segunda-feira, 31 de março de 2014

Causos Militares em Brasil Anedótico II



SENTENÇA MILITAR
Afrânio Peixoto - Conferência no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a 2 de julho de 1923.
Sitiado o general Madeira na Baía, começou, em 1823, o dissídio entre as tropas sitiantes, que deviam obedecer ao comando geral do general Labatut. Desobedecido esse general por Felisberto Gomes Caldeira, comandante de um dos batalhões patrióticos, é este preso. Dias depois a Junta da Cachoeira, ordena a prisão do próprio Labatut, e a libertação de Caldeira.
- Foi mal feito! - declarou o oficial brasileiro, depois de solto.
E emitindo a sua opinião:
- Um general que não convém às tropas não deve ser preso por estas: deve ser morto!
No ano seguinte, as suas tropas o matam!
A MÂE DOS REAVOS
Ernesto Sena - "Deodoro", pág. 170
Dona Rosa Paulina da Fonseca, mãe de Deodoro, ao saber do rompimento com o Paraguai, fez seguir para o campo de batalha seis dos seus filhos e, pouco depois, o sétimo, ainda de menor idade. Três deles tombam mortos, em Curupaiti e Itororó. Dois outros, entre os quais Deodoro, são gravemente feridos. Ao ter notícia, porém, de que se preparava a paz com o inimigo - paz sem vitória, - não se conteve.
- Prefiro não ver mais meus filhos! - declarou.
E com a sua alma varonil:
- Que fiquem antes todos sepultados no Paraguai, com a morte gloriosa no campo de batalha, do que enlameados por uma paz vergonhosa para a nossa Pátria!
NA HORA DO PERIGO
Ernesto Sena - "Deodoro"
Eram cinco e meia da manhã de 15 de novembro quando Benjamim Constant chegou ao quartel do 2° Regimento de Artilharia. Pulou do carro, em que o acompanhava o 2° tenente Lauro Müller, e, recebido pela oficialidade, declarou, feliz:
- Estou entre os meus amigos! Chegou o momento de ver quem sabe morrer pela Pátria!
E momentos depois, com entusiasmo, enquanto vestia a sua farda de tenente-coronel:
- Ainda há dignidade na classe militar!...
A ESPINGARDA VELHA
Tobias Monteiro - "Pesquisas e Depoimentos", pág. 246.
Na manhã de 15 de novembro, Floriano foi à casa de Deodoro, a convite deste, para se entenderem definitivamente sobre o movimento preparado. Floriano admitia a hipótese de uma conciliação. Deodoro insistiu pela manifestação armada. Floriano cedeu.
- Enfim - declarou - se a coisa é contra os "casacas", lá tenho a minha espingarda velha!
PECADO OU VIRTUDE
Leôncio Correia - "Correio da Manhã", 17 de julho de 1927.
Era o general Osório ministro da Guerra, quando, tendo-se aberto uma vaga de brigadeiro, levou ao Imperador, em um dos despachos, o decreto promovendo um coronel de brilhantíssima fé de ofício. O soberano deixou ficar o decreto e, no despacho seguinte, recorreu a um subterfúgio qualquer, para evitar a promoção.
- Majestade - objetou o ministro, - o oficial cujo nome apresento como digno do novo posto, é, como homem e como soldado, absolutamente merecedor de respeito. Se, entretanto, Vossa Majestade tem conhecimento de algum fato em contrário, será serviço a mim e ao Exército revelá-lo.
- É muito moço... - declarou o Imperador, como desculpa.
- Pois, melhor, - tornou o ministro.
- Poderá, mais a miúdo, inspecionar as nossas fronteiras.
Pedro II olhou em torno, e, chegando a boca ao ouvido do ministro:
- E dizem que é muito mulherengo...
A essas palavras, Osório desatou a rir:
- Mas, isso é até uma virtude, Majestade! Se isso impedisse promoção...
E com os seus modos francos:
- Eu ainda hoje seria soldado raso!..
A CAUSA DAS REVOLUÇÕES
Anais da Câmara.
Dividida a Câmara em dois campos, a propósito da prorrogação do sítio com que se queria armar Floriano, César Zama, veneranda figura da casa, lançou-se à arena para condenar a possibilidade de novas violências.
- As portas da revolução, - bradou, não se fecharão jamais com a medida de rigor, com o extermínio dos revolucionários nos campos de combate; mas com a remoção das causas que a provocaram, e com um governo de liberdade, justiça e probidade.
E num surto:
- Os povos livres e felizes não se revoltam!
O BEIJO... INCONSTITUCIONAL
Ernesto Sena - "Deodoro", pág, 160.
Não obstante a sua fisionomia austera, Deodoro era um espírito alegre e gostava de pilheriar. Como não tivesse tido filhos nem filhas, costumava beijar na testa as sobrinhas, onde as encontrava.
Um dia, estando em despacho, entrou uma destas, e Deodoro beijou-a. Afonso de Carvalho, ministro da Justiça, e velho magistrado, ponderou, gracejando, que aquele ósculo não era constitucional.
- Por que? - perguntou o marechal, intrigado.
- Porque não foi na forma do art. 40 da Constituição da República.
- Errou, meu caro amigo, - retrucou o marechal; - isso pertence exclusivamente ao expediente do meu gabinete particular.
E retomando o trabalho:
- Referendará você os que eu der na coroa de monsenhor Brito...
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927)

