Quintino Cunha era um notável poeta. Ficou famoso por motivos menos
nobres é verdade, mas não menos interessantes. As suas respostas ferinas às
provocações, as suas atuações como advogado dos oprimidos e a sua inteligência
invejável e invejada, fizeram dele um mito. Muitas histórias surgiram e foram
atribuídas ao Quintino. Nem todas são verídicas, mas a maioria tem registro.
Aqui estão algumas das mais curiosas e também as suas melhores poesias. Esta
seção pretende fazer justiça ao mérito de Quintino como poeta, já que, como
repentista, é incontestável. Além disso, visa preencher uma lacuna. Até então,
não existia nenhuma alusão ao célebre cearense na internet.
A Mãezinha Cega
Quintino Cunha era um notável
poeta, mas se tornou uma figura lendária no Ceará mais pelas suas tiradas de
espírito. Esses repentes faziam o deleite dos amigos e provocava a inveja dos
gratuitos inimigos.
Antes de se formar em Direito,
advogou como provisionado (advogado sem diploma, porém, autorizado). Quintino
imperava como o melhor. Todos respeitavam o seu talento.
De uma feita, foi defender um
pobre coitado que tinha matado um desafeto numa briga de bar. Deixou até o
promotor comovido quando disse que o acusado era arrimo de família e cuidava
sozinho da sua mãezinha cega de mais de oitenta anos. Por unanimidade o homem
foi considerado inocente, apesar do bárbaro crime.
Na saída do tribunal, um amigo
mais chegado perguntou:
- Quintino, quem é a mãe daquele infeliz?
O notável advogado (então
provisionado) respondeu, para o espanto do amigo:
- Eu sei lá se esse "fie" de uma égua tem mãe!
(Do anedotário popular -
Redação: Ceará-Moleque)
Sabe nadar...
Numa barbearia do centro de
Fortaleza, a palestra lavrava entre fregueses e fígaros (barbeiro, em alusão a
comédia Barbeiro de Sevilha).
O assunto era sobre mulheres
infiéis. Um barbeiro que usava chifres por direito adquirido, disse, em tom
categórico:
- Dr. Quintino, se eu fosse governo, mandava pegar todos
estes "Cornélios convencidos", botava dentro de um navio e mandava a
pique em alto mar.
O poeta olha bem a fisionomia
do fígaro e diz:
- Você diz isso porque sabe nadar...
(Plautus Cunha - Anedotas do
Quintino)
Pergunta
cretina e resposta idem
Um certo senhor, renomado
médico por nome de Álvaro Otacílio Nogueira, sempre ficava à espreita de algum
deslize de Quintino Cunha. No meio de uma conversa entre vários intelectuais
vislumbrou a oportunidade de jogar-lhe uma "casca de banana" e
provocou o poeta dizendo:
- Quintino diz aí três dessas besteiras que tens mania de
falar.
Pausadamente, Quintino respondeu:
- Álvaro, Otacílio, Nogueira.
Fonte: Internet (circulando por e-mail e sem autoria
definida).
Nota: Muitos causos de Quintino Cunha foram
contados por seu filho Plautus Cunha, no livro Anedotas do Quintino. 16a Edição. Fortaleza-CE: Editora Ângelo
Accetti, 1974.
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