Naquela tarde fatídica
de 8/07/2014, muitos milhões de brasileiros, postados diante de televisores,
telões etc., pareciam não crer no que seus olhos viam. A seleção brasileira de
futebol era massacrada pelo escrete germânico na Copa da FIFA, em uma sequência
de gols que simulavam um replay de melhores
lances do jogo.
O time alemão bem que
poderia ter alargado o resultado, passando de sete para um número qualquer
contendo dois dígitos, talvez não fazendo isso, como um gesto de delicadeza,
para não humilhar o país anfitrião do torneio ou desonrar o adversário,
detentor de grandes feitos no esporte bretão, em um passado de glórias que fica
cada vez mais distante.
Logo após o retumbante
fracasso do esquadrão nacional, pulularam explicações envolvendo a
desorganização técnica, a falta de entrosamento do elenco, montado no curto
prazo por astros brasileiros de milionárias equipes do futebol europeu, aos
quais se impingiam o excesso mercenário e a carência do brio patriótico.
Para o outro lado,
sobraram os encômios conectados à organização e ao planejamento cuidadoso, que
culminaram na quase perfeição técnica, em que disciplina, determinação e arrojo
se irmanavam para a consecução do objetivo traçado de conquistar a Copa.
Essa lição tedesca,
todavia, não pode cingir-se ao episódio futebolístico, cabendo trazer a lume um
paralelo com a seriedade da política e o compromisso moral que bem distinguem
Brasil e Alemanha.
Em 9/2/13, a ministra
da Educação da Alemanha, Annette Schavan, foi instada pela chanceler Angela
Merkel a renunciar ao cargo, depois de perder o título de doutora pela
Universidade Heinrich Heine, sob a acusação plágio em sua tese.
No Brasil, em julho de
2009, descobriu-se que a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff,
fortificara o seu currículo, robustecendo-o com os títulos de mestrado e de
doutorando da Unicamp.
Essa dupla falsidade
ideológica, que ensejaria a pronta defenestração do cargo ministerial na Vaterland de Goethe, aqui na terra de
tantos heróis sem-caráter não suscitou qualquer penalidade à infratora, que,
aliás, foi premiada e ungida por Lula com a indicação para concorrer à
Presidência da República.
É de se pensar que se o
Brasil houvesse seguido a lição alemã, e estivesse sob a égide da honradez e da
honestidade, os brasileiros não estariam vivenciando hoje um toco-traumatismo,
para expulsar um concepto presidencial teratogênico.
Marcelo Gurgel
Carlos da Silva
Médico e economista
* Publicado, com
pequena redução, In: O Povo, de 30/08/2016. Opinião p.10.
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