PROFECIA QUE
FALHOU
Assis Cintra
- "Mentiras Históricas", pág. 95.
Quando Deodoro da Fonseca, destacado para Mato Grosso
pelo governo imperial, regressou ao Rio, estava no poder o gabinete Ouro-Preto,
formado a 7 de junho de 89.
Ferido na sua dignidade de militar e de amigo do trono, o
velho soldado não parecia surdo, dessa vez, ao apelo dos seus camaradas, que o
queriam pôr à frente de um movimento republicano.
A trama transpirou, e foi levada ao conhecimento de
Ouro-Preto, que sorriu.
- Movimento republicano? -
estranhou.
E com desprezo:
- Os netos dos nossos netos, serão governados pelos netos
de Sua Majestade.
A FRASE DE
BADARÓ
J.M. de
Macedo - "Ano Biográfico", vol. III, pág. 48.
Italiano, embora, de nascimento, Libero Badaró sente-se,
ao chegar ao Brasil, atraído pela grande luta que então se travava pela
nacionalização do Império nascente. Arrebatado por uma das torrentes de
paixões, funda, com outros, em S. Paulo, o Observador Constitucional, que
exerce, de pronto, enérgica influência sobre a opinião pública.
Na noite de 30 de novembro de 1830 sai Badaró da
residência de um amigo quando, na esquina, é assaltado por dois indivíduos
embuçados, os quais o alvejam com tiros de pistolas.
Ferido gravemente, é levado para casa. Cercam-no amigos,
discípulos, companheiros. Querem operá-lo, mas ele opõe-se. Médico, sabe que o
ferimento é de morte.
Aproxima-se a agonia. Badaró ergue-se, então, em um dos
cotovelos, e exclama, como iluminado:
- Morre um liberal, mas não morre a liberdade!
MERCÚRIO PARA
TRÊS
Coelho Neto -
"A Conquista", pág. 44.
Era no Rio antigo, primeiros dias da República, últimos
dias da Monarquia. Entrava Paula Ney no teatro Santana, quando foi abordado por
duas mundanas, antigas atrizes, que o arrastaram para uma das mesas vazias afim
de que lhes pagasse alguma coisa.
O boêmio não se fez rogado. Sentou-se entre as duas
raparigas, e, batendo, forte, com a bengala na mesa de estanho, chamou:
- "Garçon"!... "Garçon"!
E à aproximação do empregado:
- Mercúrio, para três!
Fonte: Humberto de Campos. O Brasil Anedótico (1927).
Nota do Editor: Com esta postagem, estamos encerrando a transcrição dos
causos que compõem a obra o Brasil Anedótico, de Humberto de Campos, publicada
em 1927, que usamos nos últimos cinco anos, para marcar o final de cada mês.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário