Por Ricardo
Alcântara (*)
A tentativa, frustrada, de fazer
de seu irmão mais velho, Ciro Gomes, candidato ao senado daria ao governador
duas vantagens: colocaria um potente ‘puxador de votos’ na chapa majoritária e eliminaria
a ‘agenda negativa’ da candidatura Nobre Guimarães ao posto.
Com Eunício Oliveira em voo
próprio, a chance de Cid eleger seu sucessor fica ancorada no tempo de
propaganda e no selo de popularidade do PT. Logo, se quiser tirar Guimarães do
páreo, terá de ceder mais: a candidatura ao governo. A menos que o apelo venha
de cima.
Cid Gomes tem outros problemas. O
maior de todos: não tem candidato. Os disponíveis não têm envergadura para um
embate mais acirrado, à exceção, talvez, de Mauro Filho, mas elegê-lo seria
libertá-lo da condição de figurante, preço que oligarquias não pagam.
E tem mais um: a grande incógnita
eleitoral de 2014 é o comportamento das ruas durante a Copa do Mundo. Uma nova
onda de protestos deixaria qualquer profissional da política de quilometragem
média em potencial estado de execração. Se vier, é faxina na certa.
Para quem até a pouco exercitava
o discurso imperial de que só trataria de sucessão na véspera das indicações, o
governador tem problemas de sobra: não há candidato, ficou sem puxador de votos
e seu principal aliado, PT, quer impor um senador caixa preta.
Para resolvê-los, o irmão mais
novo aposta numa solução do tipo dose única: a indicação de Izolda Cela como
candidata ao governo. Ivo Gomes tem razão e a razão é bem simples: nenhum outro
nome do Pros criaria maiores dificuldades para Eunício Oliveira do que ela.
Izolda Cela reforçaria a aliança
federal: tem o PT dentro de casa (seu marido é prefeito de Sobral), enquanto
Eunício Oliveira haverá de formar palanque mais eclético, buscando apoios
também entre adversários históricos e recentes do Lulismo no Ceará.
Izolda Cela é mulher, o que a
faria potencialmente mais confiável, segundo resulta de sucessivas pesquisas de
opinião. O apelo à eleição de uma primeira governadora no Ceará é aspiração de
contemporaneidade capaz de balançar o coração da classe média urbana.
Não é só: Izolda Cela é Ficha
limpa, blindada pela própria biografia, enquanto o adversário, Eunício
Oliveira, é um cacique político cuja liderança fora construída com a aplicação
dos mais convencionais métodos de cooptação e financiamento de prestígio
eleitoral.
E tem mais: Izolda Cela, bem
sucedida secretária de Educação, entraria na disputa como candidata do
sacrossanto ‘campo social’, enquanto seu adversário é 100% ‘política’, perfil
acabado de profissional do ramo que a média eleitoral urbana potencialmente
rejeita.
Com Izolda, que assina a melhor
vitrine do governo (Educação), o governador tentaria desviar a percepção da
população, negativada na aflição com os problemas de Segurança, onde ele
falhou, para a área onde sua gestão alcançou melhor desempenho. Só vantagens.
Izolda Cela tem dito que não
deseja ser candidata. Para encurtar conversa, alega ausência de vocação. Já
acreditei mais na sua sinceridade, mas como ela já assinou ficha de filiação ao
Pros e renunciou ao cargo para se manter elegível... É assim mesmo que se
começa!
(*) Jornalista e
escritor. Publicado In: Pauta Livre.Pauta Livre é cão sem dono. Se gostou, passe adiante.
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