Por David Brooks, do New York Times
Eleições vêm e vão, mas a ciência
social marcha em frente.
Aqui estão alguns recentes resultados de pesquisa que
chamaram minha atenção.
Alimentos orgânicos deixam a
pessoa menos generosa: em um estudo publicado na "Social Psychology and Personality
Science", Kendall J. Eskine fez com que pessoas olhassem para alimentos
orgânicos, pratos caseiros ou um grupo de alimentos de controle. Aqueles que
olhavam para os alimentos orgânicos posteriormente dedicaram menos tempo a
ajudar um estranho necessitado e julgavam transgressões morais mais duramente.
Os homens ficam mais estúpidos
quando mulheres estão por perto: Thijs Verwijmeren, Vera Rommeswinkel e Johan C.
Karremans deram aos homens testes cognitivos após interagirem com uma mulher
por computador. No estudo, publicado na "Journal of Experimental Social
Psychology", o desempenho cognitivo dos homens caiu após a interação, ou
mesmo após os homens apenas preverem uma interação com uma mulher.
As mulheres inibem seu próprio
desempenho:
em um estudo publicado na "Self and Identity", Shen Zhang, Toni
Schmader e William M. Hall deram às mulheres uma série de testes matemáticos.
Em alguns testes elas assinaram seu nome real, em outras elas assinaram um nome
fictício. As mulheres apresentaram um resultado melhor nos testes com nome
fictício, quando a reputação delas não corria risco.
O desemprego elevado pode não
prejudicar tanto os políticos democratas: na "American Political Science Review",
John R. Wright analisou 175 eleições para governo estadual e quatro eleições
presidenciais entre 1994 e 2010. Com outros elementos sendo iguais, o
desemprego elevado beneficia o Partido Democrata. O efeito é maior quando os
republicanos ocupam o governo estadual ou a presidência, mas quando um
democrata é o governador ou presidente, o desemprego elevado ainda beneficia os
candidatos democratas.
As pessoas filtram a linguagem
pelos dedos:
em um estudo publicado na "Psychonomic Bulletin & Review", Kyle Jasmin
e Daniel Casasanto pediram às pessoas para avaliarem palavras reais, fictícias
e neologismos. As palavras compostas por letras no lado direito do teclado
QWERTY foram vistas de modo mais positivo do que as palavras compostas por
letras do lado esquerdo.
Nós comunicamos, processamos e
sentimos emoções imitando as expressões faciais das pessoas à nossa volta: para um estudo na "Basic
and Applied Social Psychology", Paula M. Niedenthal, Maria Augustinova e
outros estudaram jovens adultos que usaram chupeta quando eram bebês, e que,
consequentemente, não podiam imitar expressões faciais tão facilmente. Eles
descobriram que o uso da chupeta está correlacionado a uma menor inteligência
emocional nos homens, apesar do estudo não prever a habilidade de processamento
emocional nas meninas.
Juízes são mais severos nos
períodos eleitorais: os juízes no Estado de Washington são eleitos e reeleitos para o
cargo. Em um estudo para a "The Review of Economic Statistics",
Carlos Berdejo e Noam Yuchtman apontaram que esses juízes dão sentenças 10%
maiores no fim do seu ciclo político do que no início.
Pais novos pagam menos: em um estudo para a
"Administrative Science Quarterly", Michael Dahl, Cristian Dezso e
David Gaddis Ross estudaram presidentes-executivos dinamarqueses antes e depois
de suas esposas darem à luz. Eles descobriram que os presidentes-executivos
geralmente pagam menos generosamente aos seus funcionários após se tornarem
pais. O efeito é mais forte depois que nasce um filho. As funcionárias do sexo
feminino são menos afetadas do que os funcionários do sexo masculino. Os
presidentes-executivos também tendem a dar salários maiores para si mesmos após
se tornarem pais.
Bairros ricos afetam o equilíbrio
mental: em
um estudo para a "Journal of Research on Adolescence", Terese J. Lund
e Eric Dearing apontaram que os meninos apresentam níveis maiores de
delinquência e as meninas apresentam níveis maiores de ansiedade e depressão
quando vivem em bairros ricos, em comparação aos bairros de classe média. A
delinquência dos meninos e os níveis de ansiedade-depressão das meninas eram
menores quando eram de famílias ricas vivendo em bairros de classe média.
Dúvidas pré-matrimoniais são
significativas:
em um estudo na "Journal of Family Psychology", Justin Lavner,
Benjamin Karney e Thomas Bradbury revelaram que as mulheres que têm dúvidas
antes do casamento apresentam taxas significativamente mais altas de divórcio
quatro anos depois. As dúvidas pré-matrimoniais dos homens não estavam
correlacionadas a uma maior taxa de divórcio.
As mulheres usam vermelho para
impressionar os homens: em um estudo para a "Journal of Experimental Social
Psychology", Andrew Elliot, Tobias Greitemeyer e Adam Pazda disseram que
as mulheres que esperam conversar com um homem atraente apresentam maior
probabilidade de escolher uma camisa vermelha em vez de uma verde do que as
mulheres que esperam conversar com um homem não atraente ou outra mulher.
Data de nascimento afeta o sucesso
corporativo:
em um estudo para a "Economics Letters", Qianqian Du, Huasheng Gao e
Maurice Levi apontaram que os presidentes-executivos apresentam uma
probabilidade desproporcional de terem nascido em junho e julho.
Sempre vale a pena enfatizar que
nenhum estudo é determinativo. Muitos estudos não podem ser reproduzidos. Ainda
assim, esses estudos nos recordam de que somos influenciados por milhares de
brisas que permeiam as camadas inconscientes de nossas mentes. Eles nos
recordam do poder do contexto social. Eles também são bons para começar uma
conversa. Se você considera esse tipo de coisa interessante, você deve checar o
blog de Kevin Lewis na "National Affairs". Ele fornece links para
centenas de estudos acadêmicos por ano, dos quais esta seleção foi tirada.
Tradutor: George El
Khouri Andolfato
Fonte:
Do UOL Notícias, de 25/12/2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário