domingo, 5 de abril de 2015

DOM BOSCO: a atuação pastoral e social


Ainda padre recém-ordenado, em Turim, ele pressentiu que Deus o convocava para consagrar sua vida aos jovens pobres e abandonados, devendo ajudá-los a tornarem-se cidadãos honestos e bons cristãos, por meio da promoção humana e da educação da fé.
Logo iniciou sua obra de educação de crianças, por influência de seu conterrâneo José Cafasso, um sábio padre com quem ele estudara Moral. Dedicou-se aos jovens abandonados da cidade de Turim, “produtos da era da industrialização”, que então iniciava na região. A realidade era difícil para aqueles que largavam o campo em migração à cidade. O que mais chocava Dom Bosco eram as cadeias repletas de jovens. Essa dura realidade o impressionava tanto que decidiu impedir que meninos e adolescentes findassem na prisão.
Os párocos de Turim conheciam o problema, mas esperavam que os garotos os procurassem nas sacristias. Dom Bosco, diferentemente de seus pares, foi ao encontro desses jovens nas ruas, nos botequins e nos locais em que trabalhavam, como lojas de artesãos e os canteiros de obras.
Em 1841, com Bartolomeu Garelli, começou a funcionar o Oratório de Dom Bosco, um oratório bem diferente dos demais existentes. Ao cabo de poucos meses, o oratório tinha 80 jovens. Depois de sucessivas localizações, o oratório consegue se fixar em Valdocco, na periferia de Turim. Em 1847, Dom Bosco sentiu necessidade de recolher os meninos em internatos-escola.
Em 1853, Dom Bosco começou as escolas profissionais. Nesses ambientes, em resposta às necessidades de então, foram criadas as oficinas de alfaiate, encadernação, marcenaria, tipografia e mecânica. Para mestres destas oficinas, Dom Bosco inventou um novo tipo de religioso: o coadjutor salesiano.
Constituiu-se então, a partir de 1854, um grupo de jovens, que recebeu o nome de “salesianos”, em homenagem à São Francisco de Sales.
O internato do Oratório de Valdocco cresceu: em 1861, eram 800 meninos. Mamãe Margarida se desdobrava em trabalhos domésticos e em esforços para arranjar dinheiro, porquanto alimentar e educar aqueles meninos custava caro.
Em 1859, Dom Bosco formou o primeiro grupo de jovens educadores no Oratório. Esse grupo deu origem à Congregação Salesiana, fundada por Dom Bosco em 19 de dezembro de 1859. Em 22 de maio de 1862, aconteceram os votos sacerdotais públicos dos primeiros vinte e dois discípulos.
Mais tarde, em 12 de abril de 1874, Dom Bosco obteve de Roma a aprovação da sua Sociedade de São Francisco de Sales (Congregação Salesiana) que se compunha de padres e irmãos.
Dom Bosco, além fundar e organizar a Congregação Salesiana, foi fundador, em 1872, do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, juntamente com a irmã Maria Domingas Mazzarello, tendo a certeza de que era a vontade de Deus que se ocupasse também das meninas, por meio das irmãs salesianas. Ele também instituiu a Associação dos Cooperadores Salesianos, em 1874, a terceira instituição que se valeria do carisma de Dom Bosco, como membros externos da Congregação Salesiana, convicto de que o maior número possível de cristãos devia unir forças para o bem do próximo, principalmente dos jovens pobres.
Conduziu a construção da Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora, consagrada em 9 de julho de 1868, em Turim, apenas quatro anos após os trabalhos iniciais das fundações, e fundou 59 casas salesianas em seis países.
Expandiu a Congregação para as missões na América Latina, iniciadas em 11 de novembro de 1875, com a partida dos primeiros salesianos para a Argentina.
Escritor fecundo, tendo publicado, em livros, brochuras, panfletos etc., leituras católicas para o povo mais simples.
Dom Bosco viveu, sobretudo, o modo evangélico de educar através da Razão, da Religião e da Bondade, que passou à história como referencial pedagógico denominado Sistema Preventivo, consagrado como o método educativo dos salesianos.
Toda a grande obra de Dom Bosco foi desenvolvida em meio a incontáveis óbices, ao tempo em que se lutava pela unificação e consolidação da Itália, via expulsão estrangeira de áreas sob a ocupação de outros países e na conquista dos estados pontifícios, em um clima fortemente anticlerical, e permeados por querelas intestinas, no seio da própria Igreja, principalmente das autoridades eclesiásticas de Turim, que repeliam as propostas de autonomia da novel congregação.
Para alguém que lhe lembrava tudo o que fez, Dom Bosco respondia: Eu não fiz nada. Foi Nossa Senhora quem tudo fez.
Faleceu em 31 de janeiro de 1888, deixando a seguinte recomendação: “Amem-se como irmãos. Façam o bem a todos e o mal a ninguém. Digam a meus jovens que os espero no paraíso.
Foi beatificado em 1929 e canonizado por Pio XI em 1934. A canonização foi resultado de um longo processo que começou em 1980. Em 1907, Dom Bosco foi declarado venerável e, em 1929, beato. Em 1934, 54 anos depois do início do processo, Dom Bosco tornou-se santo, como já o aclamavam os fiéis da época. O Papa Pio XI, que o havia conhecido na juventude, proclamou a santidade de São João Bosco.
O sonho profético de Dom Bosco, relatado em 1883, concretiza-se na inauguração de Brasília, em 21 de abril de 1960, e precisa ser rememorado no corrente ano de 2015, que assinala os duzentos anos de nascimento desse religioso e educador, que o Santo Papa João Paulo II o chamou de o “Pai e Mestre da Juventude”.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Da Sociedade Médica São Lucas
* Publicado In: Boletim Informativo da Sociedade Médica São Lucas, 11(92): 5-6, março de 2015.

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