quarta-feira, 2 de julho de 2014

MAU DELEITE


Pedro Henrique Saraiva Leão (*)
"Para nós humanos, o leite indicado é o de soja, ou aqueles outros vegetais (arroz integral, aveia, amêndoas)"

Produzido pela ingestão de leite de vaca, ou doentio prazer? Assim a professora Sônia Felipe denominou esta infundada, perniciosa idolatria ao leite – a galoctosemia, como denominada por ela – ainda em voga no ocidente. Professora da Universidade de Konstanz, Alemanha, faz coro com outros pesquisadores – Lair Ribeiro (cardiologista e nutrólogo), assim como o português Pedro Bastos, e a paulista – Denise Carreiro modernamente afeitos aos efeitos do leite de vaca, e do leite materno. Como vem sendo só recentemente comprovado, este é o alimento mais perfeito do mundo.
Em programa radiofônico registrado pela BBC de Londres em 21/3/1943, Winston Churchill declarou não haver maior investimento em qualquer comunidade do que “colocar leite dentro dos bebês” (putting milk into babies). Contudo, tal néctar branco em muito difere do oriundo da vaca, este contendo mais de 25 frações proteicas, não digeríveis por 60% do organismo humano. Além disto, o leite bovino contém a proteína betalactoglobulina, comprovadamente a mais alergênica para nosso sistema digestório, incapaz de assimilá-la. Já comprovou-se igualmente que o leite de vaca, por alguns alcunhado de “carne líquida” (por conter três vezes mais proteína) acidifica o pH sanguíneo, sobrecarregando os rins, e aumentando a excreção urinária do cálcio, quando consumido em excesso.

Até pouco desconhecíamos, mas já se provou que o leite das vacarias contribui para as doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio), o diabetes tipo 1, e o câncer da próstata. No leite animal são igualmente detectados 54 tipos de hormônios causadores de doenças degenerativas. Como é contaminado por oxidantes, bactérias e vírus, tornou-se um dos piores venenos para o homem, de acordo com o professor Lair Geraldo Ribeiro, mineiro de Juiz de Fora.
Para meus pacientes acometidos de colites, tanto a ulcerativa crônica inespecífica, como o dito cólon irritável, sempre repeti que leite de vaca só serve para bezerro e para a formação dos dentes. Para nós humanos, o leite indicado é o de soja, ou aqueles outros vegetais (arroz integral, aveia, amêndoas). A mera supressão do leite vacum resulta em 80% de melhora clinica nesses pacientes.

Estudos realizados pela Escola de Saúde Pública de Harvard (EUA), demonstraram não haver relação entre o leite de vaca, e a saúde óssea. Em aparente paradoxo, os norte-americanos ostentam o maior consumo desse leite, mas também a mais alta incidência de osteoporose e fraturas ósseas. O mesmo não se observa nos países mais herbívoros e de menor consumo de leite animal (China, Japão, Tailândia, Vietnan).
Este exagero alimentar, no caso igualmente prejuízo digestivo, é o “calcionismo”, assim batizado pelo professor Lair Ribeiro. Saibam os leitores, entretanto que – mercê de novos enfoques na Nutrição – existem outras fontes ricas em cálcio no inesgotável reino verde vegetal: Couve-flor, brócolis, nozes, cereais, e na farinha de peixe, juntamente com a exposição ao sol por estimular a produção de vitamina D e a absorção deste mineral.
Concluindo estas admoestações, por que não continuarmos mamando até adultos? Seria este o vero leite da mulher amada, o Lieb (amor) Frau (mulher) Milch (leite) dos alemães!

(*) Médico, ex presidente e atual secretário geral da Academia Cearense de Letras.
Fonte: O Povo, Opinião, de 29/6/2014. p.7.

Nota do Editor do Blog: É com prazer que, após três meses da última postagem, voltemos a contar com os belos escritos do caríssimo Prof. Pedro Henrique Saraiva Leão, o qual passou por problemas de saúde, deixando-o temporariamente fora das lides médicas e literárias. A ele, auguramos votos de pleno restabelecimento, para que continuemos a usufruir de seus tão especiais produtos intelectuais.

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