Serge Klarsfeld, 80, um historiador francês e advogado, e
sua mulher, Beate Klarsfeld, 76
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Por Francois Mori/AP
Serge e Beate Klarsfeld são nomeados embaixadores da
prevenção de genocídios. Eles são conhecidos pela documentação de judeus
franceses deportados e pelo rastreamento de fugitivos nazistas.
O casal Serge e Beate Klarsfeld, conhecido pela
documentação de todos os 76 mil judeus franceses deportados na Segunda Guerra
Mundial e pelo rastreamento de criminosos nazistas para serem julgados, foi
homenageado pela ONU nesta segunda-feira (26). Os dois foram nomeados embaixadores
da prevenção de genocídios da Unesco, a agência para a educação, a ciência e a
cultura.
A Unesco elogiou Serge, de 80 anos, e Beate, de 76, pelo
incansável apoio à causa dos descendentes de judeus deportados e pelo
"alerta de conscientização às sociedades para reconhecer suas
responsabilidades históricas e morais" após a Segunda Guerra. "Vocês têm feito mais do que distribuir justiça. Vocês
deram um nome, um rosto e uma história única àqueles que alguém tentou limpar
da face da Terra", disse a diretora-geral
da Unesco, Irina Bokova.
Serge e Beate, também chamados de "caçadores de nazistas",
trabalharão em projetos já existentes da Unesco que visam impedir o genocídio
em lugares como Oriente Médio e África, embora a agência não tenha especificado
as novas funções do casal.
Ambos foram homenageados também pelo governo alemão, na
semana passada, quando receberam a maior condecoração da Alemanha, a
Bundesverdienstkreuz, a ordem de mérito do país. Na ocasião, o embaixador
alemão na França elogiou o casal por "reabilitar
a imagem da Alemanha".
De acordo com Serge, o trabalho tem sido sempre sobre a
"busca pela justiça para as vítimas,
nunca a vingança". Juntos, o casal
pressionou o governo francês a reconhecer a participação do país na deportação
de judeus durante a ocupação. O reconhecimento foi dado pelo então presidente
Jacques Chirac, em 1995.
A alemã Beate, natural de Berlim, e o advogado francês
Serge, filho de um judeu assassinado em Auschwitz, tiveram papel determinante
no rastreamento e na condenação de uma série de membros do alto escalão do
regime nazista. A meticulosa pesquisa empreendida pelo casal auxiliou na prisão
de Klaus Barbie, comandante em Lyon da Gestapo, polícia secreta do Terceiro
Reich. Em 1983, Barbie foi encontrado na Bolívia e entregue às autoridades
francesas.
Bofetão no chanceler
Em 1968, Beate ficou famosa na Alemanha ao dar um tapa na
cara do então chanceler federal, Kurt Georg Kiesinger, durante uma convenção do
partido União Democrata Cristã (CDU). A atitude foi um protesto contra o passado
de Kiesinger como membro do partido nazista.
Graças à atenção que a imprensa deu ao incidente, Beate,
então com 29 anos de idade, contribuiu para que o passado nazista do chefe de
governo se tornasse amplamente conhecido no país. Klarsfeld, contudo, acabou
condenada a um ano de prisão pelo ato --o que mais tarde foi revertido para
quatro meses em liberdade condicional.
Em 2012, o partido A Esquerda lançou a candidatura
presidencial de Beate Klarsfeld em oposição a Joachim Gauck, que acabou eleito.
Coincidentemente, foi o próprio Gauck quem concedeu a ela a condecoração com a
Bundesverdienstkreuz.
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