A médica Lúcia Maria Alcântara de Albuquerque
será uma das homenageadas com o 45º Troféu Sereia de Ouro. Além dela, receberão
a comenda o engenheiro Cid Ferreira Gomes, o médico Elias Giovani Boutala
Salomão e o professor Jesualdo Pereira Farias.
A médica Lúcia Alcântara: uma vida de
combate ao câncer (Foto: FABIANE DE PAULA).
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Antes de ingressar no curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará
(UFC), a então estudante Lúcia Maria Alcântara de Albuquerque já frequentava o
Centro Acadêmico XII de Maio, no campus
universitário. Era movida pela vocação e o interesse pela profissão que
abraçou. Cinquenta anos depois, a médica é referência no tratamento de câncer.
Tanto que o Instituto do Câncer do Ceará, onde a oncologista atua desde 1975,
nominou de "Centro de Radioterapia Dra. Lúcia Alcântara" a unidade do
hospital que ela ajudou a construir.
De início, Dra. Lúcia não escolheu a especialidade em oncologia. O
interesse surgiu em paralelo aos primeiros avanços tecnológicos em prol da
radioterapia. Sua carreira médica, desde então, é indissociável dessa
progressão. "Antes, parecia haver pouco a ser feito pelos pacientes",
recorda. "Hoje, temos uma equipe de médicos e físicos para tratar uma neoplasia,
por exemplo, poupando mais as estruturas vizinhas do organismo. A história do
ICC cresce junto disso. Nós fomos superando os desafios de uma entidade
filantrópica", orgulha-se.
Com uma passagem pelo Rio de Janeiro, onde fez residência médica no
Instituto Nacional do Câncer, e cursou especialização em radioterapia pela
Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ), ambas na década de 70, Dra. Lúcia
reverencia o trabalho do ICC na educação. Destaca os cursos de mestrado e
doutorado em cancerologia do Instituto. E exalta a interdisciplinaridade do
tratamento, envolvendo, além dos médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais,
entre outros profissionais da saúde.
Tratamento
Dra. Lúcia tem a vida pautada como especialista em radioterapia,
reconhecida pela Associação Médica Brasileira e Sociedade Brasileira de
Cancerologia. Dedica-se, entre projetos profissionais, filantrópicos e a rotina
familiar, ao Instituto do Câncer do Ceará (ICC), espaço de referência em
tratamento oncológico no Estado.
Voltada à formação e à clínica, ela teve sua carreira marcada por
títulos e homenagens. Dentre os mais recentes, em 2005 tomou posse como membro
titular da Academia Cearense de Medicina. Em 2009, foi eleita presidente da
Rede Feminina do ICC.
A Rede Feminina, explica ela, movimenta-se no País todo, em apoio aos
pacientes em situação econômica desfavorável. No Ceará, o movimento articula-se
pelo projeto Casa Vida, espaço de apoio que abriga temporariamente pacientes
residentes no interior. "Lá, eles têm não só o acompanhamento médico, mas
contam também com a assistência psicológica e nutricional. Aprendi, durante a
residência no Rio, a conviver com o sofrimento do paciente e de sua família.
Eles ficam muito marcados pelo diagnóstico, pelo selo da doença. Inauguramos
uma nova sede, em novembro. Esperamos que a sociedade se sensibilize para
ajudar: promovemos bazares, festas, para arrecadar recursos e oferecer algo de
melhor para eles", detalha a médica.
Trajetória familiar
Dra. Lúcia é de uma família de tradição na medicina e na política
cearense. O pai, Waldemar Alcântara (1912-1990), médico, também foi governador,
senador, deputado estadual e federal pelo Estado. O irmão, Lúcio Alcântara,
seguiu trajetória similar. Filha de Maria Dolores de Alcântara e Silva, teve
três irmãos: Luiza, Lúcio e Lília.
Enquanto vivia no Rio, Dra. Lúcia começou a namorar o engenheiro Antônio
Carlos Ponte de Albuquerque, com quem se casou e teve dois filhos: Ciro e
Carlos. "Nos conhecemos ainda no Ceará. Ele foi fazer mestrado em Engenharia no
Rio e lá nos reencontramos", lembra. Ela admite que conciliar os
cuidados com a família e a profissão foi um desafio superado com esforço. A
dedicação à família segue com o tempo que ela passa com os três netos.
Todas as terças, Dra. Lúcia conta que a família se reúne na sede da
Fundação Waldemar Alcântara para se confraternizar, além de discutir projetos e
preservar a memória do pai. A instituição é conhecida por sua atuação no campo
da cultura. O espaço, no bairro do São João do Tauape, é o mesmo para onde a
família se mudou depois de viver durante anos no São Gerardo.
A comenda
Dra. Lúcia Maria Alcântara de Albuquerque é o terceiro membro da família
a receber o Troféu Sereia de Ouro. Ela faz questão de lembrar que a comenda foi
entregue ao pai, Waldemar, em 1975; e, em 1997, ao irmão Lúcio Alcântara.
"Fiquei admirada por ser contemplada com esta homenagem. Nunca pensei,
antes, em receber o prêmio, observando o perfil das personalidades que já
receberam antes", conta.
"Esse Troféu Sereia de Ouro que recebo não é apenas meu, mas do Instituto
do Câncer do Ceará. Desde os fundadores, a direção, o corpo clínico e,
particularmente, a equipe de radioterapia. Também dedico a todos os
profissionais de saúde, aos colaboradores do ICC e aos pacientes, sobretudo os
mais humildes, que procuram não só o tratamento, mas o nosso acolhimento", declarou.
Fonte: Diário do Nordeste, de 24/09/17. Caderno 3, p.1.
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