Affonso
Taboza (*)
Na verdade a presidente provocou o país amigo
gratuitamente. Não tinha que se meter naquela guerra sem fim
Foi assim que
porta-voz do governo de Israel qualificou o Brasil: anão diplomático. Teria
acertado em cheio se assim tivesse adjetivado, não o nosso país, mas o atual
governo. E disse mais: “O Brasil é politicamente irrelevante”. Que pancada...!
O desaforo foi resposta à decisão imprudente da presidente da República de
chamar para consultas nosso embaixador em Tel Aviv. Tal ato é encarado como
reprimenda. Na verdade a presidente provocou o país amigo gratuitamente. Não
tinha que se meter naquela guerra sem fim. Até porque o nosso é um país de
imigrantes e grande contingente de patrícios tem origem árabe e israelense. E
aqui vivem em harmonia. Para culminar o vexame, chamou de “desproporcional” a
força empregada por Israel. Ora, bolas...! Na guerra se entra para ganhar, não
para empatar. Como disse o porta-voz israelense: guerra não é futebol onde
derrota, empate ou vitória, pouca consequência traz. E alfinetou:
“Desproporcional é perder de 7x1”! Nocaute... Grosseira e antidiplomática a
resposta de Israel? Ora, foi merecida pois nossa grosseria foi maior.
Perdeu a presidente
oportunidade de ficar quieta. Não dá conta das nossas carências e quer ditar
regra no terreiro alheio. Aliás, nessa área, pior que o atual governo foi o
anterior, do mesmo partido. Mancada após mancada: interveio em eleições de
Honduras, tomando partido de candidato derrotado, só porque com ele se alinhava
ideologicamente; recebeu com festa em nosso chão o presidente de país
antidemocrático, o Irã, merecendo censura da comunidade internacional; junto
com o Primeiro Ministro da Turquia tentou intermediar o chamado Acordo Nuclear
do Irã, peça que a ONU e os países que realmente contam ignoraram
olimpicamente; apoiou o ditador norte-coreano Kim Jong-il, chegando a planejar
envio de alimentos para aquele país, que tinha como prioridade a fabricação e
teste de mísseis no Pacífico; passou dois ou três dias no Oriente Médio
tentando “intermediar” acordo entre árabes e israelenses, coisa que nunca
grandes potências, em décadas, conseguiram: ridículo; submetia-se aos caprichos
dos vizinhos bolivarianos. Ele e a atual presidente morrem de amores pelo
sanguinário Fidel Castro, e sempre que podem vão a Cuba lhe beijar a mão.
Diplomacia nanica!!!
O governo
brasileiro tem o direito de se revoltar com a carnificina do Oriente Médio, mas
daí até se intrometer, vai boa distância. Lembro aos esquecidos que vivemos
também na “Faixa de Gaza”. E a nossa é mais violenta. Enquanto na de lá
morreram cerca de mil palestinos em 20 dias de combates, na nossa, segundo o
Human Rights Watch, morrem assassinados, cerca de 50 mil/ano média aproximada de
2.700 nos mesmos 20 dias. E isso sob as vistas complacentes do governo, cioso
dos direitos humanos dos criminosos. Desproporcional, senhora presidente, é a
luta que trava a sociedade brasileira contra a bandidagem que infesta nosso
país. Com isso a senhora deve se preocupar. Do Oriente Médio tem quem cuide.
(*)
Membro do Instituto do Ceará Fonte: O Povo, Opinião, de 31/07/14. p. 11.
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