domingo, 30 de março de 2014

TRAPAÇAS ACADÊMICAS II



3) O entomólogo Leonardo Gomes, da UFPA (Universidade Federal do Pará), protagonizou outro caso conhecido de plágio acadêmico no Brasil. O pesquisador teve um artigo científico anulado pela revista Neotropical Entomology. No texto, ele teria copiado partes integrais de trabalhos já publicados e um livro sobre entomologia cancelado pela Springer, editora internacional de obras científicas. O docente já se retratou com as pessoas que tiveram trechos de trabalhos citados. Segundo ele, não houve má fé
4) Outra forma de plágio no universo acadêmico são cópias de questões em concursos e vestibulares. Por exemplo, em 2008, o vestibular da UFAC (Universidade Federal do Acre) foi integralmente anulado, pois 15 dos 85 itens da fase objetiva da prova eram "cópias idênticas" de questões aplicadas em vestibulares de outros Estados ou que constavam de apostilas de cursos pré-vestibulares. Todas estavam disponíveis na internet. Em 2013, dois concursos da prefeitura de Londrina foram anulados por suspeita de plagiar questões que haviam caído em outras provas
5) Na política alemã, em especial, os casos de plágios são cada vez mais frequentes. O último envolveu o deputado social-democrata Frank-Walter Steinmeier e sua tese de doutorado sobre os sem-teto, apresentada na universidade Justus Liebig, em 1991. Em setembro de 2013, a instituição abriu o processo sobre o possível plágio. O político chamou a acusação de "absurda". O relatório que investigou a tese com base em um programa de computador apontou 500 trechos com "similaridades" suspeitas e 63% de "probabilidade total de plágio". O caso está sendo investigado
Fonte: UOL Notícias. Março/2014.

Anúncios sem sentidos em supermercados II




7. TEM GLÚTEOS NA PARADA TODA


8. PARA OS MAIS ATENTADOS


9. A CADA SONO, UMA AVENTURA


10. E LEVE UM SHAMPOO ANTICÁRIE GRATUITAMENTE


11. COELHO, NÃO


12. PROFESSORES SAMSUNG DE VÁRIOS MODELOS


Fonte: http://batblz.com/batblz/23-anuncios-supermercado-totalmente-sentido/

sábado, 29 de março de 2014

TRAPAÇAS ACADÊMICAS I



Em 2013, cada novo aluno da Universidade Pública de Navarra, na Espanha, foi convidado a assinar um documento no ato da matrícula prometendo evitar plágios e colas. Isso porque em 2012, a universidade estima que 45% dos estudantes tenham cometido práticas fraudulentas nas provas ou trabalhos acadêmicos. Relembre alguns casos de trapaça, cópia e até os políticos que já caíram na tentação do plágio ou autoplágio --sim, ele existe Leia mais Universidade Pública de Navarra/Divulgação
1) Até a superconceituada Universidade de Harvard, nos EUA, enfrenta problemas com universitários desonestos. Segundo reportagem do jornal El País, em fevereiro deste ano, a instituição expulsou 60 estudantes de um grupo de 125 que estavam sendo investigados. Eles realizaram um teste que pode ser feito em casa, o que é comum na universidade, mas os professores constataram que muitas respostas estavam "parecidas". Após uma investigação, a universidade optou pela expulsão dos alunos.
2) Em 2011, a USP (Universidade de São Paulo) demitiu um professor por plágio na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto. Ele foi mandado embora por ser o principal autor da pesquisa que copiou imagens de trabalhos de 2003 e 2006 sem creditá-las aos autores, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). A pesquisa envolveu dez cientistas que investigaram se uma substância isolada da jararaca é útil contra o vírus da dengue e foi publicada pela revista Biochemical Pharmacology. O caso ocorreu em 2009 e, segundo o docente, o erro foi de uma das alunas que trocou as imagens, mas sem má fé.
Fonte: UOL Notícias. Março/2014.

Anúncios sem sentidos em supermercados I




1. ESSE É FRIBOI


2. DÊ PARA A SOGRA


3. PRODUTO TODO FU... PRA VOCÊ


4. PEGADINHA DO MALANDRO


5. VOLTE SÓ SE VOCÊ QUISER


6. RESPIRANDO POR VOCÊ (RECOMENDADO AOS FUMANTES)

Fonte: http://batblz.com/batblz/23-anuncios-supermercado-totalmente-sentido/

sexta-feira, 28 de março de 2014

E O LIVRO, EM SI?



