Para aqueles que acreditam na existência do Pé Grande e do Yeti, também
conhecido como Abominável Homem das Neves, a notícia pode ser desanimadora.
Cientistas se debruçaram sobre amostras de pelo que teriam sido deixadas
para trás pelo Yeti e determinaram que, na verdade, os fios pertenciam a um
urso ou uma cabra.
Um desapontamento similar espera aqueles que acreditam no Pé Grande, o
correspondente norte-americano do Yeti, no Almasty das estepes da Ásia Central,
e no Orang Pendek, um hominídeo bípede famoso por vagar nas florestas
montanhosas de Sumatra.
As evidências, reportadas no periódico britânico Proceedings of the Royal
Society B, vieram de um teste de DNA em amostras de pelo atribuídas a
"primatas anômalos", um termo neutro usado para estas criaturas
lendárias.
A pesquisa inseriu a biotecnologia no meio de um debate que dura há
décadas.
"De um lado, há vários registros, inclusive de testemunhas oculares
e evidências de pegadas, que apontam para a existência de grandes primatas não
identificados em muitas regiões do mundo", afirmaram os autores do estudo.
"De outro, nem corpos, nem fósseis recentes destas criaturas nunca
foram validados", acrescentaram. "A ciência moderna tem evitado
amplamente este campo", prosseguiram.
Humanos desaparecidos?
Teorias sobre visões de Yetis e similares variam de
neandertais remanescentes e outros ramos menores da árvore genealógica humana,
à espécie de um grande símio, o 'Gigantopithecus'.
Os cientistas, chefiados pelo professor de genética Byan
Skypes, da Universidade de Oxford, enviaram um pedido em maio de 2012 para
museus e colecionadores individuais - inclusive o renomado montanhista Reinhold
Messner - com amostras de pelo que supostamente vieram de "primatas
anômalos".
Eles receberam 30 amostras de pelo em estado bom o
suficiente para permitir um sequenciamento genético. Eles eram atribuídos a
yetis.
Descobriu-se que uma delas vinha de uma cabra
sul-asiática denominada goral ("Capricornis sumatraensis").
As outras duas - uma de Ladakh, na Índia, e a outra do
Butão - revelaram um elo intrigante no DNA com o "Ursus maritimus", o
urso polar.
Os pelos provavelmente vieram de um descendente longínquo
do urso polar ou de um cruzamento local com um urso pardo, sugeriram os
cientistas.
"Se estes ursos são amplamente distribuídos no
Himalaia, eles podem muito bem ter contribuído para a fundação biológica do
lendário Yeti, especialmente se, como relatado pelo caçador que atirou no
espécime de Ladakh, eles se comportam de forma mais agressiva com relação aos
humanos do que as espécies nativas de ursos", acrescentou.
Oito amostras atribuídas ao Almasty vieram do urso-pardo
("Ursus arctos") ou de vacas, cavalos e guaxinins.
Uma única amostra, que se pensava ser de um Orang Pendek,
foi rastreada e revelou ser de um tapir-malaio ("Tapirus indicus").
Descobriu-se que as 18 amostras de Pé Grande tinham uma
ampla ligação com fontes do mundo real, variando do urso-negro americano, do
guaxinim e da vaca a um porco-espinho, e inclusive um lobo, um coiote ou um
cão.
Talvez o grande desapontamento tenha sido um tufo atribuído
ao Pé Grande no Texas, que revelou ser cabelo humano, de um europeu, a julgar
pela análise genética.
Os autores desafiaram a "comunidade de
criptozoologia" - aqueles que acreditam na existência de criaturas
fabulosas e elusivas - a apresentar mais evidências convincentes a apoiar suas
afirmações.
"As técnicas descritas aqui puseram um fim a décadas
de ambiguidades sobre identificação de espécies de amostras de primatas
anômalos e estabeleceram um padrão rigoroso com o qual julgar quaisquer alegações
futuras", concluíram.
Fonte: UOL
Notícias, Ciência, de 1º/07/2014.
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