Por Celina Côrte Pinheiro
É simplório considerar que os itens de segurança
devam ser desprezados para que não ocorra a redução de adeptos
Há cerca de duas décadas, o uso das bicicletas passou a ser revigorado
nas cidades brasileiras como mais uma possibilidade de exercício. A princípio,
grupos organizados circulavam em horários de menor movimento nas ruas e
rodovias. Mais recente é o estímulo à prática do ciclismo com vista não apenas
ao lazer, mas também à melhoria da mobilidade urbana com preservação ambiental.
Na cidade de Fortaleza, também incluída neste processo de deslocamento
com redução de poluentes, construíram-se as ciclofaixas e ciclovias, algumas
improvisadas em ruas já estreitas para o tráfego habitual. Distribuídas em
vários pontos da Cidade, buscam proteger os adeptos do esporte; contudo, por si
só não bastam. Educar é preciso, embora bem mais difícil do que se adequar às
tendências da modernidade.
Motoristas e motociclistas devem ter em mente a vulnerabilidade dos
ciclistas, respeitando as ciclofaixas e trafegando com menor velocidade, fator
inegável na redução de riscos. Por sua vez, os ciclistas devem se acercar de
medidas protetivas pessoais. Capacetes, tênis, luzes, campainhas, espelhos
retrovisores, luvas e coletes reflexivos são equipamentos mínimos para proteção
dos ciclistas e visualização dos mesmos por terceiros. Há atropelamentos
decorrentes da quase invisibilidade do ciclista, sobretudo em ruas mal
iluminadas.
É simplório demais considerar que os itens de segurança devam ser
desprezados para que não ocorra a redução do número de adeptos do ciclismo. A
segurança e a educação devem estar atreladas à nova tendência, visando à
redução do número de atropelamentos, com ou sem óbito. Quando há vítimas, a
repercussão pessoal, social e financeira é bem maior do que se pode aquilatar.
Caso não ocorra conscientização dos riscos, respeito à vida e mudança de
comportamento de todos os envolvidos nesta guerrilha urbana em que não há
vencedores, a violência no trânsito tenderá a um incontrolável crescimento. O
temor aos acidentes, este, sim, reduzirá o número de praticantes do ciclismo.
Medidas adequadas e urgentes devem ser tomadas para coibir o aumento do número
de vítimas do trânsito e reduzir a gravidade dos acidentes. A violência no
trânsito já se constitui um sério problema de saúde pública e devemos nos
esforçar para não torná-la ainda mais grave por omissão em um trânsito caótico,
desrespeitoso e agressivo. E os pedestres, como ficarão nesta insana disputa
por espaço e poder?
(*) Médica ortopedista e traumatologista.
Presidente da Sobrames-CE.
Fonte: Publicado In: O Povo, de 15/12/2015.
Opinião. p.11.
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