A pressão das entidades médicas, com apoio de parlamentares, levou o
Ministério da Saúde a assumir o compromisso público de reescrever o Decreto nº
8.497/15, publicado pela Presidência da República, em 5 de agosto. A nova
versão do texto deve ser apresentada em duas semanas e será elaborada por uma
comissão composta por representantes do Governo, das entidades médicas e de
deputados federais.
A decisão desta quarta-feira (12) resultou de uma intensa mobilização em
Brasília. Pela manhã, os presidentes do Conselho Federal de Medicina (CFM),
Carlos Vital, da Associação Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso, e de
dezenas de sociedades de especialidades estiveram reunidos com líderes de
bancadas e de partidos. Em encontro com o presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defenderam a necessidade do Congresso intervir para
evitar o avanço da medida.
“Demos um significativo passo para evitar a implantação das medidas
previstas no texto original do Decreto 8497. Para tanto, contamos com o apoio
do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e dos deputados Luiz Henrique Mandetta
e Mendonça Filho (líder do DEM), bem como da maioria das lideranças dos
partidos. No entanto, devemos continuar mobilizados contra esse ato abusivo do
Governo, interagindo com os parlamentares federais de nossos Estados para
apontar os equívocos desse Decreto da Presidência da República. Juntos,
trabalharemos de maneira firme para retirar da proposta do Governo todas as
medidas que causam efeitos deletérios à assistência da população e à
qualidade da formação de especialistas. Não admitiremos a deterioração do nível
da Medicina do País, alcançado ao longo de décadas, com a contribuição das
sociedades médicas e da academia”, ressaltou Carlos Vital.
Se em duas semanas não houver um texto de consenso sobre o tema, o
Presidente da Câmara se comprometeu a colocar - em caráter de urgência - o
Projeto de Decreto Legislativo (PDC 157/15) em votação. Se aprovado,
ele sustará os efeitos das medidas propostas pelo Governo, cujo texto
original, alvo de críticas das lideranças médicas, abre brechas para mudanças
no modelo de formação de médicos especialistas no Brasil.
O PDC foi elaborado pelos deputados Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) e
Mendonça Filho (DEM-PE) a partir dos argumentos apresentados pelo CFM e pela
AMB, além de outras entidades. “Os dispositivos [do Decreto 8.497/15] suplantam
competências da Associação Médica Brasileira e das demais associações médicas,
além da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), entidades legalmente
constituídas que fiscalizam os cursos e certificam como especialistas os
profissionais médicos. Esta patente que as medidas colocadas exorbitam, na
medida em que invadem competências, razão pela qual propomos sua imediata
sustação”, defenderam os parlamentares.
Fonte: Portal
do Conselho Federal de Medicina, 12/08/2015.
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