Pedro Henrique Saraiva Leão (*)
O homem começou a escrever em rolos de peles de animais, ou papiros (papel pergaminho, vegetal, da planta “Cyperus papyrus”, às margens do Nilo, famosa já há 40 anos a.C.). Para serem lidos, estes rolos (ou “volumina”) precisavam ser desenrolados, ao contrário dos que viriam 4.300 anos após, códices, livros com páginas para folhear.  Nesses, a escrita já era feita com tipos móveis, criados pelos chineses. Em torno de 1140 um jovem gravador, inspirando-se nas impressões deixadas na estrada pela mula que cavalgava, criou a imprensa, e a seguir todos os seus acessórios vigentes até o século XX. Chamava-se Johanes Gensfleish zur Laden zum Gutenberg, alemão de Mainz.
Atualmente, o propalado fim do livro tradicional lembra aquela “crônica de uma morte anunciada” (1961), título de romance de Gabriel José Garcia Márquez (1917), colombiano de Aracataca. Foi figura central do chamado “realismo mágico” latino americano, e logrou o prêmio Nobel de Literatura em 1982. Há 15 anos as novas tecnologias inauguraram o “Kindle”, livro digital eletrônico, o “e-book”. Seria o óbito do livro em papel, e das livrarias. Segundo o cientista Ferris Jobr na revista “Scientic American” de dezembro último, nossos circuitos cerebrais não estão adaptados à leitura de textos eletrônicos, pois exigem maior e cansativa concentração do leitor. O próprio Bill Gates, criador da Microsoft confessou preferir ler matéria impressa às telas do computador, dos ”laptops” e “tablets”, máxime quando além de cinco páginas.
Em 2003, na Universidade Nacional Autônoma do México, 80% de 687 alunos preferiram estudar em livros tradicionais. Fui assistente do professor Newton Theófilo Gonçalves, no Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Aliás, tive a honra de sê-lo. Sobre ter sido notório cirurgião, doutor Newton era um verdadeiro “scholar”, pessoa erudita (do grego pelo latim “schola” = escola). Homem lido e corrido, versado em línguas, bibliófilo, e também do grupo dos “bibliobibuli” (!), isto é, incansáveis, insaciáveis leitores.
Emprestando-lhe, eventualmente um livro, recebia-o de volta enriquecido por relevantes anotações suas, à lápis, nas margens e nos rodapés. Era assim quase um outro livro. Tal é impossível nos e-livros, que também ignoram os aspectos organolépticos (que atuam sobre os sentidos), sensoriais da leitura em livros de papel. Só neste, podemos aspirar o perfume da mulher amada, entre as páginas, ou recordá-la nas pétalas de rosa ali adormecidas. “Hélas”! Hoje nos EUA, eles representam 20%.
Ainda bem que em 2017, de cada 10 livros vendidos, apenas 2 serão eletrônicos. Assim, como a TV não matou o cinema, o livro não deve morrer. “Demorar-se neste assunto seria aborrecer os leitores. A primeira condição de quem escreve é não aborrecer”, como está no volume II, 10 de outubro, 1864 das “Crônicas” de Machado de Assis.
 (*) Médico, ex presidente e atual secretário geral da Academia Cearense de Letras.
Fonte: O Povo, Opinião, de 5/3/2014. p.5.

