Meraldo
Zisman (*)
Médico-Psicoterapeuta
Para tentar explicar uma
hipotética “fragilidade” imputada ao macho em crise sobram teorias da
psicanálise que versam sobre o determinismo biológico. É como se, para além dos
corpos de machos e fêmeas e dos seus hormônios, não existisse um espírito capaz
de se educar e evoluir.
O homem
imagina que quanto mais dinheiro, quanto mais prestígio, mais macho ele parece
perante a coletividade. E quando não consegue cumprir esse dever imposto pela
cultura, sente-se infeliz, nervoso, vulnerável, perde a confiança e instala-se
a insegurança geradora de tantos sofrimentos.
Do ponto de vista afetivo, não consegue se realizar e menos ainda se
dedicar à mulher e à vida familiar, como gostaria. Continua acreditando ter
sido escolhido por sua posição profissional, social, importância ou outros
equivalentes. Calma. O amor e a emoção ainda existem.
Vamos por
partes.
Nos dias
de hoje, quando o genoma começa a tomar a vez da antiga astrologia, o
temor/fobia leva ao desespero o macho humano.
Deve-se recordar que o homem (sexo
masculino) tem cromossomos XY e as mulheres XX e a estrutura do Y apresenta-se
mais frágil em relação ao cromossomo X da mulher. Nelas, quando um dos X
apresenta algum defeito o outro (sobressalente) pode tomar sua função. Ainda
por cima, há três milhões de anos o cromossomo Y tinha cerca de 1.400 genes,
agora tem menos de 100 e a tendência é diminuir. Essa fragilidade pode levar à extinção do macho em futuro longínquo, bradam os
alarmistas.
Como tudo
agora chega com impacto midiático, não se alegrem os machos heterossexuais pela
possível redução da concorrência, o que poderia indicar um aumento do número de
mulheres disponíveis. Por enquanto nada vai mudar. Essas mudanças são muito
lentas e as notícias, especulativas.
Comentando
sobre o papel do desaparecimento do cromossomo Y o professor Mark Pagel,
biólogo evolucionista da Universidade de Reading e autor de ‘Wired for Culture:
Origens of the Mind’, diz que embora possa haver alguma disputa (muito comum) no
meio acadêmico sobre descobertas, haverá um futuro para os homens
heterossexuais. Embora não seja consolo saber que certos ratos australianos
perderam o Y e ainda conseguem procriar.
Pesquisas
anteriores já haviam sugerido: o cromossomo sexual Y, que só os homens
carregam, possui agora cerca de 78 genes, em comparação com cerca de 800 no
cromossomo X. Não se assustem, ambos estão suficientemente dotados para a
perpetuação da espécie. Desde quando número passou a ser sinônimo de sexo forte
ou frágil! O que vale é a qualidade.
De uma
coisa tenho certeza: É preciso acabar com esse receio de tornar-se um macho
fraco. Mulheres, deem uma injeção de ânimo nos seus companheiros, vocês que
sofreram tantas discriminações. Para se
multiplicar, o Mundo necessita de mulheres e homens. E isto é tão bom! Tomara
que continue assim.
E não me
venham com um comentário do tipo: O que as mulheres não fazem para provar que são
superiores? Nós homens ainda temos muita paciência e sustentamos a evolução
humana com nosso trabalho, organização e inteligência. Aí o machismo é como
qualquer “ismo”, degraça na certa... Desamor é sinônimo de morte.
Somente pelo amor é que voltamos a ter segurança.
***
(*) Professor Titular da Pediatria da Universidade de Pernambuco.
Psicoterapeuta. Membro da Sobrames/PE, da União Brasileira de Escritores (UBE)
e da Academia Brasileira de Escritores Médicos (ABRAMES).
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