Oskar Gröning durante o julgamento que o condenou a 4 anos de prisão. |
Por Alex Heimken
Berlim, 15 jul
(EFE).- Conhecido como "contador de Auschwitz", o ex-membro do
Exército nazista Oskar Gröning, de 94 anos, foi condenado nesta quarta-feira
pela Audiência de Lüneburg, no norte da Alemanha, a quatro anos de prisão por
cumplicidade na morte de cerca de 300 mil judeus no campo de extermínio.
O tribunal
alemão o declarou culpado e superou o pedido da promotoria, que tinha
solicitado uma pena de três anos e meio de prisão, enquanto a defesa pedia a
livre absolvição de Gröning.
A Audiência de
Lüneburg deverá analisar agora se o "contador de Auschwitz" cumprirá
a pena na prisão, devido sua avançada idade e precário estado de saúde, fato
que motivou várias interrupções do julgamento.
O processo
contra Gröning tinha sido aberto em abril com uma ampla confissão do réu, que
admitiu sua cumplicidade nas mortes, correspondentes à chamada "Operação
Hungria" em que mais de 450 mil judeus foram enviados a Auschwitz, dos
quais 300 mil foram assassinados na câmara de gás após a chegada ao campo.
Gröning entrou
na Waffen SS da Alemanha nazista em 1941 e, um ano depois, começou a servir em
Auschwitz, onde se encarregou de apreender os pertences dos que chegavam e de
fazer com que o dinheiro e os objetos de valor expropriados fossem levados a
Berlim.
Sua função era
expropriar o dinheiro, a bagagem e os demais pertences dos que chegavam como
deportados a Auschwitz, com o que contribuiu para o financiamento do Terceiro
Reich.
O julgamento
esteve marcado pelas sucessivas interrupções por causa da saúde do réu e também
pelo confronto com alguns representantes da acusação, familiares das vítimas e
sobreviventes do campo de concentração.
Gröning voltou
a pedir o perdão das vítimas, mas ao longo do julgamento negou ter participado
diretamente da escolha de quem seria enviado às câmaras de gás ou permaneceria
realizando trabalhos forçados.
O processo de
Gröning, 70 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, é considerado um
marco de justiça tardia contra crimes de guerra. Seu precedente mais direto foi
a pena de cinco anos de prisão ditada em 2011 contra o ucraniano John
Demjanjuk, que foi guarda voluntário no campo de Sobibor, na Polônia ocupada.
O processo
contra Demjanjuk foi muito mais longo que o de Gröning e, ao contrário deste, o
acusado não se pronunciou em nenhum momento sobre os crimes dos quais era
acusado, mas assistiu às audiências sempre em silêncio, em uma maca ou na
cadeira de rodas.
Com sua
condenação se criou, no entanto, jurisprudência para julgar por crimes de
guerra não só os que intervieram diretamente nestes, mas também os considerados
cúmplices da maquinaria da morte nazista.
Fonte: Reuters/ EFE/ UOL Notícias, de 15/07/2015.
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