Por José Jackson
Coelho Sampaio (*)
Considera-se que,
ao longo de seus 600 anos de história, o modo de produção capitalista passou
por pelo menos três grandes metamorfoses: mercantil, industrial, financeiro.
Certa tradição histórica, de base marxista, propõe alguns elementos que
caracterizam as fases deste paradigma produtivo.
O capitalismo
mercantil teria como fundamento de poder a propriedade da terra, relações
internacionais pelo modo colonialista e teoria justificadora orientada pela Fisiocracia,
que postula a vida econômica em três dimensões: primário (agrícola), secundário
(indústria) e terciário (comércio e serviços).
O capitalismo
industrial teria como fundamento de poder a capacidade de contratar força de
trabalho, relações internacionais pelo modo imperialista e teoria justificadora
orientada pelo Liberalismo. Tanto esta teoria como sua crítica marxista vão
postular novas dimensões para a vida econômica: produção, distribuição e
consumo.
O capitalismo
financeiro teria como fundamento de poder a propriedade do dinheiro, relações
internacionais pelo modo da globalização e teoria justificadora orientada pelo
neoliberalismo, que postula a vida econômica em três dimensões: intensivo em
pessoas, intensivo em capital, intensivo em C&T&I.
Como o modo de
produção não mudou e as teorias justificadoras não produzem cortes
paradigmáticos, estes esquemas podem conviver e se articular para a construção
de eixos indicadores de monitoramento, desempenho e planejamento. Podem-se
apresentar dois arranjos exemplares dessa complexidade:
primário/produção/intensivo em capital ou terciário/consumo/intensivo em
C&T&I.
Certo marxismo
tornou-se teoria justificadora de uma experiência autoritária de capitalismo de
estado e precisa se libertar desta sombra cruel para retomar sua força
crítico-explicativa. Mas, sem o Marxismo, fica difícil ver, com clareza, que
tais dimensões trindáticas, vez ou outra ressurgindo como novidade, são
descritivas, empíricas, úteis no plano operacional, mas apresentam mínimo poder
explicativo.
(*) Professor titular em saúde pública e reitor da Uece.
Publicado In: O
Povo, Opinião, de 10/10/15. p.8.
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