"Sobre a superlotação das cadeias, a solução
seria deixar bandidos à solta, matando a esmo?"
É uma pena. Nossos representantes em Brasília, com
exceções, vivem noutro planeta. Votam projetos de lei importantes alheios aos
anseios de quem lhes deu um voto de confiança. Estão no Congresso como
procuradores do povo, mas se recusam a agir como deseja quem lhes outorgou a
procuração. Daí o descrédito nas duas casas.
A imprensa tem noticiado que cerca de 90% dos
habitantes do País são favoráveis à maioridade penal aos 16 anos. Mas ontem
veio a decepção, a proposta foi derrotada. Lamentável. Mas vêm outras votações
capazes de repor o trem nos trilhos, se os senhores parlamentares se lembrarem
de que não são donos de seus votos.
Mitos correntes: 1) Os menores criminosos são
vítimas da sociedade; provêm de famílias desestruturadas, muito pobres, às
vezes de pais usuários de drogas. 2) A culpa da delinquência juvenil é da
sociedade que não lhes dá oportunidade. É a visão boazinha; em parte
verdadeira, em parte falsa.
Atribuir à pobreza o comportamento criminoso de
jovens nascidos e criados nesse ambiente é uma tentativa míope de simplificação
de assunto complexo. O ambiente é propício, mas o ingresso no mundo do crime
depende da decisão de cada um. Não fosse assim, não haveria mente sã entre os
jovens favelados.
Também é falso atribuir à sociedade a culpa desses
desvios. As oportunidades estão aí, é só correr atrás. E muitos rapazes pobres
conseguem. Mas alguns acham que pegar uma arma e sair matando seus semelhantes
é mais fácil que mourejar um dia inteiro no trabalho e à noite ir pra escola.
Questão de opção. A ditadura do politicamente correto define as cadeias como
locais de ressocialização. Meia verdade. Elas foram concebidas como locais de
punição.
Desculpas: 1) A maioridade aos 16 não resolve a
criminalidade. 2) As cadeias estão superlotadas. Ora, a maioridade aos 16 não
resolve, mas ajuda a resolver. Não há solução única para problema complexo.
Sobre a superlotação das cadeias, a solução seria deixar bandidos à solta,
matando a esmo? Contamina o País uma estranha ideologia que inverte o conceito
de direitos humanos - humano é o bandido, a vítima não.
Novas votações vêm por aí. Espera-se de deputados e
senadores que legitimem sua representação. Cerrem fileira com a maioria, de
costas para os pregoeiros dessa ideologia nefasta, que vem deixando o Brasil de
cabeça pra baixo.
(*) Engenheiro civil e militar, e membro do
Instituto do Ceará.
Fonte: Publicado In: O
Povo. Fortaleza, 2/07/2015. Opinião. p.11.
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