MOÇOS E VELHOS
Moreira de
Azevedo - "Mosaico Brasileiro", pág. 136.
Um dos assuntos prediletos do Marquês de Maricá, na
feitura das suas máximas e pensamentos, era o confronto da mocidade com a
velhice. Após a leitura de algumas sentenças desse gênero, entendeu um
rapazola, seu conhecido, de apresentar-lhe algumas objeções.- Não as aceito, - declarou o velho filósofo.
E com o seu bom senso habitual:
- Não as aceito, porque o senhor não tem a minha idade e nada sabe a respeito dos velhos; e, se julgo os moços, é com conhecimento de causa, pois já fui moço como o senhor.
CACHORRO NA IGREJA
Ernesto Matoso -
"Coisas do meu tempo", pág. 250.
Tendo entrado para o Senado do Império por haver obtido
um voto, apenas, mais do que o seu competidor, Diogo Velho era alvo, frequentemente,
de alusões depreciativas, por parte dos seus adversários. Certo dia, um deles,
atacando-o, começou:- Sua Excia., que entrou nesta casa não se sabe como...
- Ora, ora! - fez o conselheiro Zacarias, da sua cadeira.
E entre a hilaridade geral:
- Entrou aqui porque encontrou a porta aberta!
A ADORAÇÃO DOS VIVOS
Anais da Câmara
dos Deputados, 19 de dezembro, 1913.
Era em fins de 1913, e a Câmara discutia o projeto de
Martim Francisco, mandando repatriar os restos do Imperador Pedro II, depositados
em S. Vicente de Fora, em Portugal. Orava Pedro Moacir, e a sua oração era um
apelo veemente ao governo, no sentido de ser restituído ao Brasil o corpo do
seu antigo monarca. O país precisava prosternar-se diante daqueles despojos, em
que havia morado a alma de um dos seus maiores cidadãos.E é quando Irineu Machado aparteia, interrompendo o patético do momento:
- O tempo é pouco para adorar os vivos!...
A QUEDA DA MONARQUIA
Ernesto Matoso -
"Coisas do meu tempo", pág. 91.
Foi na noite em que se realizava o baile aos chilenos na
ilha Fiscal, que os republicanos resolveram, definitivamente, o dia e o modo de
derrubar a monarquia, a 9 de novembro de 1889.Conduzido para ali em barca especial, o Imperador desembarcou com facilidade, mas, ao penetrar no edifício, tropeçou num tapete. Correram pessoas a ampará-lo. O monarca equilibrou-se, porém, por si mesmo, e, voltando-se para os que o rodeavam, observou, sorrindo:
- A Monarquia escorregou, mas não caiu!
SÁBIOS DA GRECIA E
DO BRASIL
Moreira de Azevedo
- "Mosaico Brasileiro", pág. 135.
Conversava-se certa vez, no Paço, sobre a facilidade com
que toda a gente, no tempo, discutia os negócios públicos, opinando sobre
coisas que não entendia, quando o Marquês de Maricá teve esta frase:- A Grécia tinha sete sábios; mas no Brasil, só sete é que não o são!...
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927).
Nenhum comentário:
Postar um comentário