quinta-feira, 27 de março de 2014

ABERDEEN E DRAGÃO DO MAR AOS MÉDICOS CUBANOS



Longa e penosa foi a marcha da abolição dos escravos no Brasil, uma verdadeira nódoa que maculou a nossa História.
Em 1845, a Bill Aberdeen, aprovada pelo parlamento britânico, autorizava a Armada Real a apreender quaisquer embarcações envolvidas com o tráfico negreiro, independente da bandeira ostentada em seu mastro.
Os cativos eram devolvidos ao continente africano enquanto os comandantes e membros da tripulação do navio negreiro eram transportados para a Inglaterra, e julgados, por crime de pirataria, pelas severas leis inglesas, sendo condenados à forca ou a duríssimas penas de prisão, naquele país.
Essa lei britânica não se restringia ao apresamento em alto-mar, pois muitas dessas ações aconteceram em águas territoriais brasileiras, ensejando conflitos diplomáticos do Brasil Imperial e a Inglaterra.
Quando uma nau brasileira era avistada por uma frota inglesa, os traficantes de escravos, para escaparem do flagrante, tratavam de se livrar de sua “carga”, pondo os negros a ferros, jogando-os ao mar, com pesos atados aos pés, para que perecessem afogados no fundo do mar.
Para evitar tais práticas nefastas, ou qualquer forma de camuflagem ou dissimulação dos traficantes, os ingleses dispensaram a formalidade das provas cabais, passando a deter os barcos, a partir dos indícios do seu uso em tráfico humano, levando os supostos ou prováveis traficantes aos tribunais ingleses.
Uma consequência dessa pressão inglesa foi a aprovação, em 1850, da Lei Eusébio de Queiroz, que tornou ilícito o tráfico africano ao Brasil, porém a prática do escravagismo, entre nós, ainda perdurou até 1888.
Em 6/3/14, o Ceará celebrou, palidamente, o centenário de falecimento de Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar, que, em 1881, liderou os jangadeiros platicéfalos, proclamando o porto de Fortaleza livre do tráfico interno de escravos, um gesto ousado e de rebeldia, diante das oligarquias escravocratas, servindo de facho para que o Ceará, por sua atitude redentora, se tornasse a Terra da Luz.
Hoje, em pleno século XXI, aparece um novo tráfico, que nos chega pela Cubana de Aviación transportando levas de médicos cubanos, para trabalho, nos moldes escravistas, sem quaisquer direitos trabalhistas e ao arrepio da lei, tutelados por autoridades de escusos interesses.
Falta a nós um novo Dragão do Mar, para bradar que, no Aeroporto Pinto Martins, não haverá mais tráfico médico cubano.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico e economista em Fortaleza
* Publicado In: O Povo. Fortaleza, 27 de março de 2014. Caderno A (Opinião). p.11.

quarta-feira, 26 de março de 2014

PESAR PELO FALECIMENTO DO PROFESSOR CLEITON VASCONCELOS



Nota de pesar da Administração Superior pelo falecimento do professor Cleiton
A Administração Superior da Universidade Estadual do Ceará (UECE), que congrega Reitoria, Vice-Reitoria e Pró-Reitorias, associa-se à dor da família, dos amigos, dos colegas e dos alunos em razão do falecimento do Professor Cleiton Batista Vasconcelos.
Estamos profundamente consternados pela perda do convívio de uma pessoa generosa, de um cidadão ético, de um professor criativo e de um gestor público de raros compromisso e competência.
Na Universidade, a falta de sua liderança será sentida no colegiado de Matemática/CCT, como apoiador estratégico das licenciaturas a distância e do mestrado profissional em Matemática, e como presidente da Comissão Executiva do Vestibular (CEV).
Estamos aturdidos e em busca de sentidos. O sistema de crenças de cada um poderá oferecer explicações, mas nada suprirá esta falta, embora o esforço das palavras.
Prof. Dr. José Jackson Coelho Sampaio
Reitor da UECE
Nota do Blog: Associo-me aos colegas da Uece, neste momento de eternas saudades, pela perda de tão valoroso profissional, a quem eu muito estimava, ao cabo de uma saudável convivência, de que compartilhamos em tantas tarefas realizadas na CEV da UECE.
O corpo do Professor Cleiton Batista Vasconcelos está sendo velado no velatório Ternura e seu sepultamento será hoje, dia 26 de março de 2014, às 16 horas.
Prof. Dr. Marcelo Gurgel Carlos da Silva

