Por João César de Melo
Já que, enfim, Lula está sendo enquadrado
pela justiça, creio ser pertinente fazermos um breve resumo do seu primeiro
mandato, no qual foi iniciada a degradação política e institucional que enoja a
sociedade brasileira.
A primeira grande notícia do ano foi o
anúncio de que Lula pagaria a dívida do país com o FMI. Foi assim mesmo que foi
anunciado. Não seria o governo que pagaria a dívida. Seria Lula. Porque Lula
quis. Porque Lula é bom. Porque Lula quer o melhor para o Brasil. Mas as
comemorações não duraram muito. Logo explodiria o escândalo dos Correios, que
levaria ao escândalo do mensalão, escancarando o jeito petista de governar.
Todos os esquemas foram publicados em
jornais e revistas e noticiados na televisão devidamente amparados por vídeos,
documentos, extratos bancários e testemunhos de pessoas ligadas ao PT e ao
Presidente da República. Duda Mendonça afirmou ao vivo e para todo o Brasil que
a campanha de Lula à presidência foi paga com dinheiro ilegal, vindo de contas
no exterior, um crime descrito em lei e que previa – e ainda prevê − como pena
o cancelamento do registro do partido e a cassação da chapa eleita.
Houve quem dissesse que aquele era o fim do
PT e do governo Lula. Alguns petistas bandearam-se para outros partidos da
esquerda. O Ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, respondeu as
acusações dizendo que tudo não passava de uma tentativa de golpe das elites.
Outros esquemas vieram a público. Desvio de
dinheiro em Furnas, na Infraero e na Eletronuclear. Desgraça do PT e de Lula?
Não. Ambos se safaram com extrema desenvoltura. Aos parlamentares, foram
liberados R$ 400 milhões, cifra elevada considerando que o governo repassou a
todos os ministérios, nos cinco primeiros meses daquele ano, R$ 271 milhões.
Apesar da pesquisa divulgada pelo Datafolha
publicada em 5 de junho, que dizia que 65% dos entrevistados consideravam o
governo corrupto, Lula contava com a defesa de sindicatos, artistas,
intelectuais, movimentos sociais e da maioria dos meios de comunicação.
Em discurso transmitido em cadeia nacional,
Lula disse que a corrupção era uma vergonha, mas que nem seu governo nem ele
tinha qualquer relação com isso. Lula assumiu que houve caixa-dois em sua
campanha, porém, disse que seria hipocrisia ser condenado por algo que “todo
mundo faz”.
Os partidos vistos como “oposição”
preferiram se conter para não serem vistos como oportunistas e golpistas. FHC e
Aécio Neves não tiveram vergonha em defender Lula. Na grande mídia, não se contava
nem meia dúzia de jornalistas que se manifestavam contra os métodos coercivos
do governo.
Por conta do escândalo do mensalão, José
Dirceu se viu obrigado a deixar a Casa Civil. Despediu-se do cargo com a
clássica retórica petista: “A elite reacionária quer derrubar o governo
socialista e popular do presidente Lula”. Foi substituído por uma tal Dilma
Rousseff.
Foi nesse ano que aconteceu o Foro de São
Paulo, evento bancado com dinheiro público brasileiro e que reuniu na capital
paulista a mais alta corja do socialismo latino-americano. Foram traçados os
planos para que partidos de esquerda chegassem ao poder noutros países e
acertados acordos de ajuda mútua.
Na França, aconteceu o “Ano do Brasil”. Os
diversos eventos que foram realizados no país justificaram uma verdadeira farra
com dinheiro público brasileiro. Hordas de artistas, intelectuais, de
funcionários públicos, de ativistas e de políticos foram enviadas ao berço da
intelligentsia socialista. Aproveitando-se do clima, o governo brasileiro assinou
mais um acordo em que a França lucrou e o Brasil perdeu: A compra de uma dúzia
de caças sucateados.
O sucesso político de Lula contagiava os
empreendimentos de seus filhos. Fábio Luiz Lula da Silva, conhecido como
Lulinha, teve sua inexpressiva empresa agraciada com a injeção de R$ 5 milhões
por parte de uma grande empresa de telefonia exatamente na mesma época em que o
governo federal revia as regulações do setor.
Quase no mesmo dia, um assessor de José
Genoíno foi preso no aeroporto de Congonhas com R$ 200 mil numa maleta e US$
100 mil na cueca.
No mês seguinte, Antônio Palocci, então
Ministro da Fazenda, foi delatado por um ex-assessor que afirmou que ele
recebia uma “caixinha” de R$ 50 mil por mês de uma empreiteira, quando era
prefeito de Ribeirão Preto.
Nova pesquisa do Datafolha apontava que 78%
dos brasileiros acreditavam que o governo era corrupto.
Lula continuava a ser um paradoxo político.
Mantinha-se forte no governo apesar da maioria da população crer que ele tinha
conhecimento dos esquemas de corrupção que estampavam os jornais. Lula
sustentava-se em três pilares: Militância forte, coesa, bem remunerada e
distribuída em todos os nichos sociais e em todos os níveis do estado; o
aparente desenvolvimento econômico e social do Brasil; Bolsa Família.
Nota do Blog: Optamos por postar
por ano o artigo integral publicado por Rodolfo Constantino no Instituto
Liberal. A bibliografia
recomendada constará na última postagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário