Salvio Pinto (*)
O câncer da próstata é a quarta causa de morte por
neoplasias no Brasil, correspondendo a 6% do total de óbitos por este grupo. É
o tumor mais prevalente no sexo masculino; atinge 69 mil pessoas por ano, de
acordo com as estimativas mais recentes do Instituto Nacional de Câncer (Inca)
— a cada hora, 7,8 brasileiros são diagnosticados com esta doença. Assim como
em outros cânceres, a idade é um marcador de risco importante, ganhando um
significado especial no câncer da próstata, uma vez que tanto a incidência como
a mortalidade aumentam exponencialmente após a idade de 50 anos. Progride
lentamente e, geralmente, não causa sintomas na fase inicial, deixando o homem
despreocupado.
A prevenção é a arma mais eficiente que temos para a cura do
câncer da próstata. Se o diagnóstico acontecer a tempo, por meio de exames
(toque retal e PSA), a chance de cura é grande, acima de 90%. Mas pesquisa
divulgada em 2015 pela IPCC (Coalizão Internacional para o Câncer de Próstata)
revela que 47% dos homens com câncer de próstata em estágio avançado
desconhecem que tenham a doença.
No Brasil, uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia
envolvendo 3,2 mil homens com mais de 35 anos em oito capitais mostrou que 51%
jamais foram ao urologista.
A falta de conhecimento sobre os sintomas, o preconceito em
relação aos exames, dificuldades de acesso à prevenção e o perfil masculino de
ser o provedor da família são grandes obstáculos ao diagnóstico precoce.
A questão cultural do machismo é muito forte. Há uma
mistificação muito grande em torno do exame de toque retal, que é importante
para o diagnóstico precoce da doença, muito temido pelos homens por causa do
preconceito e da falta de conhecimento sobre o procedimento, que é rápido e
indolor. Sendo essa uma das principais barreiras que impedem que muitos façam a
prevenção ao câncer, junto com o medo e a falta de tempo alegada por homens que
trabalham o dia inteiro.
Sempre alerto aos meus clientes, quando vou realizar o toque
retal, que é melhor “alguns segundos de constrangimento do que vários anos de
sofrimento”, pois quando a doença é diagnosticada avançada, não existe cura e o
tratamento é paliativo.
(*) Urologista. Membro da Academia Cearense de Medicina.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 30/11/2015. Opinião. p.8.
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