SEM VERGONHA



Prof. Cajuaz Filho (*)
Os italianos quando não têm certeza da verdade de algum fato, assim expressam sua dubiedade: Si non è vero, è bene trovato. Se não é verdade, é bem contado.
Isso vem a propósito sobre uma afirmação atribuída ao então presidente da França, Charles De Gaulle. Corre à boca miúda que ele teria dito: O Brasil não é um país sério. Si non è vero, è bene trovato.
Não duvido da afirmação. Acho até que o Presidente foi muito benigno e sintético, usando de um eufemismo para indicar para o mundo, com uma palavra, todas as mazelas existentes na terra Brasilis.
Este “sério” de De Gaulle vale como sinônimo de sem vergonha, sem honestidade, sem segurança, sem educação, sem governo, sem saúde, sem justiça e muitos outros mais “sens” que seria fastidioso aqui enumerá-los.
Onde não existe seriedade, f alta tudo. È vero? Si non é bene trovato.
Eis, apenas, uma comprovação dessa afirmação. Há muito mais.
Há quase trinta anos, o Sindicato dos Professores do Ensino Superior do Ceará – SINDESP – trava uma hercúlea batalha judicial para conseguir a reimplantação do piso salarial dos professores das universidades estaduais do Ceará que foi vergonhosa, injusta e covardemente surripiado em 1987, pelo então governador do Estado, Tasso Jereissati, na alegativa de que ele era inconstitucional.
O Sindicato não quer ganhar contra tudo e contra todos. Não. Quer, apenas, saber quem tem direito ou não: se os professores ou se o Estado. Só isso.
Por isso procurou o poder que detém essa prerrogativa. Sua decisão deve ser soberana e quem perdeu, à luz da justiça, deve se conformar.
Num estado de direito, o poder que, se supõe, vai decidir quem tem direito ou não é o poder judiciário. Se ele decide e não faz valer a força do direito e não proclama a justiça, o Estado deixa de ser de direito e passa a ser “de errado”. É o domínio do totalitarismo em que predomina a vontade do tirano que usa o direito da força.
Para a decisão, à luz das provas, nada mais é necessário que o direito e a justiça. Nada de poder, nada de força, nada de dinheiro, nada de temor, nada de amizade, nada de covardia, nada de favor e nada de gratidão. Só o direito, só a justiça.
Será que vive o Brasil esse momento?
A saga desse processo já completou seu jubileu de prata. Começou em Fortaleza, andou por ceca e meca, e finalmente chegou a Brasília, ao STF, instância máxima da justiça brasileira . Daí, agora, só se for para o Papa Francisco para que ele o remeta para a eternidade e Deus, a Suma Justiça, diga aos magistrados do STF que os professores têm direito e que se faça justiça e lhes lembre: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de Justiça...”
Parece que os administradores da justiça brasileira estão esperando que isso ocorra.
O STF decidiu: O direito é dos professores e deve ser implantado. Não existe inconstitucionalidade. Inicie-se a execução. Acabou-se. “Cesse tudo que a musa antiga canta porque um valor mais alto se alevanta”. Foi iniciada. Parou. Parou por quê?
Por que, então, essa pendenga não termina?
Será que os trâmites da justiça são tão enrolados e infindáveis como o labirinto de Dédalo?
Será que há necessidade de uma Ariadne que auxiliou Teseu, por interesse, com a condição de ele, livre do labirinto, a desposaria? Será que o STF precisa também de um novelo de Ariadne do ganhador ou do perdedor, para fazer brilhar a luz do direito e da Justiça?
Por que, meu Deus?
Essa posição não é tomada por medo? Por covardia? Por interesse escuso? Por amizade? Por força do perdedor?  Será que o perdedor já entregou ao STF o novelo?
Não quero acreditar, mas... “Si non è vero,è bene trovato.”
Se o STF não tem força nem moral para decidir e fazer valer sua decisão, que feche suas portas e coloque uma lápide funerária com a seguinte inscrição: “Aqui jaz o Supremo Tribunal Federal que deixou de cumprir seu dever divino de distribuir a justiça a quem tem direito”.
(*) Professor aposentado da Uece. Editor de APESC Notícias.

terça-feira, 25 de março de 2014

PRECONCEITO SUBLIMINAR




Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
O preconceito é um agente que se aloja na mente das pessoas a partir da infância e, tal qual um vírus de ação lenta e persistente, vai mostrando sua agressividade nas diversas etapas da vida. O contaminado, na maioria dos casos, desconhece ser portador-transmissor dessa patologia sócio biológica.
Não me refiro aos preconceitos explícitos: violência física, psicossocial, xenofóbica, antissemítica, homofóbica, contra índios, mestiços, negros ou ciganos. Esses são mais fáceis de criminalizar ou domesticar. No Brasil existe preconceito, negá-lo é como afirmar que a escravidão aqui foi branda, além de tantos outros disparates com os quais a nossa História Oficial tenta dissimular erros e horrores.
O mais difícil é como abordar o que denomino de preconceito subliminar. Subliminar neste caso refere-se a estímulos não suficientemente intensos para afetar o inconsciente individual - em comparação com o inconsciente coletivo, que é afetado. Sendo sentimento implantado desde a mais tenra idade, é muito difícil de ser eliminado. Quase impossível.
Desejar modificar a personalidade das pessoas é tarefa árdua, sendo essa uma das características mais estáveis do Homo sapiens. No caso do preconceito, seja explícito ou subliminar, encontra-se tão profundamente inserido no aparelho mental que seria a mesma coisa que tentar modificar o instinto de sobrevivência. Além do mais, o preconceito mobiliza a aversão subconsciente, atávica, ao novo ou ao diferente.
A espécie humana prefere a estabilidade desconfortável à incerteza do desconhecido. Mesmo que as mudanças sejam para melhor, o ser humano prefere a garantia do conhecido.
Os preconceitos sempre existiram e continuarão a existir; nascem na cabeça dos homens e das mulheres. É sentimento arraigado desde a vida embrionária.
É impossível remover o preconceito através da conscientização, seja pela educação ou por outro avanço psicopedagógico, após a mente já ter sido formada. Podemos, no máximo, diminuí-lo.
 “É mais fácil desintegrar um átomo do que desfazer um preconceito”. Albert Einstein
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

segunda-feira, 24 de março de 2014

QUANDO OS SURDOS FICAM CEGOS



Por Ricardo Alcântara (*)
Há uma dissonância entre forma e conteúdo na figura pública do prefeito Roberto Cláudio: sua aparência amigável é desmentida pela truculência dos seus atos administrativos e sua prosopopeia fácil, pelos procedimentos arcaicos na indicação de soluções para a cidade.
Enquanto os tratores de sua fúria obreira levam o prefeito a atropelar o bom senso, em seu entorno não parece haver massa cerebral suficiente para agir no mesmo ritmo, alcançando com respostas esclarecedoras muitos questionamentos, sensatos, que têm sido feito.
O prefeito parece empenhado em deixar sua marca tatuada na pele da cidade com intervenções que alterem sua textura, mas não se percebe a mesma dedicação à modesta e não menos relevante tarefa de recuperar os aspectos degradados de civilidade.
Exemplo: Roberto Cláudio não sabe o endereço de uma única via de Fortaleza com pelo menos cem metros de calçada com nível e piso regular, em bom estado de conservação. Não tem. E querem chamar isso de cidade: um lugar que não tem calçadas!
Foi só um exemplo. Há uma infinidade de outros aspectos básicos de urbanidade a reclamar maior atenção, enquanto o prefeito concentra suas expectativas de êxito em pesadas intervenções viárias – parte delas, sim, apropriadas e de interesse relevante.
Vejam a realidade paralela do centro da cidade. Aquilo parece área conflagrada, regida por estatuto próprio, à margem da ordem constituída. Ali, prospera o engodo. O poder público se protege em falsos critérios ‘sociais’ para comprometer o equilíbrio de uma área vital.
(E, aqui, vale uma emenda: é piada, a cólera reivindicante de simpatizantes da ex-prefeita Luizianne Lins contra o atual prefeito quando lhe cobra agora providências em aspectos onde sua líder dedicou-se a produzir retumbantes fracassos). Fecha parêntese.
Alguns nem percebem os vínculos afetivos com praças da cidade, mas há quem perceba e crê que tais relações possam se mover para novas significações por decisão autocrática. É duro e eu não gostaria de dizer, mas é preciso dar a isto o nome que isto tem: é fascismo.
O Saber como razão de julgo é coceira antiga. Muitas vacas foram ao brejo, tangidas pela empáfia desses esclarecidos que não consideraram a possibilidade de perguntar a elas a trilha mais segura. Para esses ‘contemporâneos do passado’, ouvir é sofrer.
Fico, então, com a metáfora de um observador atento: ‘a cidade menstruou’ – disse ele sobre a predisposição ruim entre população e poder público, puxada pela criminalidade destrambelhada e açodada pela ausência de diálogo. Agora, os surdos ficaram cegos.
(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.
Pauta Livre é cão sem dono. Se gostou, passe adiante.

domingo, 23 de março de 2014

PÉROLAS RURAIS DO BANCO DO BRASIL III



* Fui atendido na fazenda pela mulher do mutuário. Segundo fiquei sabendo, ninguém quer comprá-la e sim explorá-la.
* Imóvel de difícil acesso. O mato tomou conta de tudo, deixando passagem só para animal rasteiro. Próxima vistoria deve ser feita por fiscal baixinho.
* A máquina elétrica financiada é toda manual e velha. Fazendeiro financiou a máquina elétrica mas fez todo o trabalho braçalmente e animalmente.
* Gado está gordo e forte, mas não é financiado e sim emprestado somente para fins de vistoria. O filho do fazendeiro está passando férias na Disney.
* Trajeto feito a pé porque não havia animal por perto, só o burro do fazendeiro. Despesa de locomoção grátis.
Fonte: Internet (circulando por e-mail).

DE OLHO NAS NUVENS



Affonso Taboza (*)
Cresci no interior do Ceará vendo o sertanejo de olho no céu. Não à procura da salvação eterna, que esta vinha das missas e promessas, dos terços e novenas; mas da salvação temporal. Bem podia ela depender de um milagre. O milagre da chuva, a verdadeira salvação da lavoura. As espiadas começavam na segunda quinzena de dezembro e, se a chuva não vinha, se estendiam até dezenove de março, dia de São José. Esquadrinhava-se o céu de norte a sul, de leste a oeste, à procura de um farrapo de nuvem que desse esperança.
Alguns invernos começavam em dezembro, Natal debaixo d’água. Outros em janeiro, o caso mais frequente. Em fevereiro os invernos escassos. Março, até o dia dezenove, invernos fraquíssimos, que os sertanejos ainda não chamavam seca, para evitar o palavrão. Mas se o verão ultrapassasse a barreira dezenove, o festivo dia de São José, as esperanças se esvaíam. E tome procissão com o santo no andor, e tome novena, e tome súplica aos céus com rosários e benditos.
A seca de antanho era calamidade bem maior que a de hoje. Não tínhamos a rede de estradas de agora nem a abundância de meios de transporte de alimentos, nem podíamos ao menos imaginar facilidades de hoje. Tal estigma não atingia outras regiões do país. Ou se atingia, por aqui não se sabia. O fato é que os povos do sul maravilha “gozavam” os nordestinos pela dependência de chuvas que não vinham. As revistas fotografavam o chão rachado do fundo das lagoas secas e mostravam o que seria o solo do sertão calcinado pelo ardor do sol e a ausência d’água.
Pois bem. Hoje o Brasil inteiro está de olho nas nuvens. Castigo. Deram de fazer barragens para geração de energia elétrica e lá vai o Brasil a depender da chuva. Não mais para produção de alimento e salvação do gado, mas para alimentar a fome insaciável de eletricidade que maltrata o país. E haja cientista a perscrutar o céu, a consultar mapas, a estudar imagens de satélite, temperatura de oceano, e outros sinais exóticos que, para o nosso velho sertanejo, seriam extravagância. Eles não precisavam disso.
Os bichos mandavam sinais e os profetas, iluminados, interpretavam. Um ninho de joana de barro com a entrada para o nascente, pulga no sovaco do peba, e por aí vai. Até a fogueira de São Pedro sinalizava o bom ou mal inverno. É bom que seja assim. Deixem que eles lá se preocupem. Deixem ministros e presidente olharem para as nuvens. Pelo menos ninguém mais vai mangar do nosso tabaréu, quando ele, preocupado com a sobrevivência, for visto de olho no céu. O que ainda acontece, e está acontecendo este ano, infelizmente.
(*) Presidente do Conselho Temático de Assuntos Legislativos da Fiec
Fonte: Publicado In: O Povo, Opinião, de 20/03/201.

sábado, 22 de março de 2014

Ganhador da Mega Sena Acumulada





Fonte: Circulando por e-mail (internet) e publicado em vário blogs
Nota do Editor: Trata-se de um recorte publicado em um jornal, que não identifica as belas mulheres que acompanha, o sortudo ganhador da famosa loteria esportiva. Eem comum, todas, por mera coincidência, são louras, cujas razões da aproximação ao felizardo, expostas no veículo de comunicação, podem não ser verdadeiras.

PADRE MIGUEL LENCASTRE: missionário do Movimento Mãe Rainha

Padre Miguel Lencastre



Repercutiu intensamente nos circuitos católicos, brasileiros e portugueses, o falecimento do Padre Miguel Lencastre, ocorrido no Hospital Português, no Recife, em 13 de janeiro de 2014. Ele foi o fundador do terço dos homens, movimento de homens que se reúnem para rezar o terço e que agrega mais de um milhão de fiéis, e também um dos principais responsáveis por divulgar o Movimento Mãe Rainha no Nordeste, que se origina do movimento alemão Schoenstatt.
Nascido em Paços de Ferreira, Portugal, em 12 de junho de 1929, foi o último dos dez filhos de uma família católica conservadora, da aristocracia portuguesa. Entrou na Universidade de Lisboa, em 1949, para estudar engenharia, mas, em 1950, transferiu-se para Coimbra, instalando-se na República “Os Kágados”, uma agremiação estudantil, na qual fez incontáveis amigos e companheiros de divertimentos e prazeres mundanos. Depois volta a Lisboa, e vive intensamente a vida de boemia.
Em 1959, matriculou-se em Economia na Universidade de Lausanne, Suíça, e, ao fim de um ano, desiludido com a pequenez das coisas profanas, descobre que a Economia não lhe interessa, despertando, então, para a sua vocação religiosa, em um processo de conversão que bem lembra o experimentado por Paulo, o apóstolo dos gentios, e dizendo SIM ao projeto que Deus tinha para ele.
A partir daí, ele assume a espiritualidade mariana, estuda Teologia e Filosofia, e em 15 de outubro de 1966 é ordenado presbítero, ingressando no Instituto dos Padres de Schoenstatt. Pelo exposto, Miguel Lencastre foi ordenado sacerdote, tardiamente, aos 37 anos, na Alemanha.
Alguns anos mais tarde, Pe. Miguel assumiu o seu ofício pastoral na paróquia da Gafanha da Nazaré, concelho de Ílhavo, onde dinamizou as práticas religiosas inovadoras de Schoenstatt. Nessa paróquia, foi coadjutor, entre 13 de junho de 1970 e 30 de setembro de 1972, e prior, de abril de 1973 até outubro de 1982.
Chegou ao Brasil, em 1982, começando o seu trabalho missionário, em S. Paulo, como orientador espiritual do Colégio S. Judas Tadeu e capelão de uma universidade católica. Seis anos depois, transferiu-se para Recife, Pernambuco, onde fundou um novo centro apostólico de Schoenstatt, conseguindo atrair, em especial, muitos homens para a prática da fé católica.
Padre Miguel Lencastre foi um dos principais responsáveis por difundir o Movimento Apostólico Internacional de Schoenstatt, também chamado Movimento Mãe Rainha, no Nordeste brasileiro.
A corrente da Mãe Peregrina, como a Santa também é conhecida, foi implantada no Nordeste, a partir de Pernambuco, com a chegada do Pe. Miguel Lencastre, pioneiro dos Padres de Schoenstatt em terras nordestinas. O movimento, hoje presente em todos os estados do País, fundamentalmente consiste nas ligas apostólicas compostas por famílias que se organizam para receber em suas casas a imagem da Mãe Rainha.
Como o SIM de Maria, que chancelou a abertura a outros SIM da História do Cristianismo, também o SIM do Pe. Miguel emulou o surgimento de outros SIM: em Portugal e no Brasil, presentes nos participantes do Terço dos Homens e do Movimento Mãe Rainha.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Integrante da Sociedade Médica São Lucas

sexta-feira, 21 de março de 2014

CADA UM POR TODOS




Meraldo Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
A Internet é acontecimento que transformou a existência humana na Terra. Mudou a qualidade de vida de todos, inclusive da geração da “terceira idade” (eufemismo para velhice). A velocidade com que se passa de uma geração a outra não é mais como a Bíblia diz: de 40 em 40 anos, mas sim de 15 em 15 anos, e tem mais, assisto à designação de gerações X, Y e Z e talvez, com o andar da carruagem - ou dos foguetes, armas químicas e guerras cibernéticas, as letras do alfabeto não sejam suficientes.
Seja por uma nova moda, pela velocidade dos tempos ou por puro academicismo, os sociólogos estão empregando letras para designar as gêneses. Aproveito essa nomenclatura para propor que os nascidos, como eu, entre 1930 e 1940, tenham o direito de serem chamados de Geração ‘V’. Esse ‘V’, explico, não é de velho, velhice, mas V da Vitória por termos conseguido alcançar, apesar de tudo, a atual geração denominada de Y (também denominada geração do milênio ou geração da Internet, formada pelos nascidos após 1980 ou, segundo alguns, de meados da década de 1970 até o meio do decênio de 1990).
Portanto, conclamo-os, companheiras e companheiros geracionais, a nos congregarmos, pois graças aos progressos médico, sanitário, científico e social não somos mais (geralmente) tratados com impaciência pelos jovens. Assim, devemos nos unir – todos em um desiderato comum, independente da geração antiga à qual pertençamos.
Não podemos nos omitir, pois, enquanto vivos formos, somos responsáveis pelos nossos atos e não nos venham dizer que não temos o direito de transmitir nossos princípios, pois vivenciamos fatos como o nazismo, o fascismo, o comunismo, as seitas religiosas, o aumento do consumo de drogas e essa pressa que pariu os “black blocs” e assemelhados.
O que sei é que os jovens estão, em sua maioria, escolhendo o pior dos caminhos enganosos, como sói acontecer desde que descemos das árvores. O que me revolta é a omissão dos mais velhos, quando creem que os jovens sempre têm razão, apenas por serem - jovens.
Depois não me venham dizer que erramos, quando o erro já foi cometido e não importam mais as desculpas, pois não é mais possível modificá-lo. Enquanto vivos estivermos não podemos dizer “no meu tempo” ou que “o mundo mudou”, pois a isso denomino omissão de responsabilidade. Cada um de nós é responsável por todos. E isto não tem relação nenhuma com o número de anos vividos. As coisas da vida se dão por acúmulo, não por revoluções ou rupturas abruptas. Tenho dito, salvo melhor parecer.
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco. Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE) e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).

quinta-feira, 20 de março de 2014

CASAR COM RAPARIGA É PRA QUEM PODE, COMPANHEIRO



Por Ricardo Alcântara (*)
Há vinte dias que a aliança entre o PMDB e o PT sangra nas ruas sem que se escute de nenhum interlocutor político daqueles partidos uma breve oração cujo conteúdo se refira a nada minimamente relacionado com o interesse público: o seu, o meu, o nosso.
Ali, todas as queixas se reportam ao ‘tratamento’ dados aos aliados. Se você acaba de chegar ao Brasil, vai aí uma tradução para o que se passa: ‘tratamento’ quer dizer ‘verbas’ e ‘cargos’. ‘Cargos’ para viciar os dados e ‘verbas’ para roubar a mesa.
Foi num prostíbulo de poucas regras que o PT conheceu o PMDB. Mesmo assim, decidiu casar com ele de papel passado. Agora, resolveu reclamar da ousadia de seus decotes. Logo ele, que tão rápido aprendeu a pintar as unhas e frequentar as melhores esquinas!
(*) Jornalista e escritor. Publicado In: Pauta Livre.