisas de ponta, e em recursos humanos, com uma massa crítica composta
por pesquisadores possuidores de alta qualificação acadêmica, o que não parece
ser o caso desse país insular, haja vista a forte presença de meros licenciados
conduzindo, ensinando e orientando em cursos de pós-graduação de Cuba.
Por tudo isso, é bom ter mais razão, e menos
paixão, em nossas bandeiras de luta.
Marcelo Gurgel
Carlos da Silva
Professor titular de Saúde
Pública-Uece
* Publicado In: O Povo. Fortaleza, 18 de fevereiro de
2014. Caderno A (Opinião). p.9.
Gostei bastante deste artigo, escrito por quem é especialista no assunto. Percebe-se que por conta de afinidades ideológicas os apologistas da Medicina cubana e de tudo que parte da ilha, tratam como se fosse uma maravilha.
ResponderExcluirSugiro que escreva sobre a falta de ISONOMIA entre os salários dos profissionais do Mais Médicos, pois os profissionais cubanos recebem apenas uma parte do dinheiro, que não chega a 20%. Tá certo isso?