Por Padre Geovane Saraiva *
"Nossa
intenção é fazer com que, a esperança vivida e anunciada pelo Augusto Pontífice
se manifeste como ação salvífica, fruto da força e ação do Espírito Santo de
Deus no mundo"
Geovani Saraiva
“Farei surgir um
sacerdote fiel, que agirá segundo o meu coração e minha vontade” (1Sm 2,35). A
imagem do sacerdote, do qual o Livro Sagrado nos fala, nos nossos dias, ninguém
melhor e mais se configura e se identifica, do que o Papa Francisco, quando
afirma: “Quando a Igreja convida a vencer aquela que eu chamei de ‘globalização
da indiferença’, ela está longe de qualquer interesse político e de qualquer
ideologia”, daí seus frequentes apelos de atenção em relação aos necessitados,
num forte desejo de que a justiça e a paz se abracem (cf. Sl 84, 2). Seu
pontificado é de uma importância incomensurável para o mundo, indicando sempre
mais a direção do bem e neste sentido, Francisco é contumaz, ao proclamar a
bondade e sonhar bem alto, em nome do nosso bom Deus, que a superação a extrema
pobreza é possível, na busca ininterrupta da justiça social.
O Senhor Jesus quer
que todas as pessoas se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade, pelo
anúncio e pelo testemunho, também no chamado à conversão e na formação das
comunidades de fé. Neste sentido, o Espírito Santo não cessa de conduzir os
passos do Papa Francisco, fazendo-se irmão e amigo dos peregrinos, migrantes,
refugiados e sofredores de toda natureza, levando aos mesmos a esperança,
marcados que são pela exclusão, ausência de expectativa e empobrecimento sempre
maior, em estreita sintonia com o Concílio Vaticano II, na seguinte afirmação:
“Não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no coração
do discípulo de Cristo” (GS, 200). Nosso livro, “Voz dos não têm voz”, quer
colocar na mente e no coração do povo de Deus a pessoa de Jesus de Nazaré, na
sua de missão de salvar e saciar a fome da pessoa humana, imagem e semelhança
do Criador e Pai, mas de um modo integral, radicalmente presente no Sucessor de
Pedro.
Nossa intenção é fazer
com que, a esperança vivida e anunciada pelo Augusto Pontífice se manifeste
como ação salvífica, fruto da força e ação do Espírito Santo de Deus no mundo,
no qual estamos inseridos, numa didática repleta de graça, de tal modo, que
possamos contribuir para cessar as resistências e ventos contrários.
Como é maravilhoso e
salutar perceber quando as pessoas se sentem envolvidas em luz e confiantes na
proteção divina, tal como rezamos no Livro Sagrado: “O Senhor é minha luz e
salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção de minha vida; perante
quem eu tremerei?” (cf. Sl 27,1). Já São João da Cruz, ao nos assegurar que “No
entardecer da vida seremos julgados pelo amor”, nos propõe um exigente programa
de vida, mas que seja destruída a montanha do egoísmo e seus frutos, nas
palavras do Sucessor de Pedro, a respeito do machismo ao afirmar: “Às vezes
somos muito machistas e não deixamos espaço para as mulheres, mas a mulher é
capaz de ver coisas com os olhos diferentes dos homens”.
Voz dos que não têm
voz quer mostrar aos amigos leitores, que um Papa Francisco é desconcertante,
quando afirma que o “Evangelho não condena os ricos, mas a idolatria da
riqueza, aquela idolatria que os torne insensível ao grito dos pobres. Jesus
disse que antes de oferecer a nossa oferta ao altar, devemos nos reconciliar
com o nosso irmão para estar em paz com ele. Acredito que podemos, por
analogia, estender esse pedido também ao nosso estar em paz com esses irmãos
pobres”. Desconcertante, se olharmos para nossas celebridades midiáticas, ao
anunciar um Evangelho, longe do profetismo, marcados por intimismo exacerbado e
alienador, completamente diferente da missa para sete milhões de pessoas em Manila,
desconcertante até mesmo para o Santo Padre, a ponto de se perguntar: “De onde
esta gente tira tanta energia e são felizes e entusiasmadas, sobretudo, depois
da incessante chuva que caiu o dia todo”, sem esquecer que Francisco ficou
profundamente tocado e comovido com o calor humano, na alegria, fé e esperança
impactantes da população daquele país. Igualmente a emoção invadiu seu coração,
ao se encontrar com as pessoas que tinham sido atingidas pela tempestade
tropical em Tacloban.
Desconcertante também nas
palavras do professor Jardel Silveira da UFC: “Padre Geovane Saraiva segue
firme semeando aos fiéis da Paróquia de Santo Afonso a mensagem diária do
verdadeiro cristianismo, reforçando com amor solidário, enfatizado e vivenciado
pelo Bispo de Roma ao longo desses dois anos de pontificado. O Papa Francisco
tem demonstrado com atitudes concretas, seu amor e apreço pelos empobrecidos,
os quais ocupam os últimos lugares na sociedade. E neste livro, com muita
habilidade Padre Geovane destaca e esclarece à luz do Evangelho inúmeros gestos
de amor do Santo Padre em favor da humanidade. Sonhar jamais foi proibido. O
livro se constitui, por assim dizer: Voz dos que não têm voz, onde somos
convidados a caminhar na direção do grande sonho de Santo Agostinho, na busca e
visão antecipada da cidade celestial: “Dois amores fundaram duas cidades, a
saber: O amor próprio, levado ao desprezo a Deus, a terrena e o amor a Deus,
levado ao desprezo de si próprio, a celestial”. Aguarde-o!
* Geovani Saraiva é escritor, blogueiro, colunista, vice-presidente da Previdência Sacerdotal e Pároco de Santo Afonso, Parquelândia.
Fonte: O
Povo, de 22/2/2015. Espiritualidade. p.